Salário mínimo, inflação, vizinhos e parentes, não se escolhe
Ainda bem que, em 2022, o salário mínimo vai ser de R$1.211,98. E o Legislativo aprovou os R $5 bi para o fundo eleitoral, que é coisa muito importante. E, foi aprovado, também, o calote dos precatórios
Tá difícil encarar a inflação. Principalmente neste final de ano. Voltei à época da infância, quando era comum dar sabonetes de presentes. Lembram? Pois é, foi o que fiz. Saí distribuindo sabonete para todos os amigos e parentes. E, acompanhado do clássico bilhetinho: "Não repare. É apenas uma lembrancinha". Gostaram ?
Quem sabe, ano que vem, darei cotonetes? O quilo do tomate está saindo por R$ 10. O mulato velho sumiu dos mercados. Porque? Ora, entrou no lugar do bacalhau para virar bolinho. Então, com a corrida ao mulato velho, os estoques acabaram. Eu até já contei aqui sobre essa manobra. Lembram do velho ditado que dizia "comendo gato por lebre" ? É a sobrevivência. E o costume da "caixinha de Natal"? Acho que virou "Esmola de Natal". Já estou preparado para o início do ano.
Deixei sob o colchão o dinheirinho do IPTU, IPVA, Taxa de Incêndio, IR e outras taxas que ainda virão ou vão inventar. Imaginem quem ainda tem que comprar material escolar. Bom lembrar que a energia elétrica continua cara. Sem falar na gasolina, etanol, GNV e GLP. Até o carvão do churrasco subiu que nem a fumaça da caríssima carne. A ceia ficou no feijão com arroz e sardinha em conserva. Ah, e macarrão para reforçar.
Ainda bem que, em 2022, o salário mínimo vai ser de R$1.211,98. E o Legislativo aprovou os R $5 bi para o fundo eleitoral, que é coisa muito importante. E, foi aprovado, também, o calote dos precatórios. E, como era esperado, aumentou o valor da verba secreta ou "Caixa 3". Maravilha. Então, sem lembrar da inflação, os políticos acreditam que o Natal do próximo ano vai ser de brasileiros felizes, com empregos e barrigas cheias. Tem gente que acredita.
Então, quando o frango sumiu dos despachos nas encruzilhadas da vida, foi a luz vermelha que acendeu. Aliás, não tenho visto mais os despachos. Até a garrafa de marafo (cachaça), desapareceu dos trabalhos das sextas-feiras. Que crise? Tem um vizinho, o Nelson Ditadura, que descobriu a pólvora: levou os filhos para verem Papai Noel no shopping. Ele usou o celular para tirar fotos e, logo em seguida, voltou para casa. Os filhos? Todos felizes.
Outro morador aqui da área, o César, comprou uma bola para os três netos. É a bola da família. E os comerciantes ainda estão esperando fregueses, para aumentar as vendas. Enquanto isso, o Jorginho, vizinho de estibordo, aderiu à rachadinha: todos os familiares contribuíram para as compras do mês e, pelo que me disse, cada um entrou com R$ 50. Afinal, na casa dele, são treze pessoas...
Um informe aos amigos: no encontro dos velhos da Água Santa, no domingo, só faltou a distribuição de fraldas geriátricas. Ficou para o início do próximo ano. Entre o churrasco e as fraldas, venceu o churrasco. Os quase velhos, na faixa dos 60 anos, querem receber as fraldas, também. Acho que estão pensando no futuro.
A comida do Fred fez sucesso e ele não conseguiu que repetissem o nome do prato. Muito difícil de se pronunciar, ainda mais depois de algumas cervejas. Mas, correu tudo normal. Uma novidade: ficou decidido que, a partir de agora, o Refogado mudou de nome. É Gordinho. Foi em votação direta e, agora, é Bar Gordinho da Colina.
Aproveitei para aumentar o estoque de histórias sobre os vizinhos. Afinal, dia 23, foi comemorado o Dia do Vizinho. Não esqueçam: parentes e vizinhos, a gente não escolhe.
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