A atriz Totia Meireles Edu Rodrigues

Ela é carioca e começou na carreira como bailarina. Nunca pensou em ser atriz. Mas foi conquistada pelos palcos e hoje é uma artista completa - dança, canta e representa. Maria Elvira Meirelles ganhou o apelido de Totia ainda na infância e adotou como seu nome artístico. Dona de um sorriso e uma simpatia contagiantes, o nosso mulherão de hoje é pura beleza e alegria. Aos 63 anos, Totia Meireles, está em cartaz com o musical “Herivelto Como Conheci”, no Teatro dos Quatro, na Gávea. A artista vem se dedicando ao teatro e conta um pouco sobre a sua carreira, sua rotina e deixa um recado muito importante para todas as mulheres “Somos capazes de tudo. O que falta para nós é a igualdade”. Confiram o nosso bate-papo com a atriz.
Como você é na intimidade, com a família e os amigos?
É muito difícil falar de nós mesmos (risos). Mas eu procuro sempre ser uma pessoa para cima, animada, feliz. Acho que o bom humor sempre agrega e eu gosto muito de agregar. Eu gosto de estar com a minha família, com os meus amigos, com os meus netos, com meus irmãos, com o meu marido. A gente sempre ri muito quando estamos juntos. Eu sou uma pessoa muito positiva para a vida, principalmente quando estou com os amigos e com a família.
Você está em cartaz com o musical "Herivelto Como Conheci". Como está sendo esse trabalho?
Fazer esse musical para mim é um prazer e uma honra. Um espetáculo que foi feito e criado para a Marília Pêra, 10 anos atrás, e que agora remontei, convidada pelos autores, a Yaçanã Martins, filha de Herivelto e a Cacau Hygino. Elas escreveram um livro que deu origem à peça. Para mim está sendo uma honra muito grande. É um espetáculo que reúne coisas muito lindas. Eu conto uma linda história de amor que é cantada por pérolas da música popular brasileira, músicas de Herivelto Martins. Mesmo quem nunca ouviu falar, o que eu acho muito difícil, mesmo para os jovens de hoje em dia, que não conhecem o Herivelto, vão gostar muito dele. Não tem como você não se emocionar. Ou não se identificar com alguma música. Pois a obra desse artista é poesia pura e todas as músicas têm uma história para contar. O espetáculo reúne coisas lindas. Estou muito orgulhosa e muito feliz de poder, com esse espetáculo, reviver a nossa música e a história do Brasil nas décadas de 40 e 50. Eu conto esse período com muito humor, muito amor e muita música boa.

Além de atriz você também é cantora. Qual sua relação com a música?
Eu não me considero uma cantora, mas sim uma atriz que canta. Pois para ser cantora é preciso se dedicar muito e eu me dedico só nos espetáculos em que estou cantando. Mas a música na minha vida sempre teve uma importância muito grande. Eu comecei a minha carreira como bailarina e por isso tive a música como base. Então, eu sou muito ligada à música. Principalmente à MPB. Sou enlouquecida com a nossa música, ela é muito rica. Poder fazer esse espetáculo revivendo e cantando pérolas da MPB, para mim é tudo de melhor. Mas eu sou uma atriz que canta (risos).

Quais são os próximos projetos?
Estou com duas peças em cartaz no Rio de Janeiro. Terminando uma temporada da peça “Procuro o Homem da Minha Vida, Marido Já Tive” e vou estrear novamente em São Paulo. E aqui no Rio estou toda quarta e quinta com o "Herivelto Como Conheci". Então este ano eu vou me entregar ao teatro, totalmente. Infelizmente não vai sobrar muito para o cinema e a televisão, pois não vou conseguir conciliar. Portanto, quem estiver com saudade de me ver é só ir ao teatro, eu vou ter muito prazer em receber todos.
Como foi atuar na novela O Clone? Quais são os seus trabalhos preferidos?
O Clone foi uma novela que me trouxe muitas alegrias e foi a minha primeira parceria com a Glória Perez. Depois dela, fiz todas as novelas e séries da Glória. Mas essa foi muito importante na minha carreira. Eu faria só a primeira parte, mas gostaram tanto da minha atuação com a Vera Fisher que eu continuei. Foi muito legal. Hoje a gente pode dizer que esta é uma novela imortal, um épico da TV, uma novela muito bem contada e muito interessante. Eu fui muito feliz nessa novela. Sobre os meus trabalhos preferidos, O Clone, que foi o início da parceria com a Glória e depois a Vanda, meu personagem em Salve Jorge, uma vilã que foi um presente da Glória, personagem que me marcou profundamente.
Você sempre quis ser atriz?
Eu nunca pensei em ser atriz. Eu era bailarina. Mas aí eu fiz um teste para um musical e passei. Foi então que eu descobri no palco que eu cantava, dançava e representava. Até então eu não sabia. E dali eu fui descobrindo a atriz. Quando me dei conta, a bailarina tinha ficado para trás e a atriz já tinha tomado conta. Foi totalmente por acaso, nunca pensei em ser atriz.
Você se acha um mulherão? Qual seu recado para todas nós?
Tem dias que a gente se sente um mulherão. E tem dias que a gente se sente a pior das espécies (risos). Acho que isso acontece com toda mulher. Tem dia que a gente se arruma, acorda e se sente linda. Mas tem dia que a gente pensa “volta, vai dormir e acorda amanhã”. Mas acho que isso é normal. Nós mulheres já conquistamos muitas coisas, mas ainda temos muito a conquistar, principalmente nos direitos e nos deveres, sobre como as pessoas nos enxergam. Por exemplo, quando entro em um avião e tem uma mulher pilotando. As pessoas estranham. Já eu, fico totalmente relaxada. Pois sei que a mulher é muito mais cuidadosa e atenta, então se ela chegou ali, ela teve que quebrar muitos tabus, que batalhar muito. É sobre isso. Mulheres assim abrem o caminho. E quanto mais a gente falar que nós somos capazes, logo todos vão entender que as mulheres são capazes de tudo. O que falta para nós é a igualdade, em absolutamente tudo – salário, posição, respeito. Acho que ainda falta isso. O recado que eu deixo é: Não desistam! Batalhem pelos seus sonhos. Seja ele qual for. Somos muito capazes, mais até do que os outros imaginam. Então, tenham força e coragem.