Floresta da Tijuca e vista da Zona Sul cariocafoto de divulgação Riotur

Seria muito bom que essa data não existisse. Mas a cada ano ela se faz mais necessária por despertar para um cuidado que deveríamos ter como vital e o ano inteiro. Afinal, das matas depende a nossa sobrevivência. Por isso, 17 de julho é considerado o Dia de Proteção às Florestas.
Curupira, o protetor do nosso folclore
Não é à toa que a data para chamar atenção da proteção foi escolhida para ser a mesma do dia do Curupira, figura mítica do nosso folclore que defende as matas da invasão e agressões. O personagem é famoso pelos cabelos vermelhos como fogo. Logo, as queimadas, acidentais ou provocadas, formam um dos maiores problemas.
Outra característica do personagem o faz ainda mais atual. Ele tem os pés posicionados ao contrário, com os calcanhares para frente, parecido com o retrocesso vivido pelo Brasil nas questões ambientais.  Desde o ano passado, a plataforma de inteligência artificial PrevisIA estima que cerca de 15.400 km² devam ter sido desmatados até o final de 2022, a maior área derrubada dos últimos 16 anos.

Aumento do extermínio
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que nos primeiros seis meses de 2022 foram desmatados 3.988 quilômetros quadrados de florestas na Amazônia, um aumento de 10% em comparação ao mesmo período do ano passado, sendo considerado um recorde desde que teve início a contagem em 2016.
“As florestas nos fornecem serviços ecossistêmicos de valor inestimável. Desde a regulação do clima e das chuvas necessárias para garantir as atividades econômicas diversas, como a agricultura, passando pelo fornecimento de água e energia para a população, até a sensação de bem-estar que a natureza proporciona, mesmo por meio de ilhas verdes nas selvas de pedras” - ressalta a pesquisadora Cecília Herzog do Departamento de Urbanismo da PUC-Rio.
Ela aponta que a importância pode ser considerada por diferentes ângulos, desde o nível macro, por sua relação direta com as mudanças climáticas, até no aspecto regional ou local, observado na saúde e qualidade de vida da população nos centros urbanos.

