"O turismo é muito importante, mas a Região dos Lagos tem outros potenciais a serem explorados", afirma André Ceciliano
Pré-candidato ao senado, o presidente da Alerj fez um pingue-pongue e falou sobre seu mandato a frente do parlamento fluminense e quais as pretensões se conquistar vaga em Brasília
Esta é a quinta visita do deputado à região apenas este ano - Divulgação
Esta é a quinta visita do deputado à região apenas este anoDivulgação
Conhecido pela sua capacidade de diálogo, o deputado André Ceciliano (PT), que preside desde 2017 a Assembleia Legislativa, estará nesta quarta-feira (27) em Cabo Frio, numa agenda com prefeitos da região organizada pelo deputado Janio Mendes
Esta é a quinta visita do deputado à região apenas este ano. Profundo conhecedor das questões econômicas do Estado, André foi o criador do Fundo Soberano, que já tem R$ 2,6 bi em caixa e poderá chegar a R$ 5 bilhões em 2023. Recursos que poderão financiar projetos estruturantes e fazer com o Rio seja menos dependente do petróleo.
Na região dos Lagos, ele defende investimentos em infraestrutura, em mão de obra, em internet rápida, no Porto do Forno, e no Aeroporto Internacional de Cabo Frio. “Na pandemia, com as viagens suspensas, a região sofreu muito. Só em Cabo Frio, 58% da população precisou receber o auxílio emergencial para conseguir sobreviver. Se houvesse outras alternativas econômicas, o impacto teria sido menor”, lembrou.
Ceciliano é pré-candidato ao Senado e, em entrevista, sustenta que, se houver maior articulação da bancada fluminense no Congresso Nacional, como fazem os parlamentares de São Paulo, Minas e dos estados do Nordeste, o Rio vai “decolar”.
Porque o senhor quer ser senador?
Porque tenho experiência política, acredito no potencial do Rio de Janeiro e tenho um perfil agregador, de diálogo, que é algo que precisamos resgatar nesses tempos de radicalismo e polarização em que vivemos. Já fui prefeito de Paracambi por dois mandatos e eleito quatro vezes deputado estadual. Nesse período, aprovei mais de 400 leis e assumi interinamente a presidência da Alerj em uma das maiores crises políticas do estado. Conheço cada município deste estado, sei quais são os problemas e as soluções. Além disso, sou o candidato do presidente Lula, ele já deixou claro que é em mim que ele confia.
Dê exemplos de coisas boas que o senhor já trouxe para a nossa região.
Vou citar aqui alguns exemplos. Cabo Frio vai ter um novo campus de agronomia: a UENF no distrito de Tamoios, porque a Alerj doou, com economias da Casa, R$10 milhões para a reforma da Fazenda Novos Campos. Outra medida de minha autoria foi a redução do ICMS para bares e restaurantes, igualando o imposto às alíquotas praticadas em Minas; a lei que zerou ICMS sobre energia elétrica para produtores rurais; incentivos fiscais para quem reformar prédios históricos para fins culturaias, entre outros. Outro projeto que pode beneficiar muito a região é o Fundo Soberano, que usa recursos excedentes dos royalties de petróleo para custear investimentos estruturantes em todo o estado, inclusive aqui. Só em 2022, mais de R$ 2 bilhões já foram para o fundo. .
E que investimentos seriam esses?
A Região dos Lagos tem uma tradição muito forte na área do turismo. Basta olhar ao redor para entendermos o porquê: as mais belas praias do país estão aqui, sem falar que é uma das cidades mais antigas do Brasil, com um patrimônio cultural riquíssimo! O turismo é muito importante, mas precisa ser o ano todo e não apenas na alta temporada. Para isso é preciso haver maior oferta de cursos para qualificação da mão de obra, melhor infraestrutura, estradas melhores, mais segurança, um ótimo sinal de internet para atrair os novos nômades digitais. Além disso, é possível explorar seus outros potenciais. Na pandemia, a região sofreu muito. Só em Cabo Frio, 58% da população ficou com 58% da população dependendo do auxílio emergencial para sobreviver. Isso é muito grave, foi a maior taxa proporcional entre todas as cidades do nosso estado!
