Maria Bertoche participou de evento eleitoral na Calçada da Fama na última sexta-feira, 23/09Nathalia Schumaker

Professora de filosofia na rede estadual em Teresópolis, no CE Euclydes da Cunha, com mestrado em Ciências Sociais, presidente do Psol Teresópolis, organizou o cursinho Popular Pré Enem de Teresópolis por 4 anos, até a pandemia. Fez parte do coletivo feminista Unas, se mobilizando para convocar audiência pública na Câmara dos Vereadores sobre violência contra a mulher no município, sendo a segunda mulher mais votada na cidade nas últimas eleições de 2020. Candidata à deputada estadual em defesa das mulheres, da educação e da região serrana.

O DIA: Como a sra. pretende combater o tráfico de drogas no município?
Maria Bertoche: Como deputada estadual, a atuação se dá no governo estadual, enquanto a legislação sobre drogas é nacional. Assim, a única medida efetiva é de orientação e fiscalização da política de segurança do governo estadual. Teresópolis não é rota do grande tráfico, mas a violência aumentou muito com o aumento do encarceramento. Além de enfrentar as políticas racistas do governo do estado e fiscalizar a PM, temos que de garantir perspectivas de estudo, cultura e trabalho para a juventude.

O DIA: Qual sua proposta para a saúde no município?
Maria Bertoche: No caso de Teresópolis a questão é grave, visto que não há um hospital público na cidade, um número insuficiente de postos de saúde e a UPA padece com uma administração que sofre muitas críticas da população e de profissionais. Sabemos que o município precisa de um hospital público com porte adequado para as demandas da região e também de ampliação da cobertura de saúde da família. Precisamos combater a violência obstétrica, garantir a saúde da mulher e lutar pela execução de concurso público para o setor, que sofre com a falta de servidores da área há anos, e também brigar pela execução de um plano de saneamento básico. Isso é crucial para garantir mais saúde para a população.

O DIA: Que medidas a sra. entende que sejam necessárias para desenvolver a economia do município?
Maria Bertoche: Teresópolis tem salários muito baixos e péssimas condições de trabalho, seja na área urbana, com pouco incentivo ao comércio e serviços, seja na área rural, com pouco investimento e muito agrotóxico. Precisamos criar condições de desenvolvimento de economia local com foco nos pequenos e médios negócios e fazer estudos que avaliem a viabilidade de uma moeda social serrana. É importante ter uma representante na alerj para lutar pelas necessidades da região, como a garantia de moradia segura, a prevenção das catástrofes climáticas, que atingem a região todo verão, e a maior integração entre os municípios, inclusive pelas estradas, que quando precárias reduzem a eficiência do transporte, aumentam os custos de produção e consumo.
Vias mais seguras e maior oferta de transporte e mais barato ampliam a possibilidade de trabalhos e projetos por toda a região. Defendo, também, a transformação de Teresópolis em um polo técnico e universitário da região serrana. A instalação de um Instituto Federal na cidade, bem como a expansão dos cursos de graduação oferecidos pela UERJ em Teresópolis, permitem conciliar a formação profissional dos jovens da cidade com a pesquisa socioeconômica sobre o município, a região serrana e o estado. Assim, é possível conhecer as demandas econômicas e sociais da cidade e região e qualificar nossos profissionais.

O DIA: Em relação à educação, que leis a sra. julga necessárias para desenvolver o ensino a nível estadual ?
Maria Bertoche: O desenvolvimento do ensino a nível estadual depende do investimento nas instituições de ensino, da valorização dos profissionais de educação e do combate à evasão escolar. A educação é um direito fundamental, por isso, deve estar ao acesso de todos. É necessário ampliar o número de escolas, diminuindo a quantidade de alunos por turma. Desta forma, os estudantes recebem maior atenção dos profissionais da educação e melhor acesso aos recursos da escola. Para dar viabilidade a este projeto, o estado deve voltar a realizar concursos para contratação de mais professores, como também deve ser implementada a Lei do Piso Salarial Nacional Profissional do Magistério.
Fortalecer o ensino médio exige, também, a revogação do “Novo Ensino Médio”. Esta reforma foi feita às pressas em meio à pandemia e comprometeu o conteúdo curricular, as condições de trabalho dos profissionais e as perspectivas da juventude. É necessário lutar por um ensino que valorize a cultura e a ciência, que seja humanista e que não reproduza desigualdades.
A valorização dos profissionais de educação também exige maior investimento nas universidades públicas estaduais. A verba para o ensino superior deve garantir não apenas a manutenção de sua estrutura e pessoal, como também garantir sua expansão, com a ampliação dos cursos oferecidos na região serrana. Com maior presença das universidade públicas podemos implementar políticas amplas de formação continuada para os professores do ensino básico, aumentando a qualidade do ensino. Ainda dentro das universidades estaduais, defendo a criação de núcleos de pesquisa centrados no desenvolvimento social e econômico do estado.

O DIA: Caso eleita, quais serão suas prioridades para o município?
Maria Bertoche: Minhas prioridades para o município envolvem a proteção à mulher, valorização da educação e desenvolvimento das atividades econômicas da cidade. Luto para que as mulheres da cidade, como toda região serrana, contem com serviços de atendimento a mulher eficientes, e que as mães possam ter segurança durante o parto, acesso a creche, estudo e o auxílio do estado. Quero que Teresópolis e a região se integrem e se tornem um pólo educacional, com ensino público de qualidade no nível básico e superior, que seja moderno e atenda as necessidades da região. Me empenho, também, em estimular o desenvolvimento regional e o crescimento das atividades econômicas fundamentais da cidade, como a agricultura familiar, responsável pela alimentação de todo estado do Rio de Janeiro.