Afinal de contas, o que acontece durante o sono? É durante o sono que recebemos conselhos dos amigos espirituais, que procuram nos afastar do mal, nos fortalecendo moralmente. Ao despertarmos, mesmo não nos lembrando deles, ficam no fundo de nossa consciência, em forma de intuições.
Outra atividade que ocorre durante o sono: executar trabalhos no mundo espiritual, sob a coordenação de espíritos superiores. Nesse tipo de sono, é comum acordamos com uma deliciosa sensação de bem-estar, de alegria, destaca Edvaldo Kulshesky. Isto ocorre com os que sabem usar bem a estadia breve no mundo espiritual, executando trabalhos de relevância espiritual.

E quando acordamos tristes, com uma espécie de ressentimento nos nossos corações, sem causa aparente, é porque tomamos conhecimento da longa estrada que ainda nos espera para alcançar nossa evolução espiritual. Quando penetramos no mundo espiritual através do sono, temos sempre ideias novas, o que pode ser interpretado como intuição.
Outros valem-se da facilidade de locomoção para realizarem viagens não só na Terra, como também às esferas espirituais que lhe são vizinhas, reunindo-se com amigos espirituais. Assim, podemos visitar nossos amigos desencarnados e com eles, passarmos momentos enquanto nosso corpo físico repousa. Por isso, a sensação fantástica de termos estado com familiares ou amigos que já se foram.
Durante o sono, entretanto, muitos ficam num estado de entorpecimento. É quando os espíritos não se afastam do lado do corpo que se encontra em repouso. Os espíritos ficam junto ao leito, como se estivessem adormecidos. Outra experiência durante o sono que pode parecer desagradável, mas que é útil, é quando nos encontramos com os inimigos (da encarnação atual ou das encarnações antigas) para colocar as diferenças em pratos limpos.

Os mentores espirituais procuram aproximar os inimigos, a fim de induzi-los ao perdão mútuo, pontua Kulshesky. Extinguem-se assim, muitos ódios. E inimigos se tornam amigos. O espírito semi-liberto pelo sono facilita a extinção de ódios e a correção de situações desagradáveis.
O problema é que alguns, durante o sono, continuam com suas preocupações materiais, não aproveitando a oportunidade de irem ao encontro dos bons espíritos. Ficam alheios, nada vendo, nada percebendo do mundo espiritual no qual ingressam por algumas horas. Comportamento semelhante têm os que sentem satisfação em sentimentos inferiores e vícios. Quando se veem semi-libertos do corpo pelo sono, procuram lugares ruins, onde predominam os vícios, para darem vazão às suas paixões inferiores.

Os sonhos espíritas, isto é, nos que nos liberamos parcialmente do corpo quando gozamos de maior liberdade, são os retratos de nossa vivência diária e de nossa evolução espiritual. Edvaldo Kulshesky lembra que eles refletem nossa realidade interior, o que somos e o que pensamos. O tipo de vida que levarmos durante o dia determinará invariavelmente o tipo dos sonhos que a noite nos oferecerá no sono. Dorme-se, portanto, como se vive.  Os sonhos são o retrato emocional de nossa vida moral e espiritual.
A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas para nosso autodescobrimento, mas devemos ter cuidado com as interpretações. Há sempre um forte conteúdo simbólico em nossas percepções psíquicas que nos chegam acompanhadas de emoções e sentimentos.

É óbvio que, ao despertarmos, se nos sentirmos envolvidos por emoções agradáveis, é porque vivenciamos uma experiência positiva durante o sono físico. E se, ao contrário, as emoções são negativas, é porque nos vinculamos no sono a situações e espíritos inferiores. Para termos um bom sono, que ajude o nosso espírito desprender-se com facilidade do corpo, lembra Elizeu Rigonatti, é preciso lembrar que o mal e os vícios impedem o espírito de se desprender da Terra.
Quem opta por ações e atitudes negativas durante o dia - embora seu corpo durma à noite -, seu espírito não terá forças para se desprender do corpo. A excessiva preocupação com os negócios materiais também dificulta o espírito se desprender.
Através do sono, viajamos para colônias espirituais onde desfrutamos da companhia de entidades elevadas, recebendo ânimo para a luta diária. Por isso, é de grande valia a maneira pela qual passamos o dia, sempre cultivando bons atos e pensamentos, evitando a ira, o rancor e o ódio. E de manhã, nossas almas, ao retornarem ao corpo físico, é quando devemos agradecer pela noite concedida de repouso ao nosso corpo e pela liberdade ao nosso espírito.
Tanya Nunes