Recebemos o questionamento de uma leitora que indaga se alguém pode ter sua mediunidade suspensa, mesmo nem sabendo se é médium. Antes de tudo, vamos deixar claro que a mediunidade é inerente ao ser humano. Todos a possuem, em maior ou menor grau. Costumamos chamar de médium a pessoa através da qual o fenômeno ocorre, consciente ou inconscientemente. São manifestações evidentes, ostensivas, sejam de natureza física ou intelectual, lembra Edvaldo Kulchesky. Tanto isso é verdade, que mesmo aqueles que nada conhecem, e até contrários ao espiritismo a possuem e, por seu intermédio, ocorrem fenômenos sem saberem que são deles a causa.
E por que alguns têm o dom da mediunidade? É uma missão divina concedida porque os escolhidos precisam dela para se melhorar, para ficarem em condições de receber bons ensinamentos, de praticarem mais o amor ao próximo e a caridade. A mediunidade deve ser encarada como uma oportunidade que Deus oferece à criatura.
A mediunidade não é um privilégio. Por isso, os que mais necessitam são os que possuem esse dom. Essa é a razão pela qual os médiuns não devem se considerar melhores que outras pessoas, nem tampouco a mediunidade ser motivo de vaidade e orgulho. A mediunidade é trabalho, é serviço, é missão a ser cumprida.
Só que há médiuns que manifestam desagrado ao uso de suas faculdades, que desconhecem o valor da graça que receberam, salienta Kulchesky. A mediunidade é um instrumento de redenção. Ao usar esse dom com dignidade e correção, temos a oportunidade de exercitar as virtudes cristãs como a humildade, o perdão, o amor e a caridade.
Sendo uma faculdade como outras que possuímos, pode acontecer de sofrer interrupções, sendo suspensa temporariamente ou nunca mais funcionar. A suspensão acontece por quatro razões básicas: mostrar ao médium que ele é apenas instrumento; pela forma de conduta do médium; quando a mediunidade é transformada em profissão; ou quando a mediunidade serve ao médium como futilidade.
Quando os espíritos deixam de comunicar-se, o fazem para provar ao médium e a todos que eles são indispensáveis, e que sem a sua vontade, nada se obterá. Em resumo: é para provar ao médium que ele é um simples instrumento e que sem a participação dos espíritos nada conseguirá.

Outra razão para a suspensão da mediunidade se prende à forma pela qual o médium vem se conduzindo, deixando a desejar sob o ponto de vista moral. É quando o médium não está correspondendo às instruções dos espíritos. Segundo Edvaldo Kulchesky, o espírito verifica que o médium já não corresponde às suas visitas e já não aproveita das instruções nem dos conselhos que lhe dá. Por isso, afasta-se em busca de um protegido mais digno.

Outra razão para a suspensão da mediunidade é quando ela é transformada em profissão. Os ‘profissionais’ da mediunidade não se constrangem em receber dinheiro, presentes, favores, privilégios ou até mesmo dependência afetiva ou emocional.
Quando o médium se serve da faculdade mediúnica para atender a coisas fúteis, com propósitos ambiciosos e desvirtuados, a mediunidade é suspensa. Infelizmente, este desvirtuamento da verdadeira prática mediúnica existe em larga escala. Mais cedo ou mais tarde, tais médiuns terão que prestar contas. A suspensão pelas advertências acima é por algum tempo e a faculdade mediúnica volta a funcionar, desde que cesse a causa que motivou a suspensão.
Existem outras razões para suspensão do dom. São razões benévolas, motivadas por doença ou esgotamento físico do médium, lembra Kulchesky. Ocorre como um verdadeiro benefício ao médium quando debilitado por doença física, fique à mercê das entidades inferiores.
Quando as forças do médium estão esgotadas e seu poder de defesa fica reduzido. Para que não caia como presa fácil nas mãos de obsessores, sua faculdade é suspensa temporariamente, até que volte ao seu estado normal e possa exercitar com eficiência.
Os mentores espirituais não abandonam o médium que tem a sua faculdade suspensa. O médium se encontra na situação, por exemplo, de uma pessoa que perdeu temporariamente a visão e, por isso, não deixa de estar rodeada de seus amigos, embora impossibilitada de os ver. A interrupção da faculdade nem sempre é uma punição.

Tanya Nunes