Atenta as mudanças do seu tempo, a Igreja celebra hoje, no Domingo da Ascenção do Senhor, o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Há 56 anos, instituído durante o Concílio Vaticano II, os pontífices escrevem uma mensagem para essa data. Neste ano, o Papa Francisco escolheu como tema “Escutar com o ouvido do coração”.
No texto, o Papa alerta que mesmo tendo ouvidos perfeitos muitas vezes não conseguimos escutar o outro, pois existe uma surdez interior, pior do que a física. De fato, a escuta não tem a ver apenas com o sentido do ouvido, mas com a pessoa toda.
A verdadeira sede da escuta é o coração. Santo Agostinho convidava a acolher as palavras não exteriormente nos ouvidos, mas espiritualmente nos corações. Nessa perspectiva, a primeira escuta a reaver quando se procura uma comunicação verdadeira é a escuta de si, das próprias exigências mais autênticas, inscritas no íntimo de cada pessoa. E não é possível recomeçar senão escutando aquilo que nos torna únicos na criação: o desejo de estar em relação com o outro.
Na realidade, em muitos diálogos efetivamente não comunicamos; estamos simplesmente à espera que o outro acabe de falar para impor o nosso ponto de vista. Nestas situações, não se realiza o diálogo.
A escuta é o primeiro e indispensável ingrediente do diálogo e para boa comunicação. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros. Fiquemos atentos, pois quem não sabe escutar o irmão, bem depressa deixará de ser capaz de escutar o próprio Deus.
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