Chuva intensa em Pernambuco deixou diversos mortosDivulgação/Prefeitura de Recife

Chuvas intensas castigam Pernambuco e deixam outros cinco estados do Nordeste em alerta!
A catástrofe de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, completando três meses. Saldo de 240 mortes e três pessoas ainda desaparecidas.
São algumas das manchetes que mobilizaram o país e com repercussão internacional. Os especialistas são quase que unânimes em relacionar a intensidade e frequência desses fenômenos com as mudanças climáticas. Entre 1980 e 2019, o número de desastres naturais no Brasil passou de 5 mil para aproximadamente 33 mil.
A Coluna conversou com Cecília Herzog - paisagista urbana da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza - RECN e André Ferretti - gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.

“Esses eventos tendem a ficar mais extremos, como observamos agora no Nordeste, agravado [na Grande Recife] em Pernambuco e também nas Regiões Sul e Sudeste, como ocorreu em Petrópolis - no Rio, assim como na Região Amazônica"- enumera André Ferretti.

“A situação é agravada pela questão climática global que está ocasionando chuvas cada vez mais fortes, frequentes, imprevisíveis – nunca vistas… Tendem a se agravar. Acho que isso não tem volta" - preconiza Cecília Herzog

Consequências

O aumento, a concentração e frequência pluviométrica impactam diretamente em cheias de rios, alagamentos de cidades, deslizamentos de encostas, mortes, pessoas desalojadas ou desabrigadas e prejuízos financeiros. É o preço que pagamos por não respeitarmos os limites ambientais.
“É óbvio que os desastres estão acontecendo onde as águas deveriam se acomodar ou passar. As encostas vegetadas certamente teriam mais capacidade de segurar e filtrar a água. Ocuparam indevidamente, sem planejamento” -- alerta a pesquisadora da RECN.

Para enfrentarmos as mudanças precisamos agir nesses pontos onde estão sendo dados os alertas pela própria natureza. "Tem uma série de medidas de defesa civil e administrativas que precisam ser incorporadas pelas prefeituras e estados, assim como pelas pessoas que moram nas regiões de risco. É preciso que tenham planos de adaptação" - ressalta o gerente de biodiversidade.

Como minimizar

A conservação dos espaços naturais é fundamental na mitigação desses efeitos extremos. "Quando mais recuperamos os ecossistemas destruídos, mais êxito teremos em enfrentar esses desafios climáticos...Conseguimos através de arborização urbana, instalações de parques, jardins, telhados e paredes verdes, hortas comunitárias. Precisamos diminuir os efeitos das ilhas de calor que funcionam como um imã para atrair grandes tempestades " - explica André Ferretti.
A lógica é simples. Quanto mais cobertura vegetal uma cidade possui, maior a capacidade de drenar a água. Algumas intervenções públicas nesses pontos degradados precisam começar a ser implantadas imediatamente, como: parques alagáveis, jardins de chuva, calçamentos permeáveis e praças-piscinas - são algumas das estratégias que já são aplicadas no exterior e começam a ser implementadas no Brasil. No entanto, de forma ainda isolada e lentamente.

Mudanças Climáticas: Também secas, estiagem e ressacas

O aumento desses eventos de alteração climática foi mais acentuado nos últimos 10 anos, com crescimento de 120% (de 15 mil para 33 mil) em relação à década de 2000. E não fica restrito as tempestades. Em áreas onde a chuva era abundante, as comunidades estão conhecendo a experiência da seca e da estiagem.
Temos ainda locais em que as ondas estão invadindo cidades. Em Atafona, distrito de São João da Barra, no Norte Fluminense, o mar já engoliu quarteirões inteiros e não deixa de avançar.

“As grandes ressacas, erosões, perdas de áreas, cada vez mais comuns. Próximo ao mar, perda de áreas extensas pelo processo erosivo e avanço das águas e grandes ressacas, cada vez mais comuns e intensas. Causam danos ao patrimônio particular e público” - associa André