foto de casamento dos atores Cláudia Raia e Alexandre Frotafoto de divulgação

Os recentes casos envolvendo a atrizes Klara Castanho e Cláudia Raia são de cunho, dimensões e impactos pessoais e psicológicos totalmente diferentes, mas possuem um ponto em comum, que merece ser recortado: a falta de respeito com a individualidade do outro. E esse é um assunto que precisa ser tratado com “responsabilidade social” que é um dos motes desta coluna.
Defendo a sua privacidade, mas estimulo a invasão na dos outros
Vivemos no mundo da espetacularização. Todos defendem a sua mas não enxergam o direito a individualidade dos demais. Também tem um outro aspecto curioso. Por motivos que não dá para nos aprofundarmos agora, mas que fica claro, é de como se divide as chamadas “celebridades” em, pelo menos, três tipos básicos, com evidentes discriminações nas formas como são tratados e reconhecidos socialmente. 
Os Inatingíveis - Embora cada vez em número menor, existem aquelas que, como numa espécie de silencioso pacto coletivo, possuem a sua vida imaculada, num palco quase inatingível. Como se estivessem num olimpo blindado desse tipo de invasão. Um dos maiores exemplos é a cantora Marisa Monte.
Alimentadores de cliques - No meio termo, aqueles que alimentam o mercado especulador. Nesse patamar está a atriz Cláudia Raia em que tudo que faz vira notícia, embora tenha o respeito reconhecido pela sociedade.
Os vilões- Na outra extremidade estão os que parecem que tiveram cassados os mesmos direitos a privacidade. Mas o tratamento diferenciado não para por aí. Vai bem além...   São perseguidos com uma lupa em que qualquer ato falho, são expostos à execração pública. Seus atos são potencializados, julgados ou recortados, quase sempre, de forma negativa. Nessa categoria está o ator e Deputado Federal Alexandre Frota.
Literalmente treta no Saia Justa
Cito esses três nomes porque eles estão curiosamente no mesmo exemplo. Só um parêntese. A análise aqui não tem nenhum juízo de valor sobre suas responsabilidades ou merecimentos para receberem esses tratamentos. É apenas uma verificação de como são julgados.
Situando para quem perdeu a treta, como se referem hoje as discussões públicas... Durante uma participação do programa “Saia Justa” do Canal GNT, Claudia Raia, cansada de ser "julgada" pelo casamento com o então ator Alexandre Frota (da categoria superexposto), tenta transferir os holofotes inquisidores para uma outra “personagem”, esta, da classe “intocada”. Para se livrar do estigma de um breve casamento ocorrido há 3 décadas, joga no ar que o "seu ex tirou a virgindade da cantora Marisa Monte". Outro parêntese: injusta a eterna pressão. Afinal, atire a primeira pedra quem nunca teve um relacionamento com o qual se arrependeu!
Num comportamento parecido com o da sociedade, conivente e consumidora desse tipo de classificação das pessoas, a carismática apresentadora Astrid Fonatenelle e a participante Sabrina Sato desferiram sonoras e coniventes gargalhadas. Esse trecho não foi cortado da edição final apresentada ao público e posteriormente, disponibilizado em streaming.
No entanto, diante da forte repercussão negativa, Cláudia e Astrid rapidamente procuraram se retratar através da imprensa e de suas redes sociais, reconhecendo os erros de exposição e conivência, pedindo desculpas pelas posturas, que reconheceram como inconvenientes e inadequadas.  No entanto, são sintomáticas essas reações, assim como a repercussão. Fica claro que a perplexidade da sociedade e o pesar delas é pela exposição da "intocável" Marisa Monte e não em solidariedade também ao já superexposto Alexandre Frota, que em detrimento das polêmicas anteriores em que se envolveu, teve também sua intimidade violada. Ou será que por ser homem, ter posado nu, ter feito filmes pornográficos, ser verborrágico ou pela sua infidelidade política, justifica ser exposto gratuitamente?
Reações esperadas
E fazendo jus aos arquétipos criados pelos próprios ou por incorporarem os papeis em que estão prisioneiros na "vida real", Frota reagiu de forma jocosa, jogando indireta para a atriz. Claudia, na posição de "boa moça" se justificou ruborizada como envergonhada pelo "deslize" e Marisa, lógico, ignorou e não se manifestou, mantendo-se acima dessas fofocas mundanas. 
Sociedade não aprendeu com Klara Castanho

Isso mostra que não aprendemos com o doloroso episódio envolvendo a atriz Klara Castanho. Nem tudo é o que parece ou precisa ser exposto. Nem toda opinião precisa ser dada. A dor e a destruição de alguém ou uma carreira vale mais do que milhares de cliques.
Existe uma linha que não pode ser ultrapassada entre o público e o privado. E esse limite nunca vai ser respeitado enquanto parte das pessoas for conivente e permitir que os níveis de exposição sejam distintos por status sociais. Vamos refletir com as mentes e corações abertos. Todos merecem o mesmo respeito e tratamento ético, independente de suas trajetórias, sejam Marisas, Frotas, Raias, Klaras, Astrids e Satos.