Quais outros potenciais?
Eu visitei Cabo Frio em setembro e tive a oportunidade de conhecer o aeroporto internacional daqui, que tem potencial para ser um Viracopos do estado do Rio! Ele tem a segunda maior pista do estado, só perde para o Galeão, e tem capacidade para receber grande quantidade de cargas, além de 570 mil passageiros por ano. Além de estar em uma localização estratégica para o desenvolvimento da região. É urgente investir numa retroárea industrial porque a logística de distribuição, via aérea, já está pronta! Olha quantos empregos qualificados isso gera! Outro ativo muito importante da região é o Porto do Forno, que está em uma posição estratégica entre as bacias de Campos e de Santos e tem condições excelentes para a atracação de navios e movimentar a economia da região. Investir nesses ativos pode melhorar inclusive a produção têxtil da região, que depende da exportação durante os períodos de baixa temporada.
Quais outros investimentos seriam necessários?
Nas nossas reuniões sobre a aplicação do fundo aqui na região, vimos que é muito importante investir em um centro de convenções para atrair o turismo de negócios, por exemplo, que está menos relacionado à sazonalidade do turismo convencional na região. Outro investimento que pode beneficiar muito o turismo na região é o foco na infraestrutura, melhorando a estrada do Nelore, fazendo a duplicação da pista que liga Maricá a Macaé, e investindo nas estradas que ligam Nova Friburgo a Rio das Ostras e Silva Jardim a São Pedro da Aldeia. São investimentos que beneficiam o turismo, mas também o transporte de cargas e os próprios moradores da região.
E, caso o senhor venha a ser senador, qual seria a principal medida a ser tomada?
Rediscutir o pacto federativo. O Rio só perde. Arrecadamos bilhões de reais em impostos federais, mas menos de um quarto volta para cá. Para Minas, voltam dois terços. O Rio não tem tradição de se unir para defender os seus próprios interesses. É importante que esse dinheiro volte para o estado porque ele pode ajudar a melhorar os nossos serviços de Saúde, a pagar melhor os professor, equipar melhor os policiais. Por isso, é importante que o Senado tenha um representante que entenda de contas públicas e, principalmente, entenda o estado do Rio. Acredito que falta muita compreensão da realidade do nosso estado. Afinal, ou se joga futevôlei na praia ou se trabalha!
Provavelmente, o senhor está se referindo ao senador Romário…
Romário foi um ótimo jogador de futebol, fazia gol sem quase precisar se movimentar em campo. Mas jogar parado no Senado é gol contra! Ele é senador há quase 8 anos e o que entregou pro estado? Ele, inclusive, fala em R$ 250 milhões em emendas orçamentárias para o Rio, em todo o período dele como deputado e senador. Só que nem R$ 100 milhões disso foi efetivamente pago. Eu, eu três anos, como presidente da Alerj, consegui fazer uma economia de gastos que retornou mais de R$ 1,5 bilhão para a sociedade. Aqui tem trabalho sério, não é discurso. São entregas efetivas para a população.
Outro adversário que tem dado o que falar é o deputado Alessandro Molon (PSB). O senhor acha que a esquerda vai conseguir se unir em torno de um único candidato ao Senado?
PT e PSB têm um acordo segundo o qual o PSB indica o candidato ao governo e o PT ao senado. Eu espero que esse acordo seja cumprido. Lula já deixou claro que eu sou o seu candidato ao Senado, que é em mim em quem ele confia porque sabe que sou firme, que nunca abandonei o PT, nem nos momentos mais difíceis. Lula sabe que eu não vou fugir de bola dividida quando houver votações difíceis no Senado. Eu serei o Senado do Lula defendendo o Rio em Brasília.
O senhor também é criticado por sua relação próxima com o governador Cláudio Castro.
Como presidente da Assembleia Legislativa, tenho a obrigação e a responsabilidade de ter uma boa relação com os chefes dos demais poderes, porque é disso que depende a governabilidade. Quando os poderes não se entendem, quem sofre é o povo. Eu sou um político que trata todo mundo com cordialidade e acho que, sem diálogo, não tem solução. É hora de construir pontes e não de continuar a queimá-las.
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