Repórter do SBT é intimidada ao vivo por dois homens e encara
Repórter Branca Andrade é intimidada por supostos seguranças quando fazia matéria ao vivo sobre greve do BRT, no terminal Alvorada. Foto: Reprodução SBT Rio - Print de vídeo do SBT Rio - Branca Andrade
Repórter Branca Andrade é intimidada por supostos seguranças quando fazia matéria ao vivo sobre greve do BRT, no terminal Alvorada. Foto: Reprodução SBT RioPrint de vídeo do SBT Rio - Branca Andrade
A repórter Branca Andrade, do SBT Rio, estava ao vivo contando os detalhes da paralisação dos funcionários do BRT. Quem apresentava o telejornal local é a também colunista do O DIA Isabele Benito.
De repente, dois homens, que se identificaram como seguranças, mas estavam descaracterizados, decidiram atrapalhar a gravação, em um ato claro de cerceamento à imprensa e de ataque à livre expressão.
Ao contrário do que muitos fariam, por um também entendível temor, Branca enfrentou e denunciou. Tudo ao vivo. Truculentos, os homens continuavam a empareda-la a ponto de assistirmos uma cena lamentável: o cinegrafista Edson Santos, outro gigante, tentando encontrar a repórter enquanto os brutamontes fechavam o ângulo.
Quando assisti, busquei pensar imediatamente com a cabeça de quem pratica a ação. "Ué, por que não atacaram o cinegrafista? Por quê não tamparam a lente da câmera?", me questionei. "Será que não sabiam que estava ao vivo? Será que pensavam que Branca estava gravando o que seria exibido depois?", continuei com meus botões.
É nesse instante que também floresce o gigantismo de Branca. Não é fácil ser intimidada(o). Não é fácil ser intimidada (o) por quem você desconhece. Não é fácil ser intimidada(o) por quem você desconhece e aparenta estar disposto ao que for preciso para te impedir.
Coloque nesse molho um tempero ainda mais amargo: a atitude dos dois homens, ao vivo, para uma audiência de SBT, nos faz refletir que ambos não temem a punição. Era essa realidade que assombrava Branca na hora do almoço de sexta passada (25).
Com o microfone em mãos, a grande mulher, a grande repórter, encarou o machismo, a violência e fez o que o bom jornalismo nos ensina. São minutos angustiantes, de trancar o fôlego.
GRAVÍSSIMO:
A nossa repórter, Branca Andrade, teve o trabalho interrompido ao vivo por homens sem identificação no terminal Alvorada, na Barra da Tijuca.#sbtriopic.twitter.com/ZJQaJkVLZj
Com o uniforme escolar levemente folgado, Branca entrou na última sala do terceiro andar do Colégio Zaccaria, no Catete. O ano era 1999, época que apenas os ventiladores de teto refrescavam nossa cuca e que alguns professores ainda fumavam na boca do corredor.
Inteligente e participativa, a então estudante gostava de literatura e filmes. Fizemos inúmeros trabalhos em dupla ou em grupo. Bem mais velho, percebo que Branca sempre atravessou os mais diferentes públicos e assuntos sem perder o interesse. E sem ser interessante.
Certa vez, para um trabalho de língua portuguesa, reproduzimos a "Escolinha do Professor Raimundo". Por total inaptidão em interpretar, me sobrou a dura missão de ser o "Zé Bonitinho". As professoras adoraram, não por mim, evidente, e ampliaram o mico histórico.
Como acontece normalmente (e infelizmente), a universidade chegou e, apesar de sermos da mesma profissão, os caminhos deixaram de se cruzar. Acompanhei o trajeto dela à distância, como milhares de fãs e espectadores.
O vigor continua o mesmo de mais de duas décadas. A inteligência também. Que orgulho!
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Dedo na Cara
A jornalista Isabele Benito tem um bordão famoso e intimidador. No dia 25 de fevereiro de 2022, o público entendeu que não é só com a apresentadora que é "dedo na cara".
O Rio agradece.
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Quem são esses homens?
Essa pergunta que vai ser feita algumas vezes às equipes de Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, do coronel Luiz Henrique Pires, secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, e da Rio Ônibus.
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