Pedidos de falência cresceram em novembro - Freepik
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Por O Dia
O “novo normal” imposto pela pandemia tem exigido dos síndicos muita paciência, jogo de cintura para lidar com a inadimplência e para mediar conflitos e ainda mais organização das contas. Isto porque com mais moradores em casa e agora nas áreas comuns liberadas, o consumo de água e de luz, por exemplo, disparou. De acordo com a administradora Cipa, o aumento é de quase 100%. Bruno Gouvêa, representante da empresa, lembra que o equilíbrio orçamentário dos condomínios enfrentou outros desafios nos últimos meses, como o aumento da inadimplência, sinal do agravamento da crise econômica. Mas destaca que muitos síndicos se anteciparam em buscar soluções para problemas que estavam por vir. “No início da pandemia, os condomínios parceiros da Cipa adotaram atuação preventiva de combate ao coronavírus, seguindo as orientações das autoridades sanitárias. O fechamento dos espaços comuns teve como consequência a redução em alguns contratos, como o de academias de ginástica, o que acabou refletindo na redução do consumo de água e energia”, diz Gouvêa.

No entanto, com o aumento dessas despesas, ele aconselha o uso da verba economizada durante a pandemia para amortizar os gastos extras. “Essa sobra de recursos pode ser usada para minimizar o impacto do aumento dos gastos dos condomínios e da inadimplência. Quem se reorganizou no início da pandemia tem como cobrir o impacto de agora, mas precisa começar a planejar o próximo período”, orienta o representante.

A síndica profissional Marília Moreira tem acompanhado com “lupa” as despesas dos condomínios que administra. “As contas de luz e de água são, em especial, itens que têm disparado com a permanência de muitas pessoas em casa. O home office que, para algumas empresas será permanente, levanta ainda outras questões, pois as empresas estarão, de certa forma, se livrando de despesas como aluguel, IPTU, água e luz. E ainda que venham a dar alguma compensação financeira aos empregados que aderirem ao novo modo empresarial, não compensarão as despesas que serão transferidas para os condomínios residenciais. Por isso, é importante ter um bom planejamento orçamentário”, comenta Marília.
Abadi lança protocolo de mediação de conflitos
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Além das contas, outra coisa que aumentou no universo condominial foram os conflitos. Para orientar os gestores, a Abadi (Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis), lançou um protocolo, em parceria com a especialista em Gestão de Conflitos, Wania Baeta, com dicas para a solução pré-processual de conflitos condominiais. "Todo síndico é também um mediador. Na convivência condominial é natural que conflitos aconteçam, principalmente no momento que estamos vivendo. Por isso, a Abadi preparou um protocolo que, não só introduz o assunto da mediação como opção à judicialização das questões que emperram o judiciário, mas também apresenta algumas técnicas de aplicação prática ao leitor", afirma Rafael Thomé, presidente da Abadi. O protocolo está disponível gratuitamente no site da associação (www.abadi.com.br).

Segundo o advogado Leandro Sender, os motivos mais comuns de conflitos nos condomínios têm sido a realização de obras não essenciais em apartamentos, som alto, moradores que recebem visitas, criando aglomerações, além da proibição de utilização das áreas comuns, como piscinas, salão de festas, churrasqueiras, parque infantil, e academia, entre outros. Ele lembra que a mediação é sempre uma solução indicada e recomendada, uma vez que a solução dos casos mediante acordo, ainda na esfera extrajudicial, além de representar uma economia aos envolvidos, representa a manutenção do bem estar entre todos. “Neste caso, são realizadas reuniões na presença de um mediador, cuja função é ouvir a narrativa de cada parte e incentivar a solução amigável”, orienta.

E como a situação de pandemia é algo novo, que não está previsto nas convenções condominiais ou no regimento interno dos condomínios, o especialista recomenda que seja convocada uma assembleia para que sejam estabelecidas normas para uso das áreas comuns e privativas dos condomínios, evitando, assim, futuras discussões. “É importante esclarecer que, para realizar a assembleia, na forma presencial, devem ser adotadas medidas como forma de prevenção e proteção à saúde de todos, como a realização em local aberto, obrigatoriedade do uso de equipamento de proteção e obedecer ao distanciamento entre os moradores”, alerta Sender.
Como evitar o coronavírus no condomínio
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Contas e conflitos à parte, uma coisa é certa: os cuidados para evitar o coronavírus nos condomínios devem permanecer. Uma das orientações do Grupo Delphi, empresa de Medicina e Segurança do Trabalho, é elaborar um protocolo adaptado para cada condomínio, com suas diferentes realidades e ambientes. Além disso, a empresa lembra que as relações trabalhistas tiveram mudanças impostas pela pandemia do coronavírus no Brasil. Uma importante alteração foi a possibilidade de considerar a Covid-19 como doença ocupacional, ou seja, doença vinculada à atividade profissional do trabalhador. Para se resguardar, os condomínios devem comprovar que não foram relapsos quantos aos procedimentos básicos de segurança e saúde de seus empregados, entre eles fornecimento de álcool gel, máscaras, distância mínima entre funcionários e revezamento de turnos etc.
Confira outras dicas de prevenção
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- Evitar reuniões de condomínio e também festas e eventos nas áreas comuns, como salão de festas, churrasqueiras e playgrounds.
- Controlar a permanência de grupos no hall social e o número de pessoas nos elevadores.
- Disponibilizar álcool em gel nas portarias e áreas comuns do condomínio.
- Reforçar a limpeza de maçanetas, botões de elevadores, corrimãos, brinquedos e outras partes comuns tocados com frequência.
- Orientar porteiros e vigias a higienizarem móveis e equipamentos por eles utilizados, como interfones, sempre quando houver troca de turno.
- Funcionários devem manter distância de ao menos um metro de outras pessoas, inclusive condôminos e outros funcionários.
- Manter os ambientes ventilados.