Na noite deste sábado (30), as seis escolas de samba vencedoras do Grupo Especial do Rio voltaram à Marquês de Sapucaí para o Desfile das Campeãs. Sem chuva e sem preocupações, as agremiações comemoraram as boas colocações e festejaram a volta do Carnaval.
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Apesar do temporal que deixou a cidade em estágio de atenção durante a noite de sexta (29) e madrugada de sábado (30), quem foi assistir às Campeãs foi presenteado com uma festa sem chuva. O Salgueiro, sexto colocado durante a apuração, abriu a noite, entrando na avenida às 21h30. O desfile se encerrou às 5h30 com a primeira colocada, Grande Rio, que ocupou a Sapucaí com a alegria de uma vitória inédita.
Salgueiro (6º lugar)
A Acadêmicos do Salgueiro abriu a noite, trazendo de volta à Sapucaí seu enredo "Resistência", do ex-carnavalesco Alex de Souza. Com alegorias e um samba marcante, a escola reforçou a potência do desfile.
A rainha da bateria Furiosa, Viviane Araújo, desfilou pelo segundo dia seguido. Na sexta-feira (29), a atriz marcou presença no desfile das Campeãs de São Paulo, para comemorar a vitória da Mancha Verde, escola da qual também é rainha. Exibindo o barrigão de 5 meses de gestação, ela atravessou a Sapucaí para comemorar a colocação do Salgueiro.
Portela (5º lugar)
A Azul e Branca de Madureira foi a segunda a desfilar e aproveitou a noite para corrigir alguns erros, se mostrando impecável na avenida. A escola, que teve problemas com uma das alegorias no dia 23, desfilou com o carro da savana em perfeito estado, trazendo para a Sapucaí a força do Baobá.
A porta-bandeira da escola, Lucinha Nobre, se apresentou em uma cadeira de rodas. A sambista quebrou o dedo mindinho esquerdo no final do último dia de desfile, mas não conseguiu ficar fora da festa. De forma inusitada e portando o pavilhão azul e branco, ela esbanjou carisma e graciosidade, mesmo com o pé pro alto.
Para 2023, a escola já garantiu o enredo, que vai comemorar o centenário da Portela.
Vila Isabel (4º lugar)
A quarta colocada trouxe seu ícone, Martinho da Vila, de volta à Avenida. A homenagem ao cantor estourou o tempo e terminou com 74 minutos, quatro a mais que o permitido, gerando uma multa de R$ 45 mil, segundo o regulamento da Liesa.
Antes mesmo do desfile começar, o esquenta já durou 20 minutos. O intérprete Tinga puxou sambas antigos e históricos da Vila como "Kizomba, a festa da raça", e reuniu alguns dos maiores sucessos de Martinho, como "Madalena".
Na frente do desfile, a escola carregou uma faixa saudando Mestre Mug, ex-mestre de bateria, que faleceu em junho de 2021: "Gratidão imensa ao nosso eterno Mestre Amadeu Amaral, saudoso Mestre Mug".
Viradouro (3º lugar)
Para comemorar a volta do Carnaval, o enredo da Viradouro não poderia ficar de fora. Com uma carta de amor à maior festa do mundo, a terceira colocada trouxe, mais uma vez, o carnaval de 1919 para a Sapucaí, relembrando a primeira celebração após a pandemia da Gripe Espanhola.
Novamente, a campeã de 2020 levantou o público, que entoou com orgulho o refrão "Carnaval te amo, na vida és tudo pra mim", ao som da bateria comandada por Mestre Ciça.
Beija-Flor (2º lugar)
A dinastia Beija-Flor retornou à Sapucaí como vice-campeã. Em um desfile poderoso, Nilópolis animou as arquibancadas e cantou a força do pensamento negro. A agremiação pisou na avenida de cabeça erguida, embalada pela voz de uma comunidade muito orgulhosa de sua própria história.
Além de comemorar o segundo lugar, a Beija-Flor celebrou mais uma vitória da Baixada Fluminense no Carnaval carioca, dessa vez para Duque de Caxias, com a Grande Rio. Ao final do desfile, atrás da última ala, a escola estendeu uma faixa onde se lia: "Parabéns, Baixada. Parabéns, Grande Rio. Grandes conquistas no maior carnaval de todos os tempos".
Grande Rio (1º lugar)
Exu abriu caminhos e trouxe a festa de Caxias até a Sapucaí. Com a energia de um campeonato inédito, a pista foi ocupada por integrantes antes mesmo do desfile começar. Na frente da comissão, a Passarela do Samba já era tricolor e muito mais caxiense do que carioca.
Comemorando com orgulho a primeira vitória no Grupo Especial, a comunidade desfilou com faixas de campeão no peito, esbanjando alegria. Até mesmo o ogan Luiz Bangbala, de 102 anos, considerado o mais velho do Brasil, ostentou a faixa enquanto desfilava em uma das alegorias.
Para o próximo carnaval, a Grande Rio promete trazer o cantor e compositor Zeca Pagodinho como enredo, homenageando sua história e seu sítio no distrito de Xerém, onde acontecem famosas festas e rodas de samba. No entanto, o tema do próximo desfile ainda será conversado com os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.
Como de costume, ao final do desfile, o público se reuniu na pista e seguiu a escola campeã, promovendo um enorme bloco de carnaval. Assim como a Vila, a Grande Rio também estourou o tempo estipulado, encerrando a passagem com seis minutos além do permitido. Segundo a Liga, o atraso prevê R$ 75 mil de multa, mas diante da felicidade de comemorar um carnaval após dois anos e de conquistar o primeiro título, 76 minutos foram pouco tempo para derramar na avenida toda alegria que estava presa no peito do povo do samba.
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