Tia Surica vai se apresentar no Terreirão do Samba na sexta-feiraEstefan Radovicz

Rio - Após o resultado das eleições na Portela, realizadas neste domingo (29), a matriarca Tia Surica, 81 anos, foi eleita presidente de honra da escola; esta a primeira vez que uma mulher ocupa esse posto no mundo do samba. Ícone da Portela há 77 anos, a baluarte é considerada uma lenda viva da cultura popular do Rio.
Apesar de o cargo ser simbólico, Tia Surica afirmou, em entrevista ao DIA, que seu desejo será sempre o melhor para a escola e que, hoje, pensa apenas em se posicionar sobre concordar ou não com ideias propostas.
"Eu quero o melhor para minha escola. A eleição foi ontem, vamos ter que fazer reuniões até arrumar a casa direitinho e aí chegar em um denominador comum. O que eu não aceitar, vou dar minha opinião mas, do jeito que está indo, tudo está dando certo", explicou.
De acordo com Tia Surica, ser homenageada como presidente de honra da Azul e Branca é motivo de orgulho. Filha de portelenses, Iranette Ferreira Barcellos já desfilava pela escola desde 1940, quando tinha quatro anos. Para a matriarca da Portela, a homenagem é mais do que suficiente.
"Eu fico satisfeita com a homenagem. É de uma satisfação muito grande ser a primeira mulher no mundo do samba a ser eleita presidente de honra. Apesar de a escola ser reconhecida como pioneira em tudo que faz, como a primeira mulher na bateria e a primeira mulher na comissão de frente, entre outras mais, estar nesse hall é de extrema felicidade", afirmou.
Para ela, substituir Monarco como presidente de honra da escola é motivo de orgulho por toda sua trajetória na escola. Atualmente, Surica é a única pastora da Portela. As pastoras eram mulheres responsáveis por selecionar os sambas que seriam bem acolhidos e ensinar a comunidade a cantá-los.
"Eu queria essa posição, por ter trabalhado com Monarco. Obvio que não queria que ele morresse para substitui-lo, mas não havia outra pessoa a ser indicada a não ser eu. Isso foi ótimo. Vou ser a mesma mulher, a mesma de se posicionar, porque isso tudo é uma passagem. A Portela em primeiro lugar é meu lar, e a minha segunda família", finalizou.