O carnavalesco Leandro Vieira promete um desfile carregado no verde e rosa para o enredo Angenor, José & LaurindoDivulgação

Rio - A elite do Carnaval carioca retorna à Sapucaí a partir das 22h desta sexta-feira (22) para matar as saudades do maior espetáculo da Terra. As seis escolas que se apresentarão são, na ordem, Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Salgueiro, São Clemente, a atual campeã Viradouro e Beija-Flor. A noite será de reverência ao passado, valorização do povo preto, homenagem ao humorista Paulo Gustavo e declaração de amor ao Carnaval.
A Imperatriz Leopoldinense abre o desfile com o enredo "Meninos eu vivi... Onde canta o sabiá, Onde cantam Dalva & Lamartine". Com a volta da carnavalesca Rosa Magalhães depois de treze anos, este ano a Verde, Branco e Ouro vai homenagear o carnavalesco Arlindo Rodrigues, o patrono Luizinho Drummond, morto em 2020, e a própria agremiação.

A Estação Primeira de Mangueira também relembra o passado e reverencia os baluartes Cartola, Jamelão e Delegado. O carnavalesco Leandro Vieira promete um desfile carregado no verde e rosa para o enredo "Angenor, José & Laurindo". O primeiro, compositor e sambista, o segundo, intérprete, o terceiro, lendário mestre-sala que só recebeu nota máxima pela agremiação.
O carnavalesco Leandro Vieira adiantou uma surpresa que preparou para aqueles que vão acompanhar a apresentação da segunda maior vencedora do Carnaval carioca, com 20 títulos. "Fiquem de olho na segunda alegoria do desfile da Mangueira, porque é uma coisa ligada ao olfato. Ela vai apresentar o maior sucesso de um dos homenageados, que é o Cartola. Essa alegoria vai perfumar a Avenida", revelou Leandro.

O Acadêmicos do Salgueiro traz o enredo "Resistência". A Vermelho e Branco vai contar a história do povo negro no Rio de Janeiro. O enredo é da pesquisadora Helena Theodoro e o carnavalesco Alex de Souza vai valorizar com luxo e beleza a cultura negra no desfile da Academia do Samba.
Alex de Souza contou que o Salgueiro vai mostrar para o público da Marquês de Sapucaí que as marcas culturais deixadas pelas pessoas que foram escravizadas na África e trazidas para o Brasil são determinantes para a nossa formação identitária.
"O aprendizado maior é que, dentro do Rio de Janeiro e nas cidades limítrofes, ter uma história de Resistência, de territórios, de lugares onde a questão religiosa, a manutenção da cultura resiste até os dias de hoje. Isso foi perpetuado pela raiz africana, mas também é desenvolvido aqui no Rio de Janeiro, com lugares, ambientes, formas de encontros de cultura popular preta cujas histórias eu não sabia, não conhecia. Descobri muitas coisas das quais eu não fazia ideia e que foram determinantes para a cultura carioca e brasileira", afirmou o carnavalesco, que garantiu um desfile com "a cara do Salgueiro".

Com o enredo "Minha vida é uma peça!", a São Clemente será a quarta da noite a desfilar. A escola de samba de Botafogo homenageia o humorista Paulo Gustavo, que morreu em decorrência da covid-19 em maio de 2021. O carnavalesco Tiago Martins, que assina seu primeiro Carnaval após dez anos como diretor artístico da escola, vai destacar a mãe do artista, dona Hermínia, personagem interpretada pelo artista, e a bandeira do orgulho LGBT.

A atual campeã Viradouro vai festejar a volta da folia após dois anos e fazer uma declaração de amor ao Carnaval com o enredo "Não há tristeza que possa suportar tanta Alegria". A Vermelha e Branca de Niterói vai traçar paralelos entre a pandemia de covid-19 e o carnaval de 1919, que aconteceu após a gripe espanhola.

Para fechar a primeira noite de gala do maior espetáculo da terra, a Beija-Flor de Nilópolis apresenta o enredo "Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor". A Azul e Branco promete reflexões contra o racismo e de valorização das contribuições africanas dentro e fora da escola. A escola exalta a intelectualidade e a cultura negra do Brasil. O enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada.
Ao DIA, Louzada ressaltou a honra em assinar um desfile da agremiação de Nilópolis, Baixada Fluminense. "De verdade, é uma grande responsabilidade, mas eu não direcionei para mim os holofotes. É um enredo que me fez ouvir mais do que o exercício da fala. Todo o tempo fui o intérprete plástico de muitas vozes", afirmou.
Com várias passagens pelo comando da Beija-Flor, Louzada deu um pequeno spoiler de uma homenagem ao carnavalesco Laíla. Aos 78 anos, o diretor de Carnaval Luiz Fernando Ribeiro do Carmo foi uma das vítimas da covid-19 em 2021. Com mais de 50 anos de trabalho com o Carnaval carioca, Laíla dedicou mais de 30 à Beija-Flor de Nilópolis, sendo campeão 14 vezes.
"Se a Beija-Flor se credencia como escola de samba e de vida, voltada para a sua comunidade, tem sim, muito do trabalho do Laíla em sua história. Ele será homenageado, tanto pelo seu legado mas também como ícone, junto com tantos outros personagens exemplo expostos nesse enredo. Laíla sempre será inspiração para todos nós", defendeu Alexandre Louzada.