Marjorie vive a doce Manu em 'A Vida da Gente'. A novela das 18h foi exibida pela primeira vez em 2011 - João Miguel Júnior / TV Globo
Marjorie vive a doce Manu em 'A Vida da Gente'. A novela das 18h foi exibida pela primeira vez em 2011João Miguel Júnior / TV Globo
Por Filipe Pavão*
Rio – Depois de dar vida a Dra Carolina nos episódios especiais de “Sob Pressão – Plantão Covid”, Marjorie Estiano volta às telinhas da Globo com uma trama já conhecida do público e que gera muita saudade: a novela “A Vida da Gente”. Escrita por Lícia Manzo, o folhetim substitui “Flor do Caribe”, a partir desta segunda-feira, na faixa das 18h.
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“O que mais me marcou na novela foram as conversas e as trocas entre os personagens. Era muito emocionante no bastidor e em cena. Era uma troca muito sincera, honesta e bonita entre atrizes e personagens “, revela Marjorie, que interpreta a doce e tímida Manu, uma jovem rejeitada pela mãe Eva (Ana Beatriz Nogueira), que só tem olhos para a filha esportista, Ana (Fernanda Vasconcelos).
Exibida originalmente em 2011, a trama traz à tona a complexidade das relações humanas e a contemporaneidade das relações familiares. Na história, Ana se apaixona pelo irmão postiço, Rodrigo (Rafael Cardoso), filho de Jonas (Paulo Betti). Por ordem da mãe e da treinadora Vitória (Gisele Fróes), que não aprovam a relação, ela foge grávida para outra cidade. Em uma reviravolta da trama, ela entra em coma e quando desperta anos depois, vê a filha sendo criada pela irmã Manu e pelo amor Rodrigo. E, assim, é formado o triâgulo amoroso que dá norte à narrativa.
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Marjorie conta que Manu é um dos papeis mais lembrados pelo público até hoje. Mas, além disso, ela reforça que a história de Lícia Manzo foi importante para a sua trajetória como atriz, seja pelos diálogos potentes, cenas desafiadoras, ou conflitos atemporais.
”Eu estava em uma etapa de compreensão do exercício da profissão e a personagem era muito complexa e profunda. Ela dava material para que eu pudesse fazer uma transição de fase enquanto atriz. Ela me deu amparo para eu aprender como se constrói e se faz uma cena, o que eu preciso e quais são meus instrumentos para eu poder potencializar o que estava escrito no papel”, conta.
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Relação com Nicette Bruno
Marjorie se emociona ao relembrar o privilégio de atuar ao lado da atriz Nicette Bruno, que faleceu aos 87 anos em 2020, vítima da Covid-19. Ela ainda faz um paralelo entre a relação das personagens, da neta Manu e da avó Iná, com a das duas atrizes, por ter se sentido muito acolhida pela veterana.
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“A Nicette é uma pessoa que atravessa gerações. Ela tinha uma conexão muito clara, muito simples e sensível com todos os assuntos. O mundo se transforma muito e, às vezes, você tem dificuldade de acompanhar as mudanças, mas a Nicette parecia que já sabia. Ela estava à frente de tudo o que estava acontecendo”, diz.
A atriz ainda relembra um acontecimento dos bastidores que não se esquece envolvendo a Nicette e o marido, Paulo Goulart, que faleceu em 2014. Elas estavam voltando ao Rio, depois de uma série de gravações no Sul do Brasil, quando Marjorie escutou uma chamada telefônica do casal.
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“Percebi que ela falou para ele: 'Não precisa me esperar, a gente vai chegar tarde. Vá dormir e a gente se fala de manhã'. Ele respondeu alguma coisa e ela finalizou: 'Sim, então, está bom. Me espera'. Depois, eu perguntei: 'Nicette, desculpe, mas não consegui deixar de ouvir. Para que ele poderia te esperar?'. Ela olhou para mim, com olhar malicioso, mexeu no cabelinho e deu uma risadona. Eu também morri de rir e falei: 'Está entendido. Obrigada, Nicette'”, conta Marjorie, aos risos.
“Casados há tantos anos e era tão viva essa relação, essa delicadeza... Ver que eles tinham uma relação erotizada naquele momento da vida, era incrível. A Nicette foi realmente um espetáculo”, finaliza.
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Pandemia
Em março, completa um ano que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia da Covid-19 e aconselhou o distanciamento social. Para Marjorie, são tempos sensíveis e angustiantes. Ainda assim, ela acredita que a história de afeto e de acolhimento da novela volta em um bom momento para mostrar que, independente dos acontecimentos, a vida pode seguir.
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“Tive momentos diferentes ao longo desse tempo de pandemia. Agora, continuo triste, sensível, abalada e perplexa, mas, ao mesmo tempo, as angústias e os medos estão com contornos diferentes. Eles não ficaram menores, mas ficaram diferentes. Tem um anestesiamento”, reflete Marjorie.
“Eu fico espantada de não reconhecer em mim o espanto que deveria ter ao saber que, nesta semana, a gente teve o maior número de óbitos em 24 horas. A gente está vivendo uma tragédia e não tem como se acostumar com isso. Vai levar um tempo ainda para retomar, mas eu confio que a vida segue”, completa.
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* Estagiário sob supervisão de Tábata Uchoa