Thalles Lima - especialista digitalfoto de divulgação

Embora sempre tenha existido a língua ferina da vizinhança fofoqueira, assim como boatos maldosos em comunidades e implante de tendenciosas entre a concorrência empresarial, as facilidades da internet e o aumento do uso das mídias sociais fizeram com que esses maus hábitos ganhassem dimensão exponencial. Tanto que foram renomeados como Fake News.
Empreendimentos são bastante impactados pelas falsas informações. A segunda pesquisa inédita da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial – a Aberje, que esta coluna teve acesso em primeira mão, mostra a dimensão dos estrago nas organizações. O especialista em marketing digital e referência em vendas pela internet, Thalles Lima conta-nos que já viu muitos empreendedores fazerem escolhas erradas com base em conteúdos sem amparo na realidade.
“O mundo dos negócios é difícil e pode ser ainda mais complicado se você se deixar levar por notícias falsas”, comenta o empreendedor digital.
Fake News nas Empresas
A economia, por exemplo, pode ser um dos setores mais manipulados pelas falsas informações. E essa prática vem sendo feita historicamente.  Muito antes da internet, já eram plantados sobressaltos alarmantes na disputa comercial e financeira. Foram muitas ações que despencaram em operações especuladas em bolsas de valores do mundo. Vários casos orquestrados que quebraram instituições financeiras com a fuga em massa de investidores ou correntistas devido a boatos de que poderiam falir.
Pesquisa Empresarial
A vulnerabilidade está impressa na sondagem da Aberje em que metade dos executivos relata que já amargou prejuízos em seus balancetes provocados por conta de mentiras. Outro indicador desse estrago é que 92% dos empresários já realiza algum tipo de monitoramento de notícias na mídia.
“Percebemos que há uma necessidade crescente nas organizações de incluir a desinformação no compliance, na matriz de riscos e como parte do atendimento aos critérios ESG”, percebe Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje.
 Thalles Lima, aponta cinco maneiras de evitar as Fake News
* Leia além da manchete - “Muitas vezes, os títulos das notícias podem ser tentadores. Contudo, antes de compartilhar ou se dar por satisfeito com qualquer conteúdo, leia o texto integralmente. Acontece que, na maioria das vezes, a manchete não entrega tudo. Ler apenas o título é uma das formas mais fáceis de cair em fake news. O conteúdo, ao ser lido na íntegra, pode não sustentar a mensagem transmitida pela chamada principal”.
* Confira o site em que está lendo - “Para saber se está lendo uma notícia em um site de confiança, confira a URL da página. Os criadores de fake news costumam produzir sites visualmente semelhantes aos portais tradicionais, mas, quando se observa o endereço, percebe-se que se trata de uma farsa. Portanto, cuidado para não ser enganado dessa forma”.
* Cuidado com a fonte de informação – “A comum receber, por meio de aplicativos de mensagens e redes sociais, vídeos e imagens com teor noticioso. Contudo, nem sempre são conteúdos verdadeiros. Para tirar a dúvida, é possível usar ferramentas, como o Google Imagens, para checar se a foto já foi usada na internet em outras ocasiões”.
* Verifique as datas – “Neste caso, não se trata exatamente de fake news, mas de confusão. Em certas ocasiões, é possível que a notícia esteja publicada em um site confiável e seja verdadeira. No entanto, trata-se de um material de outra época. Ainda assim, sem perceber ou com má intenção, as pessoas compartilham o conteúdo como se fosse atual. Isso pode enganar quem está recebendo o material”.
* Na dúvida, não compartilhe – “Se estiver indeciso sobre a procedência de qualquer conteúdo, não compartilhe. É sempre melhor se certificar da veracidade da notícia antes de propagá-la por meios eletrônicos. Verifique a fonte e tenha certeza de que a notícia também foi publicada nos portais de referência. Do contrário, não dissemine o conteúdo. É justamente assim que as fake news ganham corpo e enganam as pessoas, inclusive os empreendedores”.
Respostas às mentiras
Os principais processos de reação a Fake News Empresarial, são: resposta com comunicados/notas públicas de esclarecimento (44%), campanhas internas entre os colaboradores (39%) e esclarecimentos nas redes sociais (31%).
