Sem o holofote do anúncio da cantora Anitta como professora de empreendedorismo, alunos do curso de Moda da mesma universidade Estácio de Sá surpreendem com projeto de alto potencial inovador no esforço conjunto mundial para salvar o planeta dos efeitos nocivos da indústria têxtil. Além de ser apontada como uma das indústrias mais poluentes, o crescimento exponencial da Moda eleva em efeito cascata seus impactos ambientais. O consumo neste segmento saltou 400% nas últimas três décadas! E a solução vem de práticas naturais. E o melhor, ações que qualquer cidadão pode realizar em casa para reformar e customizar peças antigas dando sobrevida ao produto.
Poliéster: vilão ambiental
A introdução deste tecido aliada a barata mão de obra na confecção de peças nos chamados tigres asiáticos ajudaram a piorar ainda mais os efeitos desse segmento no meio ambiente. Derivado da indústria petroquímica, o poliéster pode levar até 400 anos se decompor! O pior de tudo é que nem sempre temos a real visão desse desastre. Estimativas apontam que 35% dos plásticos chegam aos oceanos, rios e lagos, como invisíveis micropartículas menores que 5 mm, desprendidos dos tecidos durante as lavagens das roupas. Estudo realizado por alunos da faculdade de Design de Moda da Estácio compara as decomposições do poliéster com o algodão após as amostras terem sido enterradas. Os dois tipos foram expostos às mesmas condições naturais e de tempo. O derivado do petróleo permanecia quase que intacto, com apenas algumas manchas. Enquanto isso, o outro mostrava-se altamente decomposto conforme fotos comparativas cedidas pela estudante Amanda Oliveira Siffert.
Corantes desbotam o ambiente
Outro poluente na cadeia industrial da Moda são os chamados corantes azo, utilizados em 70% dos tingimentos, principalmente quando aplicados nas já impactantes fibras sintéticas, como a poliamida e o poliéster. Sílvio Duarte e seus alunos do campus Tom Jobim, na Barra da Tijuca, estão pesquisando e desenvolvendo técnicas para substituir os corantes industriais por alternativas naturais, como folhas, casca de cebola, hibisco, urucum, feijão e cúrcuma.
O estudo ainda está em fase de desenvolvimento, mas os resultados já são promissores, podendo ser aplicados em tecidos de seda, algodão, poliéster e acrílico. “A troca por tingimentos menos agressivos e a diminuição do poliéster já seriam suficientes para considerável redução da poluição do ambiente pela moda” – ensina o professor.
Cores e tecidos ecológicos É preciso chamar a atenção da indústria têxtil para o seu alto papel poluidor. E o mais urgente a se fazer é substituir os sintéticos pelos tecidos naturais adverte Duarte.
“Em relação à responsabilidade da indústria, a consciência ecológica deve ser desenvolvida já no estudante da área. Dessa forma, ele irá ingressar nas carreiras do segmento da moda, sabendo que a escolha que ele fizer vai ter um impacto, positivo ou negativo no planeta”.
Consumerismo
Além da busca por soluções alternativas como as apresentadas pela pesquisa da turma do professor Sílvio Duarte, é preciso dar um freio a onda consumista. É o que preconiza o movimento contrário, chamado de consumerismo que é o pensamento filosófico de que não precisamos dessa quantidade excessiva de consumo para viver confortavelmente.
A conscientização do comprador também é uma peça importante do desmonte dessa engrenagem poluidora, concorda Duarte. “Se não houvesse um consumidor disposto a financiar essa indústria, ela não teria como se manter”.
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