Florestas Protegidas
Trata-se de uma das tentativas de salvar o pouco que resta da vegetação. A gerente de Conservação da Fundação Grupo Boticário, Leide Takahashi, alerta para a necessidade de participação da sociedade e das empresas na responsabilidade ambiental.
“O desmatamento e as alterações drásticas no uso do solo, somados à expansão desordenada das áreas urbanas, rompem o equilíbrio natural e fazem com que parte dos animais migrem para as cidades. No caso dos mosquitos e outros insetos, que são vetores de muitas doenças, a crise climática e o aumento da temperatura também trouxeram condições favoráveis à reprodução desses indivíduos. Nas cidades, eles passam a se alimentar também do sangue das pessoas, favorecendo a transmissão de enfermidades”, explica, lembrando ainda que a atual pandemia do novo coronavírus é um exemplo de como esse desequilíbrio traz graves consequências à vida humana.
A polêmica privatização das nossas florestas
O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) lançou uma consulta pública sobre a proposta do edital de concessão das Florestas Nacionais do Jatuarana, de Pau Rosa e da Gleba Castanho. Essas são as primeiras concessões no estado do Amazonas e somam 885 mil hectares. Pelo contrato, concede ao vencedor, o direito de explorar, de forma sustentável, por até 40 anos. A justificativa é estabelecer uma parceria entre os setores público e o privado para "proteger" contra grileiros e o desmatamento ilegal. No entanto, essa política não é bem vista por parte dos ambientalistas.
O que é uma Floresta?
Segundo avaliação das Organizações das Nações Unidas, para que uma área seja considerada uma floresta é preciso que o perímetro seja acima de 0,5 hectare e as árvores acima de 20 metros de altura.
Geralmente leva 100 anos para chegar a esse ponto de desenvolvimento. A fase inicial do processo de recuperação, ainda com plantas rasteiras de até 3 metros, é chamada de capoeira e, na evolução seguinte, de capoeirão.
Recuperação de Florestas
O Rio de Janeiro possui o mais antigo caso de reflorestamento. Em meados do século 19 queimadas e a monocultura do café mudaram o clima e provocaram a escassez de água na capital do Império com o comprometimento dos mananciais.
Em 1861, os maciços da Tijuca e das Paineiras foram declarados por D. Pedro II como “Florestas Protetoras” com a desapropriação de chácaras e fazendas. O objetivo era promover a regeneração da vegetação. Todo o reflorestamento foi feito em 13 anos,  com mais de 100.000 mudas nativas plantadas por apenas 5 escravos!
Eco-Turismo: vocação carioca
Com a tendência do aumento dos segmentos de turismo sustentável e de aventura, o Rio de Janeiro sai na frente por conta da experiência histórica do reflorestamento que resultou na mais emblemática floresta urbana do mundo. Quem comemora é o secretário de Turismo do estado, Sávio Neves.
“Aqui no Rio, temos a maior floresta tropical do planeta, resto da Mata Atlântica, que se mantém protegida sob as rígidas regras da maior unidade de conservação ambiental urbana do mundo. Salve as Florestas brasileiras! Salve a Floresta da Tijuca! Salve o Rio de Janeiro!!!”.
O segmento do eco-turismo tem sido ao mesmo tempo protetor e aliado desses biomas.
"O Rio sempre teve um apelo muito forte  por suas características naturais: temos floresta e mar na mesma cidade, a minutos de distância. Mas acredito que, com a pandemia, os turistas passaram a se interessar ainda mais por passeios ao ar livre, em maior contato com a natureza. E, aqui, temos opções variadas de atrações, para todos os gostos." revela Roberta Werner, diretora-executiva do Rio CVB.
Turistas e guias como protetores das Florestas
Não é raro observarmos guias e turistas saindo das trilhas com as mãos e bolsas repletas de detritos que vão recolhendo durante o percurso deixados por outros visitantes não tão conscientes.
“ O Rio de Janeiro tem uma grande vantagem competitiva frente a outras grandes metrópoles: duas das maiores florestas urbanas do mundo, a da Pedra Branca e a da Tijuca. Elas tornam o cenário ainda mais bonito e transformam nossa cidade em um destino imperdível para quem busca um lazer mais conectado à natureza” - destaca o presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes.
O diferencial do trabalho dos agentes que atuam nesse segmento é de não se limitarem a proporcionar o lazer, mas realizarem um trabalho educativo e conscientizador com o visitante.
“O turismo de aventura ou ecoturismo é cem por cento ligado aos ambientes naturais. Cuidamos desses espaços como nossa ferramenta de trabalho. Nós, os guias, não somos somente um ‘mostrador’ de trilha e caminhos. Os operadores de turismo que atuam neste segmento fazem um trabalho de educação ambiental. O visitante sai do passeio com o sentimento de pertencimento com aquele ambiente” - explica Fábio Nascimento, presidente da Associação de Turismo de Aventura do estado do Rio de Janeiro.
A preservação e a recuperação das florestas nacionais podem tornarem-se mais um equipamento turístico, como acontece no Rio de Janeiro.
“As florestas são um atrativo a mais no Rio, de grande potencial. O Ecoturismo e o Turismo de Aventura vêm apresentando aumento na procura a cada ano e nossos parques – Nacional da Tijuca e Estadual da Pedra Branca - oferecem aos visitantes a oportunidade de terem florestas à disposição em pleno espaço urbano” - revela Luiz strauss, presidente Abav -RJ

Florestas vistas de Cima
Uma das atrações no Rio de Janeiro é a contemplação por cima da copa das árvores. Trata-se da experiência de observação da natureza nas alturas.
“É um passeio deslumbrante você passar pelo Cristo e por cima dessa imensidão verde, que é a Floresta da Tijuca.  Em seguida, avistar a Lagoa e as praias da região. É uma paisagem única que só o Rio de Janeiro te oferece.”, explica Luís Carlos Munhoz da Rocha - diretor da Helisight Helicópteros.