Sessões na Câmara tem sido semipresenciais - Najara Araújo/Câmara dos Deputados
Sessões na Câmara tem sido semipresenciaisNajara Araújo/Câmara dos Deputados
Por PALOMA SAVEDRA
A manutenção do veto do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao reajuste de servidores de todo país - são cerca de 12 milhões, entre civis e militares, segundo dados do Ipea - reforçou as críticas do setor público ao governo e ao Parlamento. As categorias reagiram ao resultado da votação, que foi fruto de acordo entre deputados e o Executivo, após um dia de intensa articulação política.
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Na quarta-feira, o Senado derrubou o veto presidencial especificamente do dispositivo que garantia a possibilidade de reposição salarial aos funcionários públicos das áreas da saúde (que trabalham na linha de frente do combate à pandemia de covid-19) e educação. Em seguida, o governo fez uma forte atuação nos bastidores para reverter o resultado na outra Casa legislativa.
Eblin Farage, secretária-geral do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), criticou o veto e disse que, em especial nesse momento, o funcionalismo deveria ser valorizado.
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"A manutenção do veto sinaliza que o Congresso tem acordo com o Executivo no seu projeto de desestruturação das políticas públicas e sociais no Brasil. Se o Parlamento estivesse preocupado coma garantia de direitos da população, em especial, a população mais pobre, compreenderia que não existe serviço público de qualidade sem a valorização dos servidores públicos", defendeu. 
Eblin argumentou ainda que o poder público deveria investir na melhoria da prestação dos serviços à sociedade: "A prioridade de um país em crise e em plena pandemia de saúde deveria ser investir nas políticas públicas e sociais, em especial em educação e saúde pública. Para isso, é necessário que tenhamos servidores com remunerações adequadas".
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Moacir Lopes, diretor Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) fez coro, e disse que valorizar o funcionalismo é valorizar a sociedade. "Se você investe na população, todo mundo ganha", afirmou.
Lopes ressaltou que o dispositivo previsto no texto não dava garantia de aumento, já que qualquer reajuste a servidores tem que vir de iniciativa do chefe do Poder Executivo.
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Para ele, o veto a uma possibilidade é "uma desvalorização e desrespeito para quem está lutando para que milhões de vidas sejam salvas".
"Os trabalhadores da área da saúde atuam na linha de frente contra a pandemia, estão no limite do estresse. Há um desrespeito com essa categoria. Os heróis do Brasil são tratados dessa forma, e imagine o restante das categorias? O governo não quer nem dar a possibilidade de discutir o assunto... Vamos levar essa discussão a todo brasil e informar a sociedade", declarou o diretor da Fenasps.