Maytê Piragibe fala sobre empreendedorismo e negócios em família: ‘Liderança feminina’
Atriz usou o prêmio do ‘Dancing Brasil’ para transformar uma fazenda de animais em plantação de flores na Serra da Bocaina
Por Filipe Pavão*
Rio - Atriz, apresentadora, produtora de conteúdo, empreendedora e perfumista. Essa é Maytê Piragibe, que começou a fazer publicidades aos quatro anos de idade e chegou à TV aos 17, onde engatou diversos trabalhos na Globo e na Record. Hoje, aos 37 anos, ajudou a mãe, Teresa Cristina, a transformar uma fazenda de criação de animais da família em uma colheita de plantas aromáticas para retirada de óleos essenciais na Serra da Bocaina, que é considerada um Patrimônio Mundial pela Unesco e que está cercada pela Mata Atlântica.
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“Foi um chamado espiritual da minha mãe nessa área que é tão sagrada e de preservação ambiental. Ela começou a ter uma sequência de sonhos com a minha filha [Violeta] e com símbolos ancestrais da agricultura. Na sequência, a gente viajou para a Europa e ela começou a estudar mais a aromaterapia porque lá existe um maior reconhecimento sobre terapias alternativas. Assim, a gente viu que, além de um chamado, era uma possibilidade de crescimento profissional e de colocar serviço de cura para a humanidade”, revela Maytê, que usou o prêmio do reality “Dancing Brasil” e entrou como cofundadora do projeto em 2017.
De lá para cá, elas vêm colhendo ótimos frutos e conquistando espaço no mercado com uma cartela de 20 plantas medicinais que, por meio da destilação, produz óleos essenciais puros. Mas também fazem águas de ervas e mel de lavanda de maneira orgânica, sustentável e “cruelty free”, ou seja, sem matar ou prejudicar animais. “Aos pouquinhos, a mãe natureza está retribuindo todos os cuidados que a gente está tendo com ela”, diz.
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Maytê, que já escolhia um perfume para cada processo de criação de suas personagens, ainda encontrou mais um talento nessa jornada empreendedora: o da perfumaria. “Quando eu fazia uma vilã, que era mal-amada e sentia raiva, eu somatizava dores no estômago. Nesse momento, minha mãe me apresentou a aromaterapia e me abriu esse portal que mostra como é significativo a conexão das plantas medicinais. O trabalho como perfumista veio desse insight”, conta.
Ela ainda dá dicas de como utilizar a medicina e a terapia alternativa, que vem obtendo mais adeptos nos últimos anos. “Acabei de sair de uma dor de garganta fortíssima. Pensei que estava com coronavírus de novo. Fui ao médico, fiz exames e além do anti-inflamatório, eu usei a melaleuca, que acelera o processo de cicatrização, e o eucalipto, que trabalha as vias respiratórias, além do alecrim-do-campo e erva baleeira”, detalha Maytê, que ainda pondera a necessidade de manejar os produtos com cuidado e com o acompanhamento de especialistas.
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Empreendedorismo feminino
Se a mãe acompanhava a filha nas gravações quando criança, hoje é a filha que fortalece e engaja os sonhos da mãe. Para Maytê, é importante dar esse suporte e reconhecer as nossas próprias raízes para dar espaço ao protagonismo feminino e, assim, surgir lideranças em todas as esferas da sociedade, desde a política até a artística.
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“Minha mãe e eu estamos nesse empreendedorismo com liderança feminina, ecológica e consciente. Então, imagina a dificuldade que a gente passa. A gente vive em um mundo extremamente machista e que parece ter idade para você ser bem-sucedida. Mas, olha minha mãe: aos 60 anos, ela está no auge da juventude, do frescor, do crescimento e da potência de realizar. Esse é um chamado muito especial para dizer que não tem hora, nem idade para você brilhar, tomar as rédeas da sua vida e correr atrás dos seus sonhos”, reflete.
“A pandemia provou que a mãe terra pediu uma pausa. E nós somos a própria mãe terra, a gente gera a vida. Enquanto a gente não resgatar o nosso poder, o ecossistema vai continuar desequilibrado. Acredito que chegou o momento das mulheres, mas não pela briga e pela disputa como nos ensinaram. Cada mulher tem o direito de florescer como a rosa e parar de olhar para os espinhos, que a gente tem e que vem desde a ancestralidade de muita violência com nossas avós e bisavós. Chegou a hora de libertar isso por meio da leveza e do amor”, finaliza Maytê.