Giovanna Antonelli
Giovanna AntonelliGlobo/Victor Pollak
Por TÁBATA UCHÔA
Rio - Atriz, empresária, mãe, mulher... Giovanna Antonelli não para. E nem quer! A atriz se desdobra em mil para dar conta de realizar todos os seus sonhos e, determinada, avisa: "Eu não desisto de nada. Nunca". Amanhã, no Dia Internacional da Mulher, Giovanna estreia a série exclusiva Globoplay "Filhas de Eva", que não poderia ser lançada em uma data melhor, já que trata dos conflitos e desejos de três mulheres em diferentes fases da vida. Mas, para a atriz, a mulher deveria ser homenageada todos os dias e não apenas em 8 de março.
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"Eu acho que o Dia da Mulher é todo dia. 365 dias por ano. Pronto, falei. O Dia da Mulher é todo dia porque a gente é muito sinistra. A gente está aqui trabalhando, a gente está cuidando de filho... A outra está com febre ali dentro, aí eu já passo um recado pra minha babá aqui no canto, depois já vou decorar texto de novela, depois vou namorar com meu marido, vou jantar... Antes de entrar aqui na entrevista estava passando um aspirador. Então como um dia só? É todo dia. A gente é incrível. A gente é o máximo. A gente gera vida", afirma a atriz, que diferentemente de sua personagem, Lívia, é uma mulher livre e sem amarras. 
"A Lívia é uma mulher bem sucedida profissionalmente, é psicóloga de casais e tem uma vida a dois. Ela consegue resolver o problema dos outros mas não consegue resolver a vida dela. Ela é cheia de amarras emocionais. Criou um castelo no relacionamento dela e vive de ilusão dentro desse casamento, até porque ela é influenciada pelo casamento dos pais, que são casados há 50 anos. Então, ela vê um padrão familiar que ela endeusa, segue, gostaria de viver. Só que a realidade da relação dela não é essa. Ali dentro da série são mulheres que querem se libertar de amarras, de padrões pré-estabelecidos e querem se transformar", explica Gio sobre como a liberdade é abordada na trama. 
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"Falando da minha vida, eu me sinto livre em várias situações. Me sinto livre quando posso ir para onde eu quiser, quando posso tomar decisões, quando posso pagar as minhas contas, quando posso olhar para o pôr do sol. Eu sinto muita liberdade em uma viagem... Eu acho que dependendo da situação, a gente tem vários lugares de liberdade que a gente pode viver na nossa vida. A liberdade vem de coisas pequenas. Isso enche a gente", diz a atriz, que dá muito valor ao momento presente.
"O ano passado veio para provar que nós temos que valorizar tudo cada vez mais. A gente não sabe se vai estar aqui amanhã. Com a covid-19, a gente não sabe como a cada pessoa vai reagir (à doença), independente de ser saudável ou não. Então, liberdade é você fazer todos os dias coisas que te deixam feliz. Eu vivo o presente. O passado já foi, o futuro não sei se vai ser bom ou ruim. Eu escolho o hoje. Amanhã não sei se vou estar viva. Eu sou intensa, sou suspeita para falar, mas acho que cada vez mais estamos aprendendo isso". 
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Sonhos
A série "Filhas de Eva" fala sobre as mudanças da vida e a coragem de se transformar, mudar radicalmente buscando evolução. O estopim da história acontece quando Stella (Renata Sorrah) percebe que viveu 50 anos de acordo com o que esperavam dela, que abriu mão de sonhos e resolve fazer algo para mudar. Giovanna revela que nunca deixou de correr atrás de seus sonhos. No máximo, adiou algumas coisas para voltar a elas em um momento mais oportuno. 
