Gisele Cruz com o filho, Antônio Bernardo, de 5 anos: fertilização in vitro Arquivo pessoal

Neste domingo, Dia dos Pais, não podemos deixar de lembrar das mulheres que são “pães” e desempenham a função do pai também. Aquelas que criam seus filhos sozinhas, sem a ajuda de um companheiro. Essa é uma realidade em muitos lares do país.
Quase metade das casas brasileiras são chefiadas por mulheres, segundo dados do IBGE. E isso não é uma surpresa. Dados de 2021 mostram que o Brasil tem cerca de 11 milhões de mães solo, aquelas que não têm a presença ou o auxílio dos pais na criação de seus filhos. Essa jornada não é nada fácil.
Além do desafio da criação das crianças, muitas enfrentam dificuldades financeiras e até preconceito. Estar sozinha nessa jornada é um desafio diário para muitas brasileiras. Em muitos casos, o parceiro não assume o filho ou abandona a parceira. Mas existem também histórias de mulheres que escolheram esse caminho para realizar o sonho de ser mãe.
“Meu filho é meu sonho realizado”
A funcionária pública Gisele Salviano Cruz, de 43 anos, é “pãe” do Antônio Bernardo, de 5 anos. Ela cria o filho sozinha por escolha própria. Decidiu realizar o sonho de ser mãe, mesmo sem ter um parceiro, e fez uma fertilização in vitro.
“Meu filho é meu sonho realizado. A decisão não foi fácil, eu já estava com mais de 30 anos e não queria perder mais tempo. Em nenhum momento eu achei que seria fácil. Sabia dos desafios de ser mãe solo, mas coloquei meu sonho acima de tudo. Gastei tudo que tinha com a fertilização, mas valeu muito a pena. Hoje meu filho é minha vida. Ele é muito amado e sabe que foi muito desejado”, explica Gisele.
Para criar o menino, ela conta com ajuda dos pais, mas explica que os principais desafios são enfrentados por ela. Gisele ainda explica que quando o menino crescer não quer esconder nada dele.
“Quando ele crescer vou contar o que eu fiz, falar abertamente. Enfatizar que ele foi muito amado desde antes de estar na barriga e por esse caminho sei que ele vai entender. Tenho apoio dos meus pais, ele tem figuras masculinas que são importantes na vida dele, como o padrinho e o avô. Mas para muitas questões tenho que tomar decisões sozinha. Tem a questão financeira, a educação e também a responsabilidade e preocupação em tomar decisões erradas, afinal a mãe sou eu. É complicado, não é fácil”, reforça a “pãe”.
 
Mães, avós, pães e guerreiras
A rotina não é fácil, mas as mulheres são guerreiras por natureza e quando o assunto é cuidar dos filhos a capacidade de superação é ainda mais forte. Criar as crianças sozinha, fazer a carreira solo não é algo novo. Lá na década de 60 minha avó já era um grande exemplo de como uma mulher se desdobra pela família. Ela criou sozinha minha mãe, ajudou a me criar e hoje é uma inspiração na minha vida.
Assim como ela, muitas outras enfrentaram essa batalha em uma época em que a situação da mulher era muito mais difícil. A sociedade não enxergava com bons olhos uma ame sozinha. Mulheres como a minha avó abriram o caminho para que hoje, nós pudéssemos ter muitos direitos. Mais do que pães, elas foram grandes heroínas.
BELEZA DA ALMA
Existem mulheres fortes e existem mulheres que ainda não descobriram a sua força.