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Terceiro dia de Rock in Rio tem suspense de Bieber, Demi Lovato em fase roqueira e Luisa Sonza no Sunset
Iza, a primeira mulher brasileira negra a cantar no festival, emocionou ao performar 'No Woman No Cry' acompanhada pela mãe, Isabel, no piano
Rio - Este domingo, terceiro dia do Rock in Rio, foi marcado por um público formado em sua maioria por adolescentes ansiosas para as apresentações de Justin Bieber e Demi Lovato. O cantor canadense de 28 anos foi quem mais deu trabalho a suas admiradoras, já que só apareceu publicamente alguns minutos antes de sua apresentação. As Beliebers ficaram na expectativa, temendo um possível cancelamento do show, assim como aconteceu em São Paulo. Mas no final das contas, o menino apareceu e deu tudo certo.
A abertura do Palco Mundo ficou por conta dos mineiros do Jota Quest, que estão completando 25 anos de carreira e entraram no line-up em substituição ao trio Migos, que se desfez. A banda comandada por Rogério Flausino animou o público com hits como "Fácil", "Além do Horizonte", "Na Moral" e "Do seu lado", entre tantos outros. Flausino ainda fez um discurso em defesa do meio ambiente. "Amanhã é o Dia da Amazônia, sabiam? Salve a Serra do Curral, o Pantanal, a Chapada dos Veadeiros. Isso aqui é de todo mundo, não tem lado", disse.
O segundo show do Palco Mundo ficou por conta da cantora Iza, a primeira mulher brasileira negra a se apresentar no espaço. A artista chegou ao local em meio a uma chuva fina e já entoou logo grandes hits de sua carreira, iniciada em 2017, como "Pesadão", "Gueto" e "Ginga". Iza contou com uma equipe de excelentes dançarinos e uma banda espetacular, com seis backing vocals. "Alguém aqui me assistiu em 2019? Olha nós aí, Rock in Rio", disse Iza, que se apresentou ao lado de Alcione, no Palco Sunset, na ocasião. Ela também já se apresentou no festival em 2017, a convite de CeeLo Green.
Durante o show, Iza também falou sobre a pandemia da covid-19. "Esse é um final de semana de celebração, porque a gente sobreviveu, a gente está tirando onda", disse. Fotos de Seu Jorge, Dona Ivone Lara, Paulinho da Viola e Martinho da Vila foram projetadas no telão enquanto a artista fazia a performance de "Gueto". Um dos momentos mais emocionantes foi a performance de "No Woman, No Cry", de Bob Marley, em que Iza celebrou a trajetória de mulheres negras acompanhada pela mãe, Isabel Cristina, ao piano.
A terceira atração do Palco Mundo foi a cantora americana Demi Lovato, que levou um clima mais rock n' roll para um dia cheio de atrações pop. A artista de 30 anos voltou ao Brasil com a turnê "Holy Fvck", que tem uma forte pegada pop punk.
A cantora também deu um tom mais pesado a canções antigas como "Remember December", "La la land" e "Confident", que foram as mais esperadas pelos fãs. Entre as músicas mais novas, "29" foi a que fez mais sucesso. Nela, Demi fala sobre seu relacionamento com o ator Wilmer Valderrama. Ela o conheceu quando tinha apenas 17 anos e ele 29. O namoro durou seis anos.
Outro ponto alto do show foi a banda de Demi, formada só por mulheres: Nita Strauss, Leanne Bowes, Brittany Bowman e Dani McGinley.
E, por fim, o canadense Justin Bieber, de 28 anos, encerrou os trabalhos no Palco Mundo. O artista iniciou pontualmente às 23h e abriu os trabalhos com "Somebody", do seu álbum mais recente, "Justice", que teve oito indicações ao Grammy.
No palco, Bieber exibiu imagens com legendas em português em que ele aparece falando sobre o momento em que está passando atualmente, com muitas referências a Jesus. As fãs, as Beliebers, foram à loucura e deram muitos gritinhos quando o cantor tirou os óculos escuros que estava usando. "Rio, como estão se sentindo? Estou agradecido de estar aqui hoje, teremos uma ótima noite", disse Bieber, logo antes de cantar "Holy".
Logo em seguida, o cantor já voltou sem camisa e cantou "Where Are Ü Now" e "What Do You Mean". Um dos momentos mais emocionantes foi quando o cantor fez a performance de "Love Yourself", apenas com o violão, e as fãs gritaram os versos da música a plenos pulmões.
