O kit da Água Camelo transforma água imprópria para o consumo em potávelÁgua Camelo/Divulgação

São Paulo - Desde a sua criação, em agosto de 2020, a startup carioca Água Camelo já impactou a vida de mais de 700 pessoas com projetos desenvolvidos na primeira favela do Brasil, o Morro da Providência, no Rio de Janeiro, e na Aldeia Mutum, no Acre. A iniciativa, em parceria com a Aceleradora 100+ Ambev, distribui kits com filtros que transformam água imprópria para o consumo em potável.

Após a distribuição dos kits para moradores dessas duas comunidades, houve redução de 87% e 100%, respectivamente, de sintomas relacionados a doenças transmitidas por água contaminada. Os dados foram apresentados pelo fundador da empresa, Rodrigo Belli, durante o painel que discutiu a questão hídrica no Fórum Encadear, evento promovido pelo Sebrae em São Paulo.

Formado em Design de Produto pela PUC-Rio, Belli contou que a ideia do negócio surgiu após um trabalho da faculdade. O desafio consistia em criar um projeto que englobasse a área social e ambiental. "Todo semestre tínhamos que desenvolver um projeto. Quando foi a vez do socioambiental, comecei a estudar sobre o tema e a questão da falta de acesso à água me tocou", conta.

O kit — composto por mochila, filtro portátil, suporte de parede e manual de instruções — permite que os usuários armazenem 15 litros de água e tenham acesso a uma fonte segura do líquido por até dez anos. Ele custa R$ 500 para empresas, mas é entregue gratuitamente aos moradores das comunidades. "Nossa missão é fazer com que o acesso à água de qualidade seja uma realidade para todos", explica Belli. 

O sucesso do projeto trouxe notoriedade para a  Água Camelo, que também tem como sócios Daniel Ilg Leite e João Manuel Piedrafita. Ela já desenvolveu parcerias com o Flamengo, que comprou 40 kits. "Chamaram a gente por conta do engajamento comunitário, visto que as torcidas se organizam em grupos. Resumidamente, chamamos os torcedores e os engajamos na causa através da distribuição dos kits", contou Belli ao falar sobre a parceria com o clube rubro-negro.

Belli contou que começou sem financiamento e aconselhou os novos empreendedores sobre como firmar parcerias com grandes empresas. "Um erro que cometemos quando começamos foi não conseguir medir os impactos que geraríamos para o cliente. Estude muito antes, porque não dá para chegar despreparado. Pesquise a dor da empresa antes de apresentar um projeto. Procure também por aceleradoras, pois elas foram essenciais para o nosso crescimento", aconselha.

O debate também contou com a participação de Renato Martins, da Malwee, e João Pedro Brasileiro, da Innovation Latam.
* A repórter viajou a convite do Sebrae