A avenida Pelinca, uma dos pontos mais movimentados de Campos, foi bloqueada ao trânsito durante o lockdown total da cidade - Divulgação prefeitura de Campos
A avenida Pelinca, uma dos pontos mais movimentados de Campos, foi bloqueada ao trânsito durante o lockdown total da cidadeDivulgação prefeitura de Campos
Por Leonardo Maia
Campos — A primeira semana de lockdown em Campos cumpriu seu objetivo mais imediato, reduzir consideravelmente a circulação de pessoas pela cidade. Se as primeiras medidas restritivas, adotadas em 20 de março, não produziram a conscientização necessária nos campistas, o “Tranca rua" contra o avanço do coronavírus elevou o índice de reclusão da população de 40% para mais de 60%. Com isso, a prefeitura anunciou a extensão do lockdown por mais uma semana, até o dia 1º de junho, mas com flexibilizações pontuais.
“As medidas de lockdown adotadas nesta semana refletirão na curva da pandemia daqui a 14 dias. O resultado só conseguiremos medir daqui a duas semanas. Para continuarmos tendo resultados positivos é importante que, quem puder, fique em casa”, pede o secretário de Desenvolvimento Econômico Felipe Quintanilha.
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Agente da prefeitura de Campos fiscaliza estabelecimento comercial durante o lockdown na cidade - Divulgação prefeitura de Campos
Quintanilha reforça que a liberação de algumas atividades não é indício de que o pior já passou, nem sinal verde para que as pessoas voltem às ruas. Mas um pequeno relaxamento foi possível justamente pela grande redução de movimentação e pela expansão do número de leitos do Centro de Combate ao Coronavírus (CCC).
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“Entendemos que neste momento isso é possível”, diz Quintanilha. “Com as flexibilizações, esperamos ficar no meio termo entre o percentual atingido antes do isolamento completo e o índice que registramos nesta semana”.
A avenida Beira-Rio, em Campos, normalmente muito movimentada, ficou vazia na primeira semana de lockdown - Divulgação prefeitura de Campos
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Alguns dados reunidos pela prefeitura dão confiança para tomar tal decisão sem um grande impacto negativo sobre o espalhamento da doença em Campos. Nesta primeira semana, o fluxo de veículos caiu 75% na área central, e 65% no município como um todo. No transporte coletivo houve diminuição de 72% no número de passageiros.
O CCC, que antes tinha 19 leitos de UTI e 40 de clínica médica, agora passa a ter 29 e 60, respectivamente. Até o último boletim divulgado pela Vigilância em Saúde, na noite de sábado, Campos somava 465 casos confirmados de coronavírus, com 37 mortes — 26 confirmadas e 11 em investigação.
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As principais vias da cidade, como a Rua Formosa, no Centro de Campos, vão permanecer fechadas - Divulgação prefeitura de Campos
Liberações — No novo decreto, foram liberados algumas atividades da construção civil, o funcionamento de de todos os serviços de saúde, como hospitais, clínicas, laboratórios, clínicas de medicina do trabalho e estabelecimentos congêneres, e atendimento de urgência por empresas que tenham como atividade principal artigos de óptica.
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Proibições — Apesar dessa flexibilização continua vedada a qualquer movimento de pessoas entre as 23h e as 5h; está mantida a proibição de circulação táxis e transporte por aplicativo de outros municípios; e permanecem fechados praças, parques, teatros, e áreas públicas.
Fiscalização — Para que o decreto seja efetivo, a prefeitura intensificou a fiscalização. Com base em dados levantados ao longo do período da quarentena, foram montadas 20 equipes, formados por agentes da Secretaria Municipal de Segurança Pública e do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte, e da Guarda Municipal.
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O secretário de Segurança Pública de Campos, Darcileu Amaral, destaca a complexidade de manter um controle rigoroso do lockdown no maior município do estado do Rio, com mais de 4mil km2 de extensão.
Fiscais da Secretaria de Segurança Pública de Campos fecham estabelecimento aberto irregularmente durante o lockdown - Divulgação prefeitura de Campos
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“O comércio, de forma geral, aderiu ao lockdown, mas há regiões em que ainda se encontra descumprimento”, admite Amaral. “A fiscalização em uma cidade tão grande é um serviço árduo”.
O ritmo do avanço da pandemia do coronavírus em Campos nas próximas semanas, que vai depender em grande parte da compreensão da população a respeito da importância das restrições, vai determinar os próximos passos: mais relaxamento ou mais rigor.
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Para isso será fundamental também a abertura do hospital de campanha prometido pelo governador Wilson Witzel, que descartou ontem o desmonte das unidades emergenciais, como chegou a ser cogitado pelo governo estadual.
“Independentemente das nossas soluções, precisamos que o estado aumente o número de leitos regulados por eles em Campos para assegurar o atendimento regional”, diz Quintanilha.