Glamour Garcia: "Ser atriz trans no Brasil é um grande orgulho"Divulgação
Ser atriz trans no Brasil é um grande orgulho. A Minha carreira evoluiu junto com o crescimento do próprio movimento LGBT. Nos últimos 10 anos principalmente. Eu realizei esse sonho de ser atriz e representar, mas também sei que tenho privilégio de ser representativa e de estar na vida das pessoas, graças aos personagens maravilhosos que eu pude viver. É emocionante. O preconceito é estrutural, ele é presente sim, mas eu como militante e atriz fui construindo de forma involuntária, alguns comportamentos na carreira que vão contra o preconceito.
O meu processo de transição foi acontecendo ao longo da minha vida, em várias etapas. Costumo falar de processos e existência. Não é uma transformação, a gente não está deixando de ser quem a gente é para ser outra pessoa. Você está vivenciando uma experiência que é contínua. Eu passei por várias questões de preconceito, de sentir, avaliar e vivenciar isso. Eu tenho 34 anos e quando mais nova, isso não falado abertamente, nem vivenciado nas famílias. Tive sim alguns desafios. Tive o meu momento clássico de “sair do armário”, algo que foi forte, mas hoje eu entendo que foi a melhor coisa. Graças a esse momento posso vivenciar minhas conquistas e minha liberdade. O amor familiar é a maior conquista de todas nesse sentido, pois é a segurança e meu porto seguro. Fico muito feliz de ter tido esse processo com a presença e apoio dos meus pais, familiares e amigos.
A situação da mulher que é vítima de violência é complexa. Conviver com o abusador é difícil e muda a nossa vida e a nossa capacidade de interagir com as pessoas. Acho que a primeira questão é entender que você precisa de ajuda. Buscar ajuda da forma mais segura, sem que isso te coloque em risco, mas nunca deixar de pedir ajuda. Essa situação pode evoluir para casos graves piores e pode levar à morte. Não se pode fechar os olhos para os riscos que a gente corre como mulher, seja uma mulher cis ou trans. Procurar as autoridades e denunciar é muito importante.
Eu sou uma pessoa muito simples, sou simplicidade pura. Já fui mais vaidosa. Essa pandemia mostrou o quanto precisamos evoluir em amor e união. Sou do interior, humilde e simples, mas também sou o fervo (risos). Eu também dou trabalho e pinto o sete.
Meu próximo projeto é a minha participação como apresentadora do primeiro Reality Show LGBT do mundo, que se chama “Cruzeiro Colorido”. Será gravado em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Ainda está em fase de pré-seleção e estão aceitando inscrições. Esse Reality será um babado! Começa em agosto.
Meu maior sonho é que a gente tenha paz. Que a gente nunca desista dos nossos sonhos, profissionais, pessoais e amorosos. Que a gente siga batalhando e lutando. Existindo, perseverando, conquistando o nosso espaço. Ainda existe muita violência contra as mulheres trans, mas a gente é persistente. A gente é maior que isso, somos superiores a esse preconceito todo. Temos a benção de hoje poder comemorar os nossos direitos.
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