A Capitã Tatiana Lima se destacou em uma área que ainda é ocupada em sua maioria por homens Divulgação

Ela trabalha como policial há 14 anos, foi comandante da UPP do morro Dona Marta e subcomandante das UPPs da Cidade de Deus e da Mangueira. Criou e chefiou a Ouvidoria das UPPs, é especialista em Gênero e Direito, e também é instrutora de Polícia de Proximidade nos cursos de formação da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Hoje está lotada no Batalhão de Choque e no ano passado, durante o curso de Motociclistas e Escolta, foi a única mulher do grupo a raspar a cabeça e ficar igual aos homens. Hoje o nosso mulherão é a Capitã Tatiana Lima, um exemplo da força feminina em uma área que ainda é ocupada, em sua maioria, por homens.
A policial é defensora da igualdade de oportunidades entre os gêneros e levanta a bandeira da luta pela redução da violência contra as mulheres. Sua mensagem é para que essas mães, trabalhadoras e chefes de família deixem o medo de lado e busquem alcançar seus objetivos. “Uma mulher pode ser o que ela quiser. É só acreditar e não deixar que ninguém limite o seu valor ou te diminua”, explica Tatiana.
Por que você decidiu entrar para a polícia?
Tenho 38 anos e há 14 anos estou na polícia militar. Sempre gostei da área militar e decidi entrar na polícia não só por admirar essa área, mas porque essa sempre foi a carreira que mais me identifiquei. A polícia faz o atendimento imediato ao cidadão. Gosto muito de ajudar as pessoas e a polícia é o primeiro amparo da sociedade quando o cidadão precisa. Estar perto das pessoas e poder ajudar de forma imediata é o que me conquistou.
Como é trabalhar para reduzir a violência contra a mulher? 
Quando trabalhava nas UPPS eu pude ver de perto o quanto as mulheres são guerreiras. Nas comunidades existem muitas mulheres que são chefes de família, que trabalham, correm atrás, estudam, batalham todos os dias. Existem muitas que são até avós. Mulheres jovens, que já têm netos e que fazem de tudo para cuidar da família. Em muitos casos, as mulheres engravidam e os seus companheiros vão embora e elas precisam se virar sozinhas, cuidar da família. São verdadeiras guerreiras. E entre essas guerreiras, muitas sofrem violência doméstica. Muitas sofrem caladas por não saberem os seus direitos ou por medo de denunciar. Muitas dependem do marido ou do companheiro e acabam aceitando e se submetendo à agressão. Nem sempre é só a violência física, mas violência psicológica e violência moral também. Dessa experiência veio a vontade em me especializar na área de gênero e direito e fazer algo mais por essas mulheres. Sempre que posso, busco ajudar através de orientação e também servir como exemplo. Busco sempre me aprimorar e me especializar, para mostrar a elas que é possível ser o que a gente quiser. É só se esforçar. Podemos minimizar esses danos, precisamos de cada vez mais políticas públicas de apoio às mulheres. Principalmente apoio às mulheres que não têm acesso à informação, aquelas que vivem na miséria e em situação de risco.
Qual recado você deixaria para nossas leitoras e para todas as mulheres?
Meu recado é para que as mulheres busquem sempre correr atrás dos seus sonhos. Não tenham medo. Sei que pode parecer fácil falar e só quem vive em um ciclo de violência sabe o que sofre. Mas eu tenho que encorajar as mulheres a sair desse ciclo, para que não tenham medo de denunciar e correr atrás de seus direitos, buscar uma rede de apoio. Não deixe que ninguém te diminua por ser mulher, pois uma mulher pode ser o que ela quiser. Qualquer pessoa pode ser o que quiser, independente do seu gênero, cor ou raça. O recado é acreditar em você.