Eu fiquei maravilhado porque estávamos e ainda estamos passando por uma baixa em vários setores da sociedade. Tudo parado pela pandemia. Me senti no oásis em pleno deserto e me senti uma criança com o presente de Natal na manhã seguinte. Fique nas nuvens e senti uma alegria enorme porque eu adoro trabalhar, adoro atuar.
Essa pergunta é até engraçada. Eu estava escalado para fazer o Faraó do Egito e estava experimentando o figurino, gostando das roupas e de toda a caracterização. Só que tinha alguma coisa me incomodando e eu não sabia o quê. Depois, eu vi que era a minha cara de judeu. Eu sou descendente de judeu marroquino. O meu pai é judeu, o pai dele é de Marrocos e eu saí com essa cara linda. E aí entrou um dos diretores e eu perguntei: 'você não acha esquisito eu fazer um faraó com essa cara de judeu?'. E aí ele teve um insight de trocar o meu personagem! Me colocou para fazer o Rei do Sodoma e colocou o André Ramiro para o Amenemhat III. Acabou caindo como uma luva porque juntou duas coisas: eu fazendo um papel forte e pesado e a primeira vez que faço uma novela. Não conto 'Malhação' como uma novela. Estou tendo a honra de trabalhar com a Beth Goulart, que faz a minha rainha Jaluzi.
Eu não interpreto vilões sempre (risos). Eu gosto de pensar que eu tenho um leque de possibilidades. Mas, eu vou te confessar: fazer papel de vilão é mais gostoso.
Tivemos sim uma preparação. Tivemos aulas de história e como eu amo, absorvi tudo, estudei e li muito. Eu sou viciado no History Channel porque gosto de saber das nossas raízes. Se a gente não lembrar de olhar para trás, a gente pode cair nos erros do passado. A humanidade tem muito o que aprender com si mesmo e tem umas lições que a gente não pode esquecer.
De jeito nenhum (risos). Porque se for qualquer coisa parecida com o Carnaval na Farme de Amoedo, eu dispenso. Eu detesto caos, detesto anarquia e eu preferia morar numa cidade mais comportadinha e que não é o caso do Rio de Janeiro. Mas, a gente vai tentando.
Eu penso o seguinte: o nosso passado é muito violento e as pessoas precisam saber sobre os nossos ancestrais, sobre a nossa evolução social e cultural. Essas cenas chocantes aconteceram, sim, e fazem parte. É bom saber do passado, entender e assimilar.
Com certeza. O Bera é um dos personagens mais pesados e carregados. Essa pergunta me faz lembrar um outro personagem de uma peça teatral do Jefferson Miranda, chamada '7 x² + Y - Uma Parábola que Passa pela Origem' e eu fazia um personagem que evolui. Começou como uma ameba, passou por peixe, depois um dinossauro até chegar ao homem e ele carrega um peso de milênios e milênios. Foi outro personagem pesado na minha carreira e eu gosto. Quando a gente faz esse tipo de personagem pesado, a gente costuma encontrar lugares que não sabia que existiam dentro da gente mesmo.
Várias. Mas prefiro não entrar em detalhes (risos).
Foi o que mais marcou. Marcou pelo seu carisma, pelo dom divino da pedagogia, que é o saber ensinar e ter o interesse de aprender. Todo mundo na vida já teve um professor assim, um professor espetacular. Até hoje as pessoas me chamam de professor nas ruas e eu gosto. É o sinal de um bom trabalho.
Foram alguns fatores juntos e que acabaram resultando numa decisão de encerrar um ciclo. Fiz 'Globo Ciência', como Galileu, fiz 'Malhação' por sete anos e eu acho que estava na hora de fechar um ciclo. É necessário se fechar um ciclo para evoluir, para experimentar coisas novas. Claro que eu fiquei triste. Tenho uma saudade gostosa da Globo e do pessoal com quem eu trabalhei nos produtos de lá. Guardo tudo com carinho e são memórias boas.
Nasci nos Estados Unidos e vim para cá com 16 anos. Eu gosto dessa coisa multicultural do Brasil. Na minha época lá, as pessoas adoravam ser americanos, eram nacionalistas do tipo 'somos os melhores' e aí eu tive a chance de conhecer as minhas raízes brasileiras e gostei. Meus pais são brasileiros, são imigrantes e se conheceram nos Estados Unidos. Desde pequeno eu vinha ao Brasil para visitar meus avós. Eu me encantei com o povo, com a cultura, com a miscigenação. Fiquei maravilhado. Totalmente diferente dos americanos, que são menos calorosos.
Me arrependo de algumas escolhas, mas no topo da lista foi ter roubado um cigarro da minha mãe. Eu era moleque, detestava cigarro e, hoje, ela parou e eu sou louco para poder parar também. Cigarro, sai fora da minha vida.
Não sou muito fã de remakes. Acho que tudo tem seu tempo natural de vida, seu ciclo e quando você faz um remake, você caiu no perigo de não ser tão bom quanto o original. Ninguém gosta de café requentado. Café fresquinho é sempre melhor.
Não faço dublagem há muito tempo e estou meio parado nesse campo de atuação. Adoro dublar. O que eu mais gosto? Atuar. Se bem que, quando você está dublando, está atuando também. Só que sem público na sua frente. Eu gosto dessa ligação com a pessoa, o espectador. Essa coisa de pegar na mão e levá-lo para uma aventura, contar uma história bem bacana. O feedback é imediato. Cinema, teatro e televisão tem isso e eu trabalho em qualquer um dos três. O meu xodó? Cinema.
Olha... ele é fogo na roupa. Não sei o que vocês podem esperar. Eu só sei que eu estou muito ansioso por conta do peso do personagem na trama e quero agradecer os meus parceiros de cenas. Estamos todos juntos na telinha e tem que ser um balé e nesse balé, nós estamos entrosadinhos. Estou com frio na barriga.
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