Manoel Peixinho: 'Medida é paliativa e são necessárias medidas estruturais' - Divulgação
Manoel Peixinho: 'Medida é paliativa e são necessárias medidas estruturais'Divulgação
Por PALOMA SAVEDRA
Pelo menos sete estatais da União vão abrir programas de demissão voluntária (PDVs), ainda este ano, podendo resultar em mais de 21 mil desligamentos de empregados públicos. Segundo o Ministério da Economia, a medida vai gerar redução de gastos com a folha de R$ 2,3 bilhões por ano.
Por outro lado, o especialista em Direito Administrativo e Constitucional, Manoel Peixinho, que também é professor da PUC-RJ, alerta para o risco de déficit de pessoal em órgãos que prestam serviços à população.
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Como o senhor vê a oferta de PDVs pela União?
Os Programas de Demissão Voluntária seguem determinados critérios de reduzir o quadro dos empregados e servidores públicos e, em algumas hipóteses, preparar empresas estatais para a privatização. Do ponto de vista do Estado, os PDVs podem ter consequências positivas e negativas.
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Quais são?
No lado positivo está a tentativa do governo de reduzir o número de servidores excessivos e desnecessários com a consequente geração de eficiência na prestação do serviço público. Do lado negativo há o perigo de serem reduzidos quantitativos excessivos de pessoal que termina por afetar diretamente a prestação do serviço público. Cite-se o caso do INSS. Há um quadro extremamente reduzido de servidores e isso impacta diretamente na concessão de benefícios previdenciários e assistenciais.
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E quais medidas as estatais poderiam adotar em vez de apresentarem os programas?
O que deveria fazer o governo federal antes de implementar PDVs? Fazer um amplo levantamento de setores públicos onde há carência de funcionários e promover transferência de determinado número de pessoal para suprir essa carência.
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Quando pode ser vantajoso e quando é desvantajoso para o funcionário?
Outro aspecto importante é a reflexão que o empregado público deve fazer antes de aderir ao PDV. Se ele estiver aposentado poderá optar e levar um dinheiro extra para casa ou investir em um empreendimento autônomo. 
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Se estiver próximo à aposentadoria deverá fazer a conta no sentido de aferir se os valores recebidos do PDV serão suficiente para pagar os anos que faltam para a aposentadoria e se é possível sobrar algum dinheiro para ficar como reserva de emergência ou abrir um novo negócio. 
Se o empregado público tiver ainda muito tempo para se aposentar e tiver outros ganhos ou investimentos pode ser uma boa oportunidade para investir num sonho ou em um projeto de vida.
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Como o profissional deve fazer essas avaliações?
Porém, muita atenção, se a pessoa adere ao PDV sem expectativa ou sem qualificação, a história recente dos PDVs mostrou que o incentivo à demissão jogou o cidadão ou cidadã no subemprego ou na informalidade porque o dinheiro recebido rapidamente foi consumido pelas necessidades cotidianas e a reinserção no mercado de trabalho se tornou quase impossível.
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Essa experiência amarga ocorreu nos governos de Fernando Henrique Cardoso como demonstram diversos dados de pessoas que aderiram ao PDV e foram à Justiça para tentar a reintegração, mas sem muito sucesso. Assim, empregado público ou servidor, pense, pondere, converse com a família ou amigos, estude as possibilidades e perspectivas antes de aderir a qualquer Incentivo de Demissão Voluntária para que você não seja jogado num abismo sem volta.