Testes de biocida inédito na Baia de Guanabarafoto de divulgação Bossa Nova hall

Um dos maiores problemas ambientais são as espécies que são transportadas para áreas onde não existiam, mais por ações humanas do que naturais. Estudos apontam que as invasões biológicas são a segunda maior causa de extinção, só perdendo para a destruição de habitats.
Por não terem predadores naturais, proliferam com rapidez e ainda destroem, como uma praga, as espécies nativas da região infestada.
Pequeno no tamanho, mas gigante nos estragos
A pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Química da UFRJ resolve um pequeno problema no tamanho, mas gigante nas consequências: o mexilhão-dourado. Apesar de inferior a 4 cm é uma praga monstruosa. Originário da Ásia chegou aqui pelos lastros das embarcações em rotas internacionais, tendo sido a Argentina o ponto original no Atlântico Sul e, depois, se alastrado pelas águas do Rio Guaíba (RS) no final dos anos 1990, segundo mapa de rastreamento feito pelo Ibama.
Ele devasta a vegetação aquática, sobrepõe-se a espécies nativas na disputa por alimento e espaço e ainda prejudica a pesca ao reduzir o alimento dos peixes da região. A proliferação de colônias prejudica a navegação, motores e funcionamentos de represas, usinas e agricultura irrigada. As tubulações entupidas precisam ser limpas constantemente, o que acarreta paradas frequentes e o encarecimento da produção.
UFRJ: biocida como solução
A equipe desenvolveu um antídoto natural feito com resíduos descartados na produção de óleo de soja usado na cozinha.
“Os biocidas sintetizados em nosso grupo de pesquisa foram associados à tinta automotiva e transformados em uma tinta anti-incrustante, capaz de impedir o processo de bioincrustação do mexilhão-dourado” revelou o professor Claúdio Lopes, coordenador da pesquisa
As primeiras experiências foram realizadas no reservatório de Chavantes, na usina hidrelétrica localizada no estado de São Paulo. Porém, a mistura dos biocidas à tinta também poderá ser empregada no ambiente marinho

Testes na Baía de Guanabara
Esse importante bioma do Rio de Janeiro também vai servir de laboratório e pode beneficiar-se da descoberta universitária para redução das cracas que fixam-se às superfícies das embarcações que trafegam pela região. Essa praga ainda reduz a velocidade, restringe a capacidade de manobra e aumenta o gasto de combustível.
“O nosso biocida é uma promissora alternativa para combater a formação de cracas em embarcações civis, militares, dutos de gás e plataformas de petróleo. E não é prejudicial ao meio ambiente”, afirmou o coordenador, lembrando que o uso de anti-incrustantes previne também a corrosão.