O documentarista e ativista político Lucas Muller, de Cabo FrioRenata Cristiane

O documentarista e ativista político Lucas Muller, de Cabo Frio, foi o entrevistado do RC Cast, podcast em parceria com O Dia, desta quinta-feira (8). Aos 37 anos, já foi candidato a vereador e hoje é um dos maiores combatentes ferrenhos contra a especulação imobiliária em áreas de conservação ambiental de Cabo Frio, como o Mangue da Ogiva e as Dunas do Peró. “Se tivesse uma CPI de fraude imobiliária em Cabo Frio, iriam ter que responder muita coisa”, disse ele.

Segundo Lucas, não fossem os movimentos ambientais e algumas figuras políticas de fora da cidade – como o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL) – muitas dessas questões não viriam à tona e mais áreas de conservação seriam degradadas. “A secretaria de Planejamento é a maior criminosa”, disse ele, completando que o presidente da Comissão de Licitação da prefeitura de Cabo Frio, Gustavo Beranger – que é amigo pessoal do prefeito José Bonifácio (PDT), inclusive tendo trabalhado com ele nas gestões anteriores – está envolvido em esquema de legalização de área de posse para aprovar empreendimento. O Dia, inclusive, tentou contato outras vezes com o citado sobre essa questão, mas sem resposta.

Ainda nessa seara, falou sobre a luta em manter o mangue da Ogiva – “que inclusive não é reconhecido como mangue por José Bonifácio e Janio Mendes”. “É só o prefeito olha no Google. O mangue da Ogiva é um apêndice da laguna de Araruama, lá existem espécies variadas de animais, principalmente aves, são mais de 100 catalogadas”.

Com relação ao empreendimento na Ogiva – que apesar de ter tido anuência da Prefeitura, está na mira do MPF e por ora está paralisado -, a ação contra o empreendimento tem nada menos que 22 páginas. “Teve fraude imobiliária e são vários crimes ambientais cometidos ali”, frisou Muller, completando que a elite é quem toma essas terras com ajuda de grupos políticos. E ‘deu nome aos bois’.

“Família Capão, família Beranger, Osaná (…) Tudo em Cabo Frio é pros ricos, querem a segregação da cidade (…) Querem destruir o ecossitema para ganhar dinheiro, é isso (…) Ou a gente muda a visão de cidade, com sustentabilidade e geração de emprego de verdade, ou ela acaba. Temos que pensar que tipo de turismo queremos aqui (…) Qualquer lugar do Brasil dá banho em Cabo Frio no que diz respeito à geração de emprego aliada à sustentabilidade ambiental”.

Inclusive no próximo dia 15 de outubro, conforme Lucas Muller, haverá novo ato no Mangue da Ogiva – o sétimo -, em mais uma tentativa de por fim à especulação no local. “Precisamos mudar o norte dessa cidade”, completou.
Confira a entrevista na íntegra: