Regina Casé quer voltar com o programa "Um pé de quê?"foto: Silvio Duarte

Apesar do seu histórico engajamento e de ter uma filha surda (Benedita Casé Zerbini), a atriz e apresentadora Regina Casé admite que ainda conhece pouco e que pode fazer muito mais pela inclusão. A artista vai estrelar a próxima novela "Todas as Flores" de João Emanuel Carneiro em que vive uma vilã mãe de uma menina cega. A apresentadora comandou uma mesa de discussões no evento Glocal -  discorrendo sobre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, com compromisso de ser cumprido até 2030.

Estreia de novela do Globoplay
Essa será a primeira super produção em novelas feita exclusivamente para o streaming da família Marinho, a Globoplay. Regina Casé não esconde a satisfação e o quanto está aprendendo com a equipe formada por pessoas com deficiência. Estratégia inclusiva usada pela produção como forma de garantir a diversidade e o olhar específico dos que vivem essa realidade.
"Está sendo uma experiência de muito aprendizado. A equipe traz "Pessoas com Deficiência" [PcD] em funções variadas na produção. E tendo esse contato agora, percebo que, mesmo sendo mãe de da Benedita, que é surda, fico com a impressão de que ainda sei pouco sobre essas realidade. Isso porque as rotinas  e dificuldades [dos PcD] são diferenciadas. Precisamos ouvi-los e dar voz às suas necessidades." - ponderou Regina Casé.

Saudade do “Um pé de quê?
Aproveitando a presença da diretora global da Natura, Denise Hills, Regina em seu estilo bem humorado, pediu para o retorno da parceria da empresa de cosméticos com a sua produtora para viabilizar a  realização de uma nova temporada do programa ambiental que retrata as árvores brasileiras.
"Estou morrendo de saudade. Espero que consigamos apoio para voltar, viu Denise[risos]. Foi uma experiência maravilhosa. Até começar a fazer [Um pé de quê?], não sabia nada. Parece que depois que entrei nesse ambiente, enxerguei o mundo de uma forma diferente, sob uma nova ótica. Parece que elas [árvores] pulam na nossa frente, saltam aos nossos olhos" - explicou a apresentadora.
A série é apresentada pelo Canal Futura, do grupo Globo, desde 2000. Já foram produzidos 148 episódios em que a apresentadora, com seu jeito peculiar, aborda a cada capítulo, uma árvore da flora brasileira, misturando botânicos, ambientalistas e povos das florestas. O programa não se limita á questão científica, mas amplia para cultura, lendas, história, literatura, geografia, botânica, antropologia, culinária e curiosidades envolvendo as espécies retratadas.
A série é feita pela Pindorama, produtora do casal Estevão Ciavatta e Regina Casé. Juntos rodaram o Brasil e a África para retratar as espécies. Atualmente, as reprises podem ser acompanhadas pelo Globoplay e pelo Canal Futura em quatro opções: Quartas - 22:30h, Quintas - 02:30h, Segundas - 04:30h / 13:30h.
Preconceito e acusada de glamourizar a favela
Regina reclamou do preconceito que uma parcela da sociedade tem com os mais pobres e de ter sido acusada de "glamourizar” as comunidades carentes. Depois de carreira de atriz, começou a de apresentadora, sempre mantendo como marca registrada a preocupação com questões sociais. Isso desde os iniciais  “Programa Legal”(1992/1995), “Muvuca”(1999) e “Central da Periferia”(2006). No entanto, foi com o dominical “Esquenta” (2011-2017) que mergulhou de cabeça nesse mundo periférico, trazendo esse segmento invisível da sociedade para os holofotes da mídia. Iniciado como um especial de verão, acabou ocupando a grade fixa da emissora, até então acusada de ser elitista e não abrir espaço em sua programação para pautas mais comunitárias.
Através do programa, pessoas anônimas foram elevadas ao protagonismo e revelou nomes até então desconhecidos de segmentos populares, como: do Pagode, do Funk, dançarinos e DJ´s e que hoje, figuram entre os grandes sucessos da música.
"Bem, eu trabalho numa empresa global há 40 anos.[risos]. Muitos achavam que eu nunca conseguiria emplacar alguns projetos lá. Achavam impossível essa transformação. E olha o que já conseguimos avançar!  Jamais conseguiria dar toda essa visibilidade para essas pessoas com uma peça ou um filme". -explica Regina Casé.
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