Rio de braços aberto para se tornar a capital verdefoto de divulgação Santuário Cristo Redentor

Sem ter uma Bolsa de Valores desde 2000 quando quebrou por ação de especuladores, o Rio de Janeiro se prepara para retomar seu protagonismo no mercado de investimentos tendo como pegada a onda do momento, a sustentabilidade e a Agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental + Social + Governança). Para isso, o dever de casa vem sendo feito pelas autoridades e já com uma série de medidas em implantação. 
Uma delas é sediar a Bolsa Verde, como vem sendo chamada a de Ativos Ambientais, através de uma parceria com a Nasdaq – a casa de ações de tecnologia dos Estados Unidos que investe cada vez mais em papeis aderentes à filosofia ESG.
Outra iniciativa é o Centro de Referência de Finanças do Amanhã que começou a funcionar hoje. Tem como base empresas, startups, Ongs e governos, em torno de inovações e projetos no segmento da economia sustentável.
Trata-se de um esforço conjunto da Agência municipal InvestRio, a Comissão de Valores Mobiliários, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o governo britânico explica o Vice-Presidente da Invest.Rio, Júlio Azevedo
"A Prefeitura do Rio vem realizando diversos esforços e implementando o que estamos chamando de Bolsa Verde carioca, uma iniciativa que visa construir um ecossistema de economia verde e transformar o Rio na capital da sustentabilidade do país"

Não só para inglês ver
Falando neles, a Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil se organizou em torno do Webinar: "Bolsa de Ativos Sustentáveis no Rio de Janeiro", tendo como protagonista, o Secretário de Planejamento e Gestão do Estado do Rio, Nestor Rocha, com participações abertas pelo link https://us02web.zoom.us/webinar/register/WN_gQRnB-k9QJ2NpHvkm1nx8w 

A expectativa do Rio em se tornar a Capital Verde também já atraiu uma das maiores negociadoras de carbono do mundo, a ACXCHG com sedes globais apenas em Cingapura e Abu Dhabi e que inaugura uma nova unidade na cidade.

Créditos de Carbono

Por seu alto valor de mercado, a comercialização de CO2 promete ser a grande estrela da Bolsa Verde. A estimativa é de que inicie já negociando 73 milhões de toneladas. Cada tonelada está cotada no valor médio de 5 dólares.
Empresas com baixa emissão terão suas boas práticas convertidas em créditos. Estes poderão ser negociados, inclusive, com as concorrentes que não conseguiram atingir o mesmo desempenho sustentável de maneira orgânica. E o bom exemplo pode seguir de incentivo para que outras implementem também seus processos com baixa pegada ecológica, entre eles: reflorestamento, reciclagem e uso de energias renováveis.

Como funciona esse mercado?
A Bolsa de Valores Verde funciona de forma semelhante a uma de valores tradicional. A diferença é que, ao invés de negociar papeis de empresas, vão comercializar ações sustentáveis.

Apesar das negociações de CO2 ser a estrela, a previsão é de que a reciclagem também renda bons negócios. A estimativa é de que uma tonelada de material reaproveitado possa ser convertida em 2 créditos de carbono negociados hoje globalmente na média de 10 dólares.
A Bolsa deve ser impulsionada pela repercussão internacional da Rio + 30, que acontece no segundo semestre, trazendo a cidade novamente para o protagonismo mundial, três décadas após sediar a Rio 92.

Incentivos
Ainda para ajudar a alavancar esse novo cenário, a Prefeitura do Rio prevê incentivos fiscais como: ISS neutro, que pode chegar a 100% a quem reduzir ou eliminar as emissões de carbono. Também está implantando uma certificação própria, a Rio Stantard como forma de incentivo para quem aderir comportamentos sustentáveis.

Para engajar uma maior participação da população fluminense, uma outra proposta foi enviada pela Secretaria de Planejamento do Rio para a diretoria da Nasdaq: a de que os motoristas possam reverter em papeis verdes, o IPVA de veículos movidos a energia limpa. A expectativa do secretário Nelson Rocha é de que o acordo seja assinado em julho, durante a Rio Global Conference.

Rio Global Conference

Dentre as mais de 30 iniciativas inscritas no chamamento público RIO2030 está a Rio Global Conference, programada para julho no Museu do Amanhã. Estão previstas dezenas de sessões on-line, além de diversas em modo presencial. Os encontros vão reunir autoridades, chefes de estado, representantes diplomáticos e personalidades ligadas ao meio ambiente e à sustentabilidade.
A Rio2030 será uma plataforma que vai mobilizar e engajar os atores sociais — governo, setor privado, academia e sociedade civil — na elaboração e implementação de soluções referentes aos desafios da Agenda 2030 para todo o mundo.

Rio pede empréstimo

Para viabilizar a pretensão de se transformar na Capital Verde americana, a administração municipal contará com parte dos R$ 700 milhões (ou US$ 135,2 milhões) provenientes de um empréstimo concedido pelo Banco Mundial. A previsão é de que a liberação desses recursos aconteça já no início do segundo semestre.