O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou ontem em 1% a taxa básica de juros (Selic), passando de 11,75% para 12,75% ao ano. A elevação já era esperada pelo mercado e divide opiniões. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) considera a medida técnica e necessária para conter o processo inflacionário no país. Para o presidente da Abrainc, Luiz França, apesar do aumento nos juros, há boas perspectivas para o setor. “A taxa dos financiamentos imobiliários é atrelada à remuneração da poupança e a mesma não irá subir na mesma proporção que a Selic”, afirma o executivo.
Já o presidente da Ademi-RJ (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), Marcos Saceanu, o aumento da taxa de juros não é um fenômeno só brasileiro. "Está acontecendo em diversos países do mundo. Claro que exige atenção do mercado imobiliário porque quanto menores os juros melhor para a dinâmica da nossa economia. Mas é importante dizer que as taxas do financiamento imobiliário não sobem na mesma proporção que a Selic. É possível encontrar taxas nos grandes bancos com percentuais muito semelhantes a 2019 antes da pandemia, analisa Saceanu.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-Rio), Claudio Hermolin, o novo aumento da Selic causa bastante preocupação para a construção civil. "Primeiro porque estimula o investidor a manter os recursos em aplicações de renda fixa em vez do setor produtivo. Também pressiona a taxa de juros do crédito imobiliário para quem compra imóveis e para a produção de novas construções de empreendimentos, além de financiamentos de projetos de infraestrutura e melhorias urbanas", explica Hermolin.
Nova alta prevista para junho
Na avaliação do economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, há uma porta aberta para um aumento residual da taxa básica de juros em junho por conta de aumentos que pressionaram a inflação, como foi o caso dos combustíveis. Segundo ele, a Selic atingiu o seu maior nível desde o início de 2017. Bertotti lembra que as comunicações anteriores do Banco Central ainda indicavam o objetivo de encerrar o ciclo de aperto monetário em maio. Entretanto, desde o último Copom, o relatório Focus registrou aumento das expectativas de inflação de 2022 (6,45% para 7,65%) e 2023 (3,7% para 4,0%), deixando uma porta aberta para que ocorra um novo aumento em junho.
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