Foto: Arquivo pessoal/reprodução.
Foto: Arquivo pessoal/reprodução. Dentista é acusada de deformar o rosto de pacientes em procedimentos estéticos.
Por Bertha Muniz

CAMPOS - Mais mulheres apresentaram denúncias contra a dentista acusada de enganar e deformar o rosto de pacientes em Campos dos Goytacazes. As denúncias apontam que a profissional prometia aplicar uma substância e aplicava outra mais barata. Pelo menos 40 mulheres de todo o Estado relataram problemas após os procedimentos realizados pela dentista Giselle Gomes. Durante as investigações, a polícia também descobriu que, além de dentista, ela tinha ainda outras fontes de renda como funcionária pública em Campos e na cidade vizinha, São João da Barra.

Entre 2018 e 2020, Giselle foi cedida para a Câmara Municipal de Campos e chegou a ser nomeada para trabalhar no gabinete de dois vereadores. Neste ano, a cessão não foi renovada e ela deveria ter se apresentado, mas não compareceu. Em São João da Barra, município vizinho, ela também é concursada e deveria das aulas para crianças. Ela chegou a pedir uma licença em 2018, que expirou no ano passado. Na cidade, ela também deveria ter se apresentado na secretaria de Educação, mas não foi mais vista, de acordo com o secretário municipal de Educação, Daniel Damasceno.
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“Ela é funcionária nossa de carreira, estatutária, admitida em concurso desde 2011 e atualmente ela se encontra faltosa. Em janeiro, ela gozou férias assim como todos os servidores da Educação, e nos meses de fevereiro março e até o presente momento ela não apareceu pra trabalhar, então, tá tendo sua remuneração toda descontada”, disse o secretário.

O caso das pacientes que tiveram os rostos deformados foi exibido neste domingo (2) no Fantástico. Novas vítimas procuraram a delegacia recentemente, segundo a delegada. “Várias outras vítimas já procuraram a delegacia essa semana. Inclusive nós temos a novidade de um laudo de uma vítima que se submeteu ao procedimento cirúrgico cujo produto utilizado foi o hidrogel industrial, utilizado por indústrias e por agricultores na fabricação de papel, embalagem de alimentos, fabricação de adesivos e outros processos industriais”, disse a delegada Natália Patrão.
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De acordo com a polícia, a dentista vendia procedimentos estéticos com ácido hialurônico, mas aplicava o polimetilmetacrilato, o PMMA, um preenchedor sintético permanente – substância mais barata e mais perigosa. Diversas clientes relataram a insatisfação após os procedimentos frustrados. “Eu passei a ser motivo de chacota. [Falavam] que minha boca tava igual de pato, que eu fui mordida por uma abelha”, contou a personal trainer Camilla Carvalho.

“Eu não quis ver ninguém, com medo de questionamento: ‘ah, pra quê você foi fazer isso? É tão bonita’. Então, eu preferi me isolar”, disse outra vítima, a cabeleireira Lana Velasco.
Depois que as vítimas procuraram a polícia, o Ministério Público denunciou a dentista por lesão corporal gravíssima, estelionato e exercício ilegal da profissão. A Justiça suspendeu as redes sociais e afastou Giselle das funções.
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“Ela substituía produtos químicos pra aumentar o seu lucro na atividade que exercia e, dessa forma, ela acabou desfigurando seus próprios clientes em razão de ganância”, disse o promotor Fabiano Rangel.
Segundo a Anvisa, a decisão sobre a aplicação do PMMA cabe aos conselhos profissionais.
O Conselho Regional de Odontologia diz que a lei permite que dentistas apliquem o PMMA. Como foi denunciada por uma paciente, um processo ético foi instaurado para apurar a conduta da dentista.

“Ela tá com a inscrição suspensa por determinação da vara criminal de Campos, ela no momento não pode então exercer a profissão, ela foi retirada do sistema, mas ela será julgada”, informou Altair Dantas, presidente do Conselho Regional de Odontologia do RJ.

Em nota, a defesa da dentista disse que “poucas pacientes tiveram alguma intercorrência dentro de um universo de quase dois mil procedimentos” e que “os produtos utilizados eram informados aos pacientes”.
Apesar da afirmação da defesa, pacientes dizem que isso não é verdade.
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“Em primeiro momento, ela é amorosa, ela entende o problema do outro. Então, ela realiza o procedimento. Quando a pessoa volta pra revisão e se queixa de alguma coisa, ela se transforma numa pessoa grossa, arrogante, debochada”, disse Andréa Paes, advogada de 25 vítimas.

Com informações do G1.