alémdavida30julARTE PAULO MÁRCIO

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, as doenças mentais e neurológicas atingem aproximadamente 700 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que 23 milhões de pessoas precisam de algum atendimento em saúde mental. Pelo menos 5 milhões sofrem com transtornos graves e persistentes, segundo levantamento da jornalista Luciane Evans.
Para a medicina tradicional, é causada por alterações químicas no cérebro. Para os médicos espíritas, os transtornos mentais têm explicações. Talvez, por isso, a psiquiatria é a área da medicina em que os ensinamentos espíritas mais conseguem aparecer. Aliás, essa área da medicina é a que mais se distancia da medicina tradicional. Questões emocionais desta e de outras vidas entram em jogo. As vidas passadas são o ponto de partida para essa discussão. O transtorno mental é um resquício do passado.
Os médicos espíritas, diante de um paciente com transtorno mental grave, levam em conta as vidas passadas. Para eles, o adoecer é o caminho para cura. Muitos males, como os quadros graves de esquizofrenia, geralmente são de espíritos que, em outras vidas, abusaram muito do poder que tinham, cometeram homicídios ou tentaram o suicídio várias vezes. Quando eles adoecem nesta vida é porque bateu a culpa da vida anterior.
O Espiritismo tem mostrado que os processos mentais seriam frutos da atividade espiritual com repercussão na estrutura física cerebral. O cérebro é apenas o instrumento. Para ocorrer essa integração entre a essência espiritual e a estrutura física, é necessária a existência do perispírito.

O perispírito é o envoltório fluídico que une a alma humana ao corpo físico e, através do qual, o espírito atua na matéria. A Luciane Alves ouviu também o psiquiatra espírita Jaider Rodrigues, que vê seus pacientes por dois vieses: a influência espiritual, que pode ser do próprio paciente - questões do próprio espírito - e, também, as influências externas, que podem ser de outros espíritos que passam a influenciar no quadro mental do paciente.

Geralmente, os transtornos quando se manifestam, podem ser interpretados como resultado do que se fez em outra vida. Não se trata, contudo, de um castigo divino. Faz parte do processo de evolução daquele espírito. Ouvir vozes pode ser, sim, um espírito falando. A obsessão é a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral sem perceptíveis sinais exteriores até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. A obsessão ocorrerá toda vez que alguém, encarnado ou desencarnado, exercer sobre o outro influência mental negativa, continua Luciane Alves.

Há vários tipos de obsessão, sendo o mais grave o de subjugação, em que o obsessor interfere e domina o cérebro do encarnado. A subjugação pode ser psíquica, física ou fisiopsíquica. Assim, as doenças mentais ou físicas podem sofrer influências externas. Um dos tratamentos indicados são os passes, idas ao centro espírita e sessões de desobsessão, em que os médicos médiuns ajudam os espíritos desencarnados e encarnados a receber esclarecimentos, para que mudem para hábitos e atitudes mentais mais saudáveis. Segundo Francisco Cândido Xavier, ao psicografar a obra de André Luíz, o processo obsessivo não é uma doença; é simplesmente um reflexo de mentes doentias que se unem. Ele não é uma causa, é o efeito de um mal anterior.

Nesses casos de transtornos mentais, além do conhecimento espírita, medicamentos são usados, segundo apurado pela Luciane Alves. Nem sempre só medicação traz alívio. No Hospital André Luiz, em BH, que tem 45 anos de funcionamento, sendo referência para casos psiquiátricos, os pacientes são de todas as crenças, sendo o diferencial da unidade o tratamento espiritual. Há no hospital 350 funcionários que trabalham voluntariamente. Com autorização do paciente ou da família, aplicam os conhecimentos do espiritismo.

É o caso da depressão, que afeta cerca de 35 milhões de pessoas no Brasil. É uma doença que demarca a grande rebeldia do espírito. É o espírito que, não se contentando com a vida que Deus lhe deu, dissesse que já que não tenho a vida que quero, não aceito a vida que tenho. Se o paciente der espaço, estimula-se a relação com Deus e o hábito da oração. É óbvio que os pensamentos negativos também contribuem para o quadro.

Outro mal apontado pelos médicos é o de Alzheimer. Assim como a medicina tradicional vem tentando entender essa doença que afeta a memória do paciente, o Espiritismo também busca suas explicações. Quando ocorre o Alzheimer, é como se fosse uma oportunidade para que essa pessoa chegue mais "limpa" espiritualmente no outro plano. E para os familiares, é uma prova de paciência. O Espiritismo começa a perceber que as pessoas portadoras do mal foram pessoas apegadas a bens materiais e muito vaidosas, que precisam do desapego, do "esquecimento", marca da doença, para evoluir e fazer uma limpeza na alma.

Os médicos espíritas passaram a perceber, por meio de estudos e casos clínicos, que muitos pacientes que desenvolvem algum transtorno mental sofrem influência da sua vida anterior. No caso da esquizofrenia grave tem-se percebido que esses espíritos, em vidas passadas, cometeram alguma transgressão às leis divinas e nesta vida, sentiram o peso da culpa. O paciente pode sofrer ainda influência de outros espíritos que tiveram alguma ligação com ele nas outras vidas.

Para os médicos espíritas, a depressão atinge aqueles espíritos rebeldes, que não estão satisfeitos com a vida que Deus lhe deu. Assim, se abrem para os pensamentos negativos e as influências externas que podem contribuir para o agravamento do quadro.