Roupas brasileiras são rastreadasfoto de divulgação Abrapa
Esse cuidado é um dos trunfos dos empresários brasileiros para enfrentarem as desigualdades na concorrência com os estrangeiros. Produtores agrícolas nacionais lutam com entraves e desigualdade na competição em um mundo globalizado. Lidam com a alta carga tributária, questões cambiais, problemas de logística, protecionismos de países concorrentes, entre outros.
Mesmo assim, o Brasil é o 4º maior produtor de algodão e o 2º exportador de fibra do mundo. A safra nacional se enquadra em um dos fatores mais sensíveis nas sociedades contemporâneas: a responsabilidade socioambiental.
Sou de Algodão
Para fazer o dever de casa, os produtores se uniram em torno o Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) “Sou de Algodão”. É uma espécie de cartilha enquadrada pela Agenda ESG que valida boas práticas sociais, econômicas e ambientais em todas as etapas da cadeia produtiva. Do total produzido no Brasil, cerca de 80% saem certificadas pela ABR.
“ Foi um esforço de 15 anos na busca e aplicação de melhores formas para garantir a qualidade e agregar práticas ambientais. Estamos num mundo cada vez mais consciente, que o consumidor conhecesse quem nós somos e como cultivamos o nosso algodão que ele veste” - justifica o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Júlio Busato.
O objetivo do programa é oferecer ao consumidor a transparência da cadeia fornecedora e rastreabilidade certificada da origem da matéria-prima. O ABR é composto por 183 itens divididos em 8 critérios e recomendações. Ele incentiva a utilização de matéria-prima orgânica, o comprometimento com as preservações dos cursos de água – nascentes, corredeiras e reservas – e cuidados com o solo, entre outras. Para fazer parte desse grupo responsável, precisa se comprometer também com questões sociais, como: banimento de traços na cadeia de trabalhos infantil e análogo ao escravo além, de estarem perfeitamente alinhados com as legislações nacionais e internacionais.
Os produtores começam a colher os bons frutos plantados em 2012 quando foi criado um protocolo único de certificação para as fazendas. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), 40 delas já foram certificadas: 32 na Bahia e oito em Goiás. São as primeiras propriedades que receberam a chancela na safra 2021/22.
“É uma jornada longa conseguir levar essa certificação até a palma da mão do consumidor, que está mais exigente. Com o programa SouABR, entregamos o que ele pede: responsabilidade socioambiental e rastreabilidade”, explica Busato.
Além dos agricultores, se beneficiam todas as empresas da cadeia da moda alinhadas à Abrapa utilizando a tecnologia blockchain no rastreamento através de bloco criptográfico, o que impede que sejam alteradas e garantindo a segurança, credibilidade e transparência das informações. Por isso, vem atraindo a cada dia mais interessados.
“O sou ABR conta com parceria com a Reserva, a Renner e mais de 1.200 marcas” -ressalta Busato.
As grandes cadeias
A rede carioca Reserva, pertencente ao grupo AR&Co, foi a primeira a entrar para o programa “Sou de Algodão Brasileiro Responsável” e a usar a tecnologia para acompanhamento da produção da matéria-prima, visando o mapeamento completo do algodão que origina as coleções de roupa.
Já a Renner e Youcom estão colocando no mercado as primeiras calças jeans femininas mapeadas pela blockchain com 100% das peças rastreadas.
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