Presidente do Tribunal Superior Eleitoral Alexandre de MoraesFábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez uma balanço das eleições nesta quinta-feira, 3. O ministro afirmou que quem não está aceitando o resultado das eleições, com "movimentos ilícitos e criminosos", será responsabilizado, e ressaltou que "a democracia venceu novamente no Brasil".
"Isso é democracia, isso é alternância de poder, isso é estado republicano. Não há como se contestar um resultado democraticamente divulgado, com movimentos ilícitos, com movimentos antidemocráticos, com movimentos criminosos que serão combatidos, os responsáveis, apurados e responsabilizados sob a pena da lei. (...) A democracia venceu novamente no Brasil', disse Moraes.
Uma série de bloqueios nas rodovias federais têm sido feitos desde a noite de domingo, 30, em protesto ao resultado da eleição, onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do Brasil pela terceira vez. Os movimentos são feitos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que saiu derrotado. 
Segundo Moraes, "aqueles que, criminosamente, não estão aceitando o resultado. Aqueles que, criminosamente, estão praticando atos antidemocráticos serão tratados como criminosos e as responsabilidades serão apuradas”. Ele ainda acrescentou que presidente e o vice-presente eleitos serão diplomados em dezembro.  "O Tribunal Superior Eleitoral proclamou o vencedor. O vencedor será diplomado até dia 19 de dezembro e tomará posse dia 1º de janeiro de 2023”.
O presidente do TSE avaliou que o alto comparecimento as urnas no domingo demonstrou que a população brasileira confia nas urnas eletrônicas e no sistema eleitoral. Segundo o ministro, 79,41% do eleitorado votou no segundo turno, contabilizando quase 125 milhões de eleitores. "Pela primeira vez a abstenção do segundo turno foi menor do que a do primeiro turno. Houve efetivamente a participação maciça do eleitorado, e o brasileiro demonstrou total confiança nas urnas eletrônicas".
Moraes também ressaltou que o tribunal concluiu a totalização de todos os votos do segundo turno na segunda-feira, 31, e que antes das 20h da de domingo a Corte proclamou o resultado, com 98% dos votos apurados. "Somos uma das quatro maiores democracias do mundo, mas a única que proclama o resultado no mesmo dia. Três horas após o final da eleição nós já sabíamos quem seria o novo presidente e vice-presidente da República, mostrando a eficiência, a rapidez e a competência das urnas eletrônicas", ponderou. 
"Quero parabenizar o Tribunal Superior Eleitoral, os tribunais regionais regionais, todos os juízes eleitorais, os membros do Ministério Público Eleitoral e, mais do que isso, parabenizar a sociedade. As eleitoras, os eleitores que em sua maioria são democratas. Acreditam na democracia, acreditam no estado democrático de direito, compareceram, votaram em seus candidatos e aceitaram democraticamente o resultado das eleições", disse.
Bloqueios
Os bloqueios nas rodovias tiveram início na noite do domingo, 30, logo após o resultado das urnas na eleição presidencial. As manifestações começaram no interior de Mato Grosso e de Santa Catarina — como Criciúma e Itajaí. Em vídeos que circulavam pelas redes sociais, manifestantes pediam intervenção do Exército e afirmavam que só iriam sair das rodovias com o Exército. Durante a madrugada de segunda-feira, 31, bolsonaristas de todo o país começaram a reproduzir o ato, bloqueando as estradas.
Nesta quinta, a manifestação segue acontecendo e atrapalhando o tráfego, mesmo com a determinação do ministro Alexandre de Moraes para que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) libere os locais. A determinação foi aprovada pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e confirmada logo no início de terça-feira, 1º. De acordo com boletim da PRF, durante a manhã, 73 vias estavam bloqueadas.
Segundo a corporação, as interdições ainda estão presentes no Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rondônia e Santa Catarina. No boletim anterior, divulgado às 6h17 desta quinta-feira, o total de pontos interditados era de 86 em 11 estados. Na atualização, Acre, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul não possuem mais nenhum registro de bloqueios. Desde o início das operações, de acordo com a PRF, 876 protestos já foram desfeitos e mais de 1.992 multas foram aplicadas.
Bolsonaro pede que manifestantes liberem as rodovias
O presidente Jair Bolsonaro publicou um vídeo em suas redes sociais, na quarta-feira, 2, pedindo para que seus apoiadores liberassem as rodovias de todo o Brasil, que estão obstruídas em protesto a vitória de Lula no segundo turno das eleições. Na postagem, ele afirmou estar triste com o resultado das urnas: "Temos que ter a cabeça no lugar", refletiu. 
Bolsonaro explicou que o fechamento das rodovias prejudica o direito de ir e vir da população e que isso está na Constituição. "Nós sempre estivemos dentro dessas quatro linhas", afirmou. Além disso, o presidente disse que a paralisação prejudica a economia.
"Colocamos a nossa Polícia Rodoviária Federal desde o primeiro momento para desobstruir rodovias pelo Brasil, mas são muitos pontos e as dificuldades são enormes", complementou. Bolsonaro pediu para que seus apoiadores protestem em outros locais e de outras formas que não prejudiquem a população. "Isso é muito bem vindo e faz parte da democracia", ressaltou.
O presidente finalizou dizendo que ao longo de seu mandato, colaborou para ressurgir o sentimento patriota, a defesa da família e da liberdade. "Não vamos jogar isso fora. Vamos fazer o que tem que ser feito. Estou com vocês e tenho certeza que estão comigo", disse.