Carga com 520 mil ovos usados para produção de vacinas contra H3N2, está presa na paralisação de caminhoneirosReprodução: Marcelo Camargo/Agência Brasil

São Paulo - Uma carga com 520 mil ovos usados para produção de vacinas contra H3N2, fabricadas pelo Instituto Butantan, está presa na paralisação de caminhoneiros nesta terça-feira, 1º. Os motoristas protestam contra o resultado da eleição presidencial, próximo à cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo.
Segundo o Butantan, a carga deveria chegar ao instituto até o fim da manhã desta terça. Com o atraso, o processo de produção será impactado causando um prejuízo na produção de mais de um milhão de doses da vacina contra Influenza.
Ainda de acordo com o Butantan, o instituto fornece, anualmente, 80 milhões de doses de vacina contra a Influenza para o Ministério da Saúde. Essas doses são utilizadas na imunização dos brasileiros na contra o vírus da gripe.
Em coletiva de imprensa nesta terça, o governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB) declarou que o estado irá multar em R$ 100 mil por hora os donos dos veículos que participam do bloqueio de estradas em protesto contra o resultado da eleição presidencial.
O governador paulista disse também que, em virtude da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) ordenando o fim dos protestos, a partir de agora as negociações com os manifestantes se encerram — com isso, o estado pode usufruir, se necessário, da força policial para liberar as vias.
Bloqueios
Os bloqueios nas rodovias tiveram início na noite do domingo, 30, logo após o resultado das urnas na eleição presidencial, em que o candidato Jair Bolsonaro (PL) perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As manifestações começaram no interior de Mato Grosso e de Santa Catarina — como Criciúma e Itajaí. Em vídeos que circulavam pelas redes sociais, manifestantes pediam intervenção do Exército e afirmavam que só iriam sair das rodovias com o Exército. Durante a madrugada da segunda-feira, 31, bolsonaristas de todo o país começaram a reprodução o ato, bloqueando as estradas.
Nesta terça, a manifestação segue acontecendo e atrapalhando o tráfego, mesmo com a determinação do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) libere os locais. A determinação foi aprovada pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e confirmada logo no início do dia. De acordo com boletim da PRF, durante a manhã, 271 vias estavam bloqueadas.
No Rio, houve interdição total da BR-101, na altura do km 486, em Angra dos Reis; no km 197 da Dutra, em Queimados, onde cerca de 60 manifestantes se concentraram com materiais inflamáveis, fogos e sinalizadores. Na BR-101 Rio-Santos, o tráfego flui de forma parcial no Km 392 no Rio de Janeiro, e ocorre lentidão de um quilômetro em ambos os sentidos.
Já em Paraty, no Km 533, o trânsito está bloqueado e provoca retenção de um quilômetro. A PRF informou ainda que, no Km 70, em Campos dos Goytacazes, um grupo de 60 pessoas ateou fogo em pneus e, no Km 75, havia ainda outros 40 manifestantes. Há mais locais com bloqueios.
Em São Paulo, houve bloqueio parcial na Rodovia Raposo Tavares, no km 168, em Itapetininga, e também na altura de Sorocaba. Na BR-116, nos trechos próximos a Pindamonhangaba e Embu das Artes, o tráfego foi paralisado nos dois sentidos, com registros de pneus incendiados. Já no trecho próximo ao município de Jacareí, cerca de 30 manifestantes interromperam a pista sentido norte. A PRF negocia a liberação de uma das faixas.
Na BR-153, na região de São José do Rio Preto, 30 manifestantes se concentram à margem da rodovia. O Ministério Público do Estado criou uma Força-Tarefa na qual o GAECO, área que investiga o crime organizado, apura quem seriam os mandantes das interdições.