couro de cacto: alternativas mais baratas e menos impactantes que legítimofofo de divulgação Adriano di Marti
Couro ecológico proibido
Os feitos através de outros produtos, na verdade, nem podem receber essa nomenclatura de acordo com a nossa legislação. A Lei 4.888, de 1965, proíbe no Brasil, a utilização desse termo associado a materiais que não sejam curtidos a partir da pele de animal.
Além disso, não basta a substituição para que seja realmente sustentável. Muitas imitações são realizadas através de outros processos que também podem ser agressivos ao ambiente, como a base de microfibras de algodão, poliuretano e PVC. Este último é considerado o mais lesivo entre todos os tipos de plásticos.
Mas nem sempre a substituição precisa de ser seis por meia dúzia. Existem opções obtidas de fibras mais sustentáveis, como: de folhas, casca de abacaxi, cortiça, cacto, coco e até maçã.
No entanto, nem sempre o material semelhante, obtido por outros produtos, possui a mesma durabilidade e resistência. No entanto, uma manutenção diferenciada pode garantir a sua aplicabilidade.
Como a determinação legal é de que tenha que ser procedente de animais, o peixe começa a ser usado em algumas peças, principalmente sapatos, carteiras e cintos. Pela sua textura e aparência, vem substituindo a o couro de repteis.
Fora do Brasil, o exotismo em torno na moda de luxo pode ser ainda mais cruel. Até fetos de bezerros já foram removidos de úteros para produzir uma textura diferenciada. Tem ainda a caça oficial ou clandestina de zebras, felinos e até elefantes. Isso sem falar em países em que o consumo de carne e peles de gatos e cachorros façam parte do cardápio. Estima-se que na China milhares couros desses pets possam estar sendo usados em roupas e outros produtos.
O verdadeiro Couro
Foi a primeira vestimenta dos frágeis humanos para se protegerem do frio e conseguirem sobreviver. De grande durabilidade e mais caro que produtos alternativos, produzem impactos ambientais que vão muito além da crueldade com os animais. A agropecuária contribui fortemente para esse mercado. Estima-se que a pele represente 10% do valor total de uma cabeça de gado, sendo a maioria restante obtidos pela comercialização da carne e da produção de leite e derivados.
Impactos ambientais
Além da acusação de crueldade ainda tem os graves problemas causados à natureza. A indústria pecuária é responsável por cerca de 15% das emissões de gases do efeito estufa. Isso sem falar na água usada na criação. Tem ainda o desmatamento e queimadas para abertura de pastagens ou nos dejetos gerados pela criação. Estimativas apontam que para se chegar a mil gramas de pele animal, são consumidos mais de 15 mil litros de água. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) alerta que a poluição do gado é a maior ameaça aos cursos hídricos devolvendo esse mineral contaminado ao meio ambiente.
Tem ainda o forte impacto gerado pelos processos de curtimento e tingimento, altamente tóxicos e cancerígenos. Isso sem falar no forte cheiro que envolve todo o entorno. Pessoas que habitam as redondezas ou trabalhem nessa atividade convivem com a insalubridade. Pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos apontou a presença de leucemia numa incidência cinco vezes maior entre moradores das proximidades do curtume em Kentucky.
Curtume Carioca: um trauma do Rio
Em plena área urbana do populoso bairro da Penha funcionava o maior da América Latina, exportando para vários países que não queriam os impactos do tratamento da pele animal perto de seus narizes. Com seu fim não foram eliminados os problemas: a empresa deixou de herança um imenso passivo ambiental sem nenhum tipo de tratamento.
Para agravar, o espaço abandonado sofreu um grande incêndio em 2003. Como os riscos ainda se fazem latentes, este ano, o Ministério Público do estado do Rio de Janeiro ajuizou a prefeitura carioca, dona do terreno, para que faça um levantamento, tome uma série de medidas reativas e mitigadoras além de efetivar um comprovado processo de descontaminação da área.
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