'Walter Tournier' é uma das obras que fazem parte da programação do festival 'Baixada Animada'
'Walter Tournier' é uma das obras que fazem parte da programação do festival 'Baixada Animada' DIVULGAÇÃO
Por O Dia
Era pra ter acontecido em 2020, mas, por conta da pandemia, a 14ª edição do festival Baixada Animada - Mostra Ibero-Americana de Cinema de Animação ficou para este ano. Até o dia 14, o evento traz palestras e uma mostra competitiva com 96 curtas de animação do Brasil e mais nove países hispano-americanos. A programação é inteiramente gratuita. Esse ano, o evento também terá uma mostra especial de curtas nacionais com recursos de acessibilidade para portadores de deficiência visual e auditiva, que ficará disponível em uma sala virtual no site oficial do evento (www.baixadaanimada.com.br).
Há décadas, os desenhos animados e os quadrinhos vêm encantando o público, principalmente os pequenos, como formas de entretenimento. É também cada vez maior o número de técnicas, estilos e temas, gerando um volume de obras de grande qualidade. Nesse sentido, o festival é um a oportunidade para o público conhecer títulos de comprovado valor artístico e se inteirar sobre a produção contemporânea de animação, fomentando de maneira sólida a formação de plateia.
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"Queremos levar a cultura a onde ela não chega. Por isso, acreditamos que através das oficinas e da mostra conseguimos aproximar o público não só pela contemplação, mas também pela prática e o fazer artístico", diz Flavio Machado, idealizador do evento.
Para a mostra competitiva, que acontece entre os dias 7 e 14 deste mês, no Cine Teatro Oscarito, em Duque de Caxias (funcionando com 30% da capacidade conforme as orientações do Ministério da Saúde), foram selecionados curtas produzidos, a partir de 2019, no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Espanha, México, Portugal e Venezuela. A programação é dividida por faixa etária: livre, infantil (até 11 anos) e infanto-juvenil (a partir de 12 anos). Desta vez, os vencedores de cada categoria (nacional e internacional) já foram escolhidos em uma sessão prévia por um júri técnico e serão anunciados para o público na abertura do festival.
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Entre os curtas nacionais, os organizadores destacam dois documentários animados: Walter Tournier, do mineiro Sávio Leite, que ressalta a incrível trajetória do uruguaio que dá nome à obra, considerado o maior cineasta da animação da América Latina; e Carne, coprodução Brasil/Espanha da diretora Camila Kater. Lançado em 2019 no Festival Internacional de Locarno, o documentário, que já conquistou mais de 70 prêmios no Brasil e no exterior, parte de uma metáfora que relaciona o estado de cozimento da carne (crua, mal passada, ao ponto, passada e bem passada) com o corpo da mulher em diferentes fases da vida, expondo os inúmeros tipos de violências dos quais são vítimas e enfatizando as formas de resistência. Outros participantes são: Vivi Lobo e o Quarto Mágico, Isabelle Santos e Edu Mz Camargo; Rasga Mortalha, de Thiago Martins de Melo; e De onde vem os Dragões, de Grace Luzzi, entre outros.
Entre os filmes estrangeiros, os destaques ficam por conta de quatro produções que se relacionam com questões ambientais: o premiadíssimo curta-metragem português O Peculiar Crime do Estranho Sr. Jacinto, primeiro trabalho autoral do diretor Bruno Caetano; os argentinos La Chimai y la Tormenta, de David Bisbano, e Entre Baldosas, de Nicolás Conte; e o espanhol Obsolescence, de Jesús Martínez Tormo.

Mais acessibilidade
nas apresentações

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A fim de democratizar ainda mais o acesso à programação, o festival vai promover uma mostra especial para portadores de deficiência visual e auditiva com nove filmes nacionais que possuem tradução em Libras e legendagem descritiva. A mostra, que fica disponível pelo site do festival, é fruto da parceria do Baixada Animada com a Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA) e o Dia Internacional da Animação.
Entre os títulos selecionados para essa sessão especial estão Piconzé, com direção de Ype Nakashima, que traz um trecho de 1972, primeiro longa-metragem colorido de animação produzido no Brasil; O Homem na Caixa, dirigido por Ale Borges, Alvaro Furloni e Guilherme Gehr, que conta a história de um velho mágico, preso há décadas em uma prisão de segurança máxima, que tenta reviver os seus dias de glória colocando em prática um plano de fuga; e Torre, de Nádia Mangolini, que traz o depoimento de quatro irmãos, filhos de Virgílio Gomes da Silva (o primeiro desaparecido político da ditadura militar), sobre suas infâncias durante o regime militar no Brasil.
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"Um dos destaques dessa 14º edição será Mostra Acessibilidade que, por ser on-line, irá ampliar o alcance do Baixada Animada fazendo com que o evento atinja também ao público do país inteiro, incluindo deficientes visuais e auditivos. Vale ainda ressaltar a importância de se fazer com que a magia da animação chegue a todos os lares, levando às pessoas entretenimento e cultura em um momento em que o isolamento social ainda se faz necessário", afirma Machado.
A 14ª edição do Baixada Animada conta com o patrocínio do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc.
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