Apenas 29% das organizações participantes têm plano de contingência específico contra as desinformação enquanto 18% estão estudando a sua implementação. Quanto ao treinamento para lidar com campanhas de desinformação, 26% já contemplaram e realizaram ações esclarecedoras entre os colaboradores, de todos os níveis hierárquicos.
A comunicação contra a desinformação
O monitoramento de redes sociais (90%) e o de notícias na mídia (89%) são as atividades analíticas relacionados a Fake News mais realizadas atualmente. As parceria com agências de checagem ainda são muito tímidas, realizadas apenas por 13% das empresas. Por isso, esse trabalho acaba, de certa forma, sendo improvisado pelo próprio quadro de funcionários atual.
Esse serviço, na grande maioria das organizações (89%) é feito pelo Setor de Comunicação, quase sempre numa adaptação do velho clipping Gillette-press em que se recortavam páginas de jornais e revistas impressas coladas em um diário contendo um resumo das publicações do dia.
Já evoluíram para os prints digitais, porém, quase sempre detectam o que sai na imprensa tradicional, ficando de fora, boa parte do conteúdo veiculado em contas de mídias sociais e grupos de Whatsapp, que são mais difíceis de rastrear.
Existe a necessidade de reestruturação das matrizes curriculares das faculdades que formam pessoas para este segmento, assim como urgentes ações de requalificação e treinamentos dos atuais profissionais que atuam nos departamentos de comunicação das organizações.
“É dever de todos combater este grave problema da atualidade. As empresas precisam preparar mais seus colaboradores para enfrentar os perigos e a urgência dessa questão”, afirma Hamilton dos Santos.
Faculdade FACHA: pioneira também na qualificação de checadores de informação
Entre as mais tradicionais em Comunicação do país, a Faculdade Hélio Alonso já detectou essa necessidade e adaptou os seus conteúdos programáticos visando o preparo qualificado dessa mão de obra para suprir a carência do mercado atual.
"Na Facha, nós já incorporamos 'Legislação e Checagem de Informação' ao currículo. Estrategicamente esta disciplina está situada logo no começo do curso para que os alunos já ingressem na faculdade adquirindo a habilidade e a responsabilidade em verificar informações", explica Ivana Gouveia, coordenadora do curso de Jornalismo na Faculdades Integradas Hélio Alonso.
A Facha ainda possibilita acesso gratuito de seus alunos a um curso extra especializado em checagem desenvolvido em parceria com a Agência France Press e o Google News Initiative. Para o mercado empresarial é importante habilitar e qualificar profissionais para os desafios comunicacionais atuais, cada vez mais amplos. As Fake News, que começaram com sinais grosseiros de sua inveracidade, estão cada vez mais eficientes e estrategicamente bem produzidas.

Quem mais publica falsidades
Quase uma unanimidade (95%) entre os executivos acreditam que as redes sociais são as que mais publicam inverdades, seguida dos blogs e fóruns online (76%) além do compartilhamento entre grupos de amigos e familiares (61%).
Jornais, Revistas e Rádio mantém credibilidade
As mídias tradicionais, como jornais/revistas impressos, as agências de notícias e o rádio, praticamente não foram citados pelos participantes como proliferadores de Fake News. Para 90% dos participantes, as informações mais confiáveis são as encontradas nesses meios tradicionais, enquanto que os conteúdos duvidosos estão nas redes sociais (82%).
Os principais canais acessados para informação relevante são: os Jornais e revistas online (81%), Impressos (32%) e Agências de Notícias (48%). A televisão aparece em último lugar entre os meios de comunicação de massa, apontada pelos empresários com 19%. A maioria dos participantes da pesquisa (57%), usam a confiança e a reputação do veículos tradicionais como instrumento para discernir entre informações corretas e mentiras.
Já as Redes Sociais aparecem com 61%. No entanto, na avaliação dos empresários (76%), essas  plataformas não têm feito o suficiente para auxiliar os usuários na verificação da veracidade de uma publicação antes de seu compartilhamento. 
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