A Capitã Tatiana Lima se destacou em uma área que ainda é ocupada em sua maioria por homens Divulgação
Tenho 38 anos e há 14 anos estou na polícia militar. Sempre gostei da área militar e decidi entrar na polícia não só por admirar essa área, mas porque essa sempre foi a carreira que mais me identifiquei. A polícia faz o atendimento imediato ao cidadão. Gosto muito de ajudar as pessoas e a polícia é o primeiro amparo da sociedade quando o cidadão precisa. Estar perto das pessoas e poder ajudar de forma imediata é o que me conquistou.
Quando trabalhava nas UPPS eu pude ver de perto o quanto as mulheres são guerreiras. Nas comunidades existem muitas mulheres que são chefes de família, que trabalham, correm atrás, estudam, batalham todos os dias. Existem muitas que são até avós. Mulheres jovens, que já têm netos e que fazem de tudo para cuidar da família. Em muitos casos, as mulheres engravidam e os seus companheiros vão embora e elas precisam se virar sozinhas, cuidar da família. São verdadeiras guerreiras. E entre essas guerreiras, muitas sofrem violência doméstica. Muitas sofrem caladas por não saberem os seus direitos ou por medo de denunciar. Muitas dependem do marido ou do companheiro e acabam aceitando e se submetendo à agressão. Nem sempre é só a violência física, mas violência psicológica e violência moral também. Dessa experiência veio a vontade em me especializar na área de gênero e direito e fazer algo mais por essas mulheres. Sempre que posso, busco ajudar através de orientação e também servir como exemplo. Busco sempre me aprimorar e me especializar, para mostrar a elas que é possível ser o que a gente quiser. É só se esforçar. Podemos minimizar esses danos, precisamos de cada vez mais políticas públicas de apoio às mulheres. Principalmente apoio às mulheres que não têm acesso à informação, aquelas que vivem na miséria e em situação de risco.
Meu recado é para que as mulheres busquem sempre correr atrás dos seus sonhos. Não tenham medo. Sei que pode parecer fácil falar e só quem vive em um ciclo de violência sabe o que sofre. Mas eu tenho que encorajar as mulheres a sair desse ciclo, para que não tenham medo de denunciar e correr atrás de seus direitos, buscar uma rede de apoio. Não deixe que ninguém te diminua por ser mulher, pois uma mulher pode ser o que ela quiser. Qualquer pessoa pode ser o que quiser, independente do seu gênero, cor ou raça. O recado é acreditar em você.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.