Davino marcou história em Campos. Com bom humor, venceu a Covid - Jean Barreto
Davino marcou história em Campos. Com bom humor, venceu a CovidJean Barreto
Por Jean Barreto *Especial para O Dia
Campos — Davino Cordeiro deu entrada no Centro de Controle Combate ao Coronavírus (CCC) no dia 18 de junho, aos 109 anos, em estado grave. Ele recebeu alta no dia 6 de julho e deixou o centro de referência aos 110 anos. Davino comemorou seu nascimento e seu renascimento ao mesmo tempo, e espera ter mais aniversários para celebrar, junto com os sete filhos, os 11 netos e os 18 bisnetos. A história de Seu Davino é a mais marcante das muitas histórias de superação escritas pelos sobreviventes da covid-19 em Campos.
As filhas Marinete e Irineia, a neta Luciana, e o filho Daniel (à direita), celebram a vida de Seu Davino e esperam poder passar seu próximo aniversário com a presença dele - Jean Barreto
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“Graças a Deus meu pai se recuperou, vamos agradecer e pedir que ele chegue aos 111 anos, para a gente festejar”, diz o filho Daniel, de 68 anos, que aproveita para fazer o alerta que muitos parecem ignorar. “Acho que isso aí é coisa séria, não é uma gripezinha. Você vê, o mundo todo tá contaminado”.
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Com mais de um século de luta, a força de seu Davino pode ser atestada pela equipe do CCC que o assistiu. Apesar de ter chegado ao hospital em situação grave, ele não precisou ser internado na UTI. Ao sair, foi celebrado como um símbolo de esperança e motivação pelos profissionais do CCC.
“Prestar cuidados ao Seu Davino foi um marco muito grande na minha vida profissional”, frisa a enfermeira Daniela Muniz. “Receber um paciente que entrou no hospital com 109 anos e fez o aniversário de 110 aqui com a gente é muito gratificante”.
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A recuperação de Davino Cordeiro, de 110 anos, emocionou os médicos e enfermeiros do Centro de Combate ao Coronavírus de Campos - Jean Barreto
Davino nasceu em 1910, e recorda de momentos marcantes da sua vida e da cidade. Entre eles, a pandemia da gripe espanhola, que matou milhares no Brasil entre 1918 e 1919. Época em que o pequeno Davino, começou a trabalhar, aos 9 anos, como cortador de cana de açúcar. Mais velho, foi trabalhar na estrada de ferro em Campos, e depois na extração de areia do Rio Paraíba do Sul, quando nem havia o cais da Lapa, reconta ele, inaugurado em março de 1958. Outro marco de Campos que tem a mão de Seu Davino é a Ponte Saturnino de Brito, mais conhecida como Ponte da Lapa, inaugurada em 17 de outubro de 1964.
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“Trabalhei em muita coisa, já trabalhei em linha férrea, trabalhei na usina (de cana), aí depois sai e fui trabalhar na Leopoldina uns tempos. Trabalhei com cavalo e carro de boi. Eu não tenho mais saudade de nada”, ri Davino, que só não consegue apontar a razão da sua longevidade e lucidez.
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“Nem me lembro mais”.