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"Nada vem desacompanhado na vida, a gente está toda hora abrindo mão de algumas coisas para correr atrás de outras. Quantas vezes eu deixei de estar em casa para estar trabalhando. É óbvio que é uma escolha. É uma escolha por milhões de motivos, tudo isso em busca dos sonhos. A maternidade é uma busca de um sonho. As vezes você deixou de fazer outras coisas porque resolveu ser mãe. Mas eu vejo como etapas da vida. Você não tem que abrir mão, você adia. Quando a gente amadurece, a gente entende que está dando uma adiada naquilo para fazer algo que é imprescindível naquele momento. Eu não desisto de nada. Nunca. Então, sempre volto atrás daquilo que eu dei uma encostada por um momento". 
Comédia dramática
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Apesar de abordar as transformações nas vidas das personagens, "Filhas de Eva" aborda o tema de uma forma leve. "É uma comédia dramática porque a gente tem situações muito divertidas que são completamente reais e que são situações dramáticas também. A nossa série é leve. Ainda mais depois dessa pandemia, tudo o que a gente quer como público -- nós somos atores mas somos expectadores também -- é assistir coisas com as quais nos identificamos e que ao mesmo tempo tenham uma leveza para tratar de assuntos que as vezes ficam tão inflamados. E aí cada um vai tirar as suas próprias conclusões. O que a gente propõe é uma comédia dramática e leve", explica Giovanna.
Geração premiada
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A atriz reflete sobre o Dia Internacional da Mulher e chega a conclusão que ainda há muito pelo que lutar, mas ressalta que os avanços que as mulheres fizeram não podem ser negados. A mulher tem muito mais voz atualmente e está alcançando cada vez mais cargos de importância.
"A gente tem tanta voz e a gente gritou tão alto na nossa geração que é um caminho sem volta. Querendo ou não, eles (os homens) vão ter que aprender. Eles vão ter que engolir. Eu tenho um filho de 16 anos, ele me emociona todos os dias. O meu filho é um príncipe", diz Giovanna sobre Pietro, fruto do extinto relacionamento com Murilo Benício. 
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"Ele foi bem criado por mim, pelo pai dele, pelas conversas em casa. Ele é de uma gentileza, de uma generosidade, com as mulheres, com os homens, com as pessoas. É como a vida deve ser... Eu acho que essa geração dos nossos filhos e netos já veio premiada e sorteada, muito esclarecida, muito livre. Essa geração já nasceu livre, com outro olhar. Mas a nossa, a gente tem tanta voz, a gente é tão forte. Eu acho a mulher tão incrível, eu tenho um orgulho tão grande de ser mulher, que é um caminho sem volta".
'Estou sempre em obras'
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Giovanna Antonelli começou a trabalhar aos 13 anos e estreou na Globo em 1994, aos 18. Por isso, ela acredita que está sempre mudando, sempre se transformando, diferente de sua personagem em "Filhas de Eva", que está sempre enquadrada no padrão que esperam dela.
"Eu comecei muito jovem. Com 13 anos já estava trabalhando, por isso estou sempre em obras. Eu estou sempre em construção, estou sempre mudando interna e externamente a minha vida inteira. Eu já não sou mais igual eu era no ano passado, no ano retrasado. Eu me sinto uma pessoa em obras, o tempo todo. Eu estou sempre de mudança e é sempre a fim de melhorar. Eu vou fazer 45 anos. As vezes eu penso: 'eu já vivi 45 anos desse jeito, será que eu quero viver mais 45 anos desse jeito ou de outro jeito?'. Eu tenho muita vontade de mudar o tempo inteiro. Não sei pra onde ainda, mas eu estou sempre em busca desse propósito novo. Eu topo tudo, eu aceito tudo porque eu tenho certeza que vai dar certo", explica a atriz, que não gosta de se encaixar em padrões. 
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"Isso depende muito da sociedade em que você vive, mas eu me sinto completamente fora de padrão. Eu não fico pensando se eu tenho que ter um padrão para agradar alguém. Quanto mais velha eu fico, menos vontade de ter padrão eu tenho. Cada um tem que quebrar o seu padrão de onde te incomoda se enquadrar. Eu odeio enquadramento. Você se autolibertar é análise, é meditação, é terapia".