Guedes é contra redução salarial de servidores durante pandemia do coronavírus
Para o ministro da Economia, medida não seria uma saída para a situação econômica do país, já que o setor privado sofrerá retração; ele defende veto a aumento de remunerações por três anos
Por PALOMA SAVEDRA
Apesar de uma ala do Parlamento, em Brasília, defender fortemente a redução salarial de servidores do país para garantir mais recursos públicos durante a pandemia do novo coronavírus, o ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstrou ser contrário a essa medida. Guedes, que sempre discursou favorável à austeridade para o funcionalismo, disse no último sábado, em conferência com a XP Investimentos, não ver sentido em cortar remunerações nesse momento. Para ele, o caminho é apenas congelar reajustes por dois ou três anos.
O titular da pasta ressaltou que, neste momento de crise, "não faz sentido macroeconomicamente". E justificou que, diante da previsão de altos índices de desemprego como consequência das medidas de prevenção à pandemia (como o fechamento do comércio, por exemplo), mais cortes prejudicariam ainda mais a economia.
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"Já que o setor privado foi para o desemprego, foi para o auxílio emergencial, o funcionário público que está em casa, no isolamento, recebendo salário integral, então, pelo menos contribua com o Brasil. Quebra essa espiral de aumentos pelo menos dois, três anos", afirmou Guedes.
As declarações do ministro vão ao encontro do que representantes do setor público já argumentam sempre que esse assunto volta ao debate. E na semana passada, o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reacendeu esse assunto ao anunciar que o Parlamento avançaria com essa proposta, incluindo a redução dos vencimentos de deputados e senadores.
As alegações dos parlamentares são de que há necessidade de destinar mais verbas para a Saúde e os trabalhos de enfrentamento e prevenção à disseminação da Covid-19.
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Maia, porém, recuou depois de conversar com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Tofolli. O magistrado comunicou a integrantes da Frentas (Frente Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público), que reúne 40 mil juízes e membros do Ministério Público em todo o país, de que o presidente da Câmara firmou compromisso do Parlamento em não levar essa ideia adiante.
Mas, ainda assim, o corte salarial seguiu sendo defendido por diversos parlamentares.