Rio - O consórcio composto por CSM e GL Events, parceiro de Flamengo e Fluminense na disputa pela concessão do Maracanã, desistiu da negociação por conta das investigações da Operação Lava-Jato, na qual a Odebrecht, que detém 95% da participação do consórcio, é uma das investigadas pela Polícia Federal.
A construtora não conseguiu garantir que a operação não irá interferir no estádio, e com isso, a empresa francesa preferiu sair da disputa.
A GL Events informou, através de sua assessoria de imprensa, que a empresa desistiu de concorrer por conta de não terem sido apresentadas garantias adequadas de segurança jurídica na compra do estádio.
“A GL events e a CSM informam que, por conta de não terem sido apresentadas garantias adequadas de segurança jurídica e contratual, deram por encerradas as negociações de compra do controle acionário da Concessionária Complexo Maracanã Entretenimento S/A. As empresas reafirmam, porém, seu interesse em participar da concorrência pela gestão do Maracanã caso o Governo do Estado do Rio de Janeiro tome a decisão de promover uma licitação que proporcione a indispensável segurança jurídica e financeira aos investidores”, diz a nota oficial.
Desta forma, o grupo francês Lagardère se tornou o único interessado em assumir o repasse da concessão do estádio. Uma proposta formal foi entregue no fim de fevereiro para a Odebrecht.
Agora, a empresa espera que a proposta em torno de R$ 60 milhões pelo negócio, fora o dinheiro para o Governo do Estado, seja aceito. Isso inclui ainda readequação de contrato e ajustes diante do que será preciso investir no estádio. Pelos próximos 33 anos, a previsão de investimento seria em torno de R$ 500 milhões.
Outra possibilidade é a concessão para a Odebrecht ser cancelada. O Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) concluiu que houve superfaturamento da obra de reforma do estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 de R$ 211 milhões em valores atuais. Os recursos foram desviados em serviços e produtos. O tribunal determinou a suspensão dos pagamentos às empreiteiras em outros contratos com o governo do Estado do Rio.
O Flamengo fez um investimento de R$ 1,7 milhão para deixar o estádio em condições de receber a partida contra o San Lorenzo, no dia 8 de março. Antes disso, a última partida oficial no local havia sido dia 27 de novembro de 2016, entre Fla e Santos. Nesta quarta-feira, o clube anunciou que pretende levar a partida contra o Atlético-Pr, pela Libertadores, para o estádio. O Fluminense, que tem um contrato de 32 anos assinado com a Odebrecht, pretende utilizar o Maraca na estreia da Copa Sul-americana, contra o Liverpool-URU, no próximo dia 5 de abril.
Reportagem de Luis Araujo