Apesar das especulações de que não queria estar ali, Justin Bieber mostrou que os rumores não eram verdade e fez um bonito show, com muitas referências aos problemas de saúde que têm enfrentado. Ele foi diagnosticado com síndrome de Ramsay Hunt, Doença de Lyme e depressão. Desde então, o astro tem se apoiado em sua fé em Deus e no amor pela mulher, Hailey.
O canadense também cantou "Baby", seu sucesso mais antigo. Após a oração e escutar um "Bora meu pastor" de uma fã no meio da plateia, Bieber cantou no piano "Peaches", uma música sobre maconha, e encerrou a noite com "Anyone".
PALCO SUNSET
O Palco Sunset também bombou neste terceiro dia de festival. O cearense Matuê abriu o espaço e animou os fãs com muito trap. O artista levou para o palco vários skatistas, que fizeram altas manobras no local. O público cantou a plenos pulmões as músicas “Máquina do tempo”, “Cogulândia”, “Banco”, “Antes”, “Gorila roxo” e “Anos luz”. Esta última é um dos primeiros sucessos do rapper. O show chegou ao fim ao som de "777X666". O cantor também fez um protesto silencioso contra o governo e levantou um skate com a inscrição "Fora Bozo" durante a música "Kenny G.".
Em seguida foi a vez de Luísa Sonza, que convidou a mineira Marina Sena, incendiar o Sunset, que ficou pequeno para a jovem gaúcha de 24 anos. Durante sua performance no evento, Luísa entregou todos os seus grandes sucessos, que não saem da lista de mais ouvidas das plataformas de streaming, como "Boa menina", "Anaconda", "Sentadona", "Cachorrinhas", entre outras.
Entrosadas, Luísa e Marina Sena fizeram três duetos, incluindo o hit "Por Supuesto". Sozinha novamente, Luísa começou com as românticas e, em "Melhor Sozinha", fez uma homenagem para Marília Mendonça, que morreu em novembro de 2021 em um acidente aéreo. A canção tem uma versão gravada com a sertaneja. "Uma grande amiga me disse que o amor entre duas pessoas não é uma necessidade, é uma escolha", disse Luísa, emocionada, se referindo a Marília.
Uma música que não poderia faltar é "Penhasco", sempre relacionada ao fim do casamento de Luísa Sonza com Whindersson Nunes. Nesta performance, a cantora sentou no chão e cantou com tristeza. Whindersson, inclusive, estava nos bastidores do show de Luísa e surpreendeu o público acompanhando tudo da coxia.
Depois foi a vez do rapper Emicida, que convidou Drik Barbosa, Rael e Priscilla Alcantara. Engajado, Emicida deu uma alfinetada na produção do festival, que recomendou aos artistas que não falassem sobre política.
"Tem gente dizendo que não é de bom tom falar de política no palco de festival", disse o artista no palco. "Mas, se eu estou vivo aqui, é porque o Racionais decidiu falar de política 30 anos atrás", completou. Em algumas entrevistas, Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio, se mostrou contrária a manifestações políticas em festivais.
O artista ainda incentivou o público a se manifestar contra o governo. "É difícil ouvir o que vocês estão dizendo. Podem falar mais alto?", pediu ao ouvir os gritos de "Fora Bolsonaro".
Com Priscilla Alcantara, Emicida cantou o louvor "Você aprendeu a amar?" e também a canção "Hoje Cedo", inicialmente gravada com Pitty. Drik Barbosa e Rael também fizeram participações e cantaram músicas de seu próprio repertório como "Luz" e "Envolvidão", respectivamente.
E para fechar o Palco Sunset com chave de ouro, o espaço recebeu Gilberto Gil, que subiu ao palco ao lado da família. O show foi um tributo aos seus 80 anos de vida, completos em junho deste ano. O artista já começou com suas músicas clássicas e animou o público. "Minha primeira vez aqui [em 1985] tinha muita lama. Hoje não tem lama, mas tem uma chuvinha. A água está com a gente", disse Gil antes de apresentar sua banda, formada por filhos, netos e amigos.
Ele também protagonizou um momento bonito ao lado da neta, Flor Gil, filha de Bela Gil. "É o Rock in Rio, minha neta querida", disse o cantor, ao ver a emoção da adolescente de 13 anos. O veterano e Flor cantaram "Garota de Ipanema". A jovem não segurou a emoção e foi às lágrimas durante a performance.
Ainda no clima familiar, Preta Gil e seu filho, Francisco, subiram ao palco para cantar "Andar com Fé". A cantora vestiu uma camisa em homenagem ao irmão, Pedro, filho de Gil, morto aos 20 anos em um acidente de carro em 1990.
Gil se despediu do público do Rock in Rio ao som de "Toda Menina Baiana".
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