Mais um instrumento na luta das mulheres contra a violência, o botão do pânico surgiu a partir de um modelo já em uso em outros países, como nos Estados Unidos. O botão do pânico foi desenvolvido por uma start-up de Curitiba e é distribuído gratuitamente, em Teresópolis, para mulheres que já sofreram algum tipo de violência.
Idealizadora do botão do pânico, Ana Magalhães explicou ao DIA como surgiu a ideia e explica os desafios e conquistas do novo mecanismo no combate às agressões contra mulheres.
O DIA: Como foi que surgiu a ideia do botão do pânico?
Ana Magalhães: Eu fui vítima de violência doméstica, sentia necessidade de apoio, de informação aqui na cidade. E não tínhamos um sistema que alertasse sobre a ameaça de violência. Resolvi me aprofundar mais e me dediquei a estudar a Lei Maria da Penha.
O DIA: Como foi a criação da Ong AMA?
Ana: Fundei a Ama, Apoio a Mulheres Agredidas, junto com a Joselaine da Silva Ribeiro, voltado para violência porque eu também vivi esse drama. Assim, baseado na minha necessidade, percebi que outras mulheres precisavam de apoio. A presença da Josi foi fundamental, porque ela abriu as portas todas as instituições para a AMA chegar a alguns políticos que nos ajudaram muito.
O DIA: Existe um grupo mais vulnerável entre as vítimas?
Ana: As mulheres cadeirantes se tornam vítimas mais frágeis em relação ao agressor que responde à medida putativa. Minha ideia é proteger essas mulheres que são mais vulneráveis por conta da deficiência.
O DIA: Existe alguma estatística sobre o número de atendimentos?
Ana Magalhães: Estatisticamente ainda não temos dados. Mas o que sabemos é que o número de suicídio entre mulheres que sofrem ameaças ou violência é muito alto. Por isso, lutamos também para divulgar as campanhas de prevenção ao suicídio.
O DIA: Como é feito o cadastro na utilização do botão?
Ana: São 5 números de telefones disponíveis para acesso pelo botão do pânico. As mulheres indicam 4 números de telefones, um deles é o meu. Toda vez que o botão é acionado, eu recebo a chamada. Caso precise de ajuda, é feita a ligação e , em pouco segundos, o mecanismo dispara uma mensagem via whatsapp com a localização dessa mulher.
O DIA: Qual o caso que mais lhe chamou atenção?
Ana: Uma vez, eu tive um caso onde uma assistida entrou em contato através do botão. Isso foi à noite e eu fui imediatamente informada. Ela já era vítima de violência. A viatura do 30º BPM chegou em 8 minutos ,depois de tudo isso que aconteceu. Quando chegou na hora, ela desistiu de elevação de levar a ação de denunciar adiante. Isso muitas vezes acontece.
O DIA: E qual foi o desdobramento desse caso?
Ana: A mulher se sentiu com medo e aí o eu tive que fazer todo o meu processo com ela pela passar voltar a confiar em mim de novo, a se sentir. Conseguimos fazer com que ela aceitasse ajuda e hoje em dia mora na casa sozinha.
O DIA: Além da violência física, as mulheres sofrem outras violências e de outras pessoas além dos companheiros?
Ana: São vários tipos de violência, a psicológica é uma delas. Às vezes, acontece dentro de casa, e como a sogra de uma delas. A tortura psicológica foi tão grande que ela me ligava várias vezes de madrugada, dizendo que queria morrer.
O DIA: Como foi a criação da Ama e sua aproximação da Ana Magalhães?
Joselaine da Silva Ribeiro: Eu conheci a Ana durante um jantar. Sabia do trabalho dela com mulheres, e quando fui convidada para ser diretora de eventos, aceitei com muita honra, por poder ajudar vítimas de violência doméstica.
O DIA: A sra. acha que existe uma resistência maior das mulheres de classe média e classe alta em denunciar a agressão?
Joselaine: Ela se sente mais envergonhada, com mais dificuldade do que pessoas de baixa renda. a faculdade de pessoas de trazer álbum e media são são maiores são maiores por causa da sociedade. As mulheres de classes inferiores, têm mais facilidade de chegar a gritar e dizer que precisam de um lugar para morar.
O DIA: As mulheres, de uma maneira geral, sentem vergonha e medo de denunciar o agressor. No seu caso, foi diferente?
Ana Magalhães: Por eu ser uma mulher forte, bem sucedida, muito influente e conhecida na cidade, ele achou que eu nunca teria coragem de denunciá-lo. E aí eu descobri que ele já tinha 6 casos idênticos. Na cabeça dele, ia ficar tudo por isso mesmo. E eu fui trabalhar no salão com o rosto todo machucado, com cacos de vidro. Foi quando fiz a denúncia.
O DIA: Qual o balanço que a senhora tem nesse tempo trabalhando junto à Ama?
Joselaine: O balanço é muito positivo. São centenas de mulheres que o Ama acolheu. E esses mulheres são muito agradecidas, como uma que falou uma frase muito bacana: “Vocês me tiraram do buraco.” Então, quando escuto isso, é muito positivo, é um presente.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.