Rio - O então goleiro Jakson Follmann embarcou para a Colômbia com a delegação da Chapecoense com data marcada para o casamento com Andressa Perkovski. Seria uma cerimônia simples em Ijuí, no interior do Rio Grande do Sul, cidade de origem da noiva, restrita apenas a amigos e parentes do casal, em dezembro de 2016. Mas o plano foi adiado pela tragédia aérea que deixou 71 mortos, na madrugada de 29 de novembro, enquanto a delegação viajava para a histórica decisão da Copa Sul-Americana, que seria disputada contra o Atlético Nacional.
Oito meses depois, ele agora planeja um novo casamento, que simboliza um renascimento improvável. Um dos seis sobreviventes do acidente que dizimou o grupo de jogadores que disputaria a final da Sul-Americana, o ex-goleiro quer estar perto daqueles que estiveram ao seu lado nos momentos de sofrimento.
‘O nosso amor aumentou’
E a noiva Andressa foi uma das pessoas mais importantes nesse processo. Ela acompanhou todo o processo de recuperação de Follmann, que ficou hospitalizado por duas semanas no Hospital San Vicente, em Rio Negro, na Colômbia, onde teve parte da perna direita amputada, abreviando a curta carreira profissional com apenas 24 anos. “Estive perto da morte. A gente passou a valorizar as coisas simples da vida e com mais intensidade. Estamos muito felizes, porque o nosso amor aumentou”, diz Follmann, que já pensa em ter filhos a partir do ano que vem. “Mas a gente precisa ir por etapas. Da noite para o dia, deixei de ser um atleta profissional. O primeiro passo é curtir a vida de casal e depois ter filhos. Agora, também estou me dedicando a uma nova área”, revela.
- Follmann e Neto entram em campo com a Chapecoense em homenagem do Barcelona
- Follmann comemora Dia do Goleiro e recebe carinho de torcedores
- Após fraturas, Jackson Follmann calça tênis pela primeira vez e comemora na Web
- Jackson Follmann visita CT paralímpico e se arrisca no vôlei sentado
- Jackson Follmann aparece caminhando sozinho e noiva comemora
O ex-goleiro se refere ao cargo de embaixador da Chapecoense, uma função que assumiu no mês passado. O próximo passo, agora, é se tornar um gestor no clube na cidade onde decidiu fixar residência — neste ano, Follmann decidiu comprar um apartamento no município. “Chapecó nos abraçou. Sei que todo esse carinho é verdadeiro. O clube está se reconstruindo e quero participar disso”, diz.
Encontro de sobreviventes
O casamento com Andressa, aliás, vai ser mais um capítulo importante numa história de tragédia, sobrevivência e de superação a novos desafios.
Uma história que ele vai contar ao público presente na última edição do Expo Noivas & Festas no Rio, entre 7 e 10 de setembro, no Shopping Nova América, na Zona Norte do Rio. No evento, ainda vão ser apresentados produtos e serviços do segmento.
A união entre o ex-goleiro e Andressa vai ser celebrada em 20 de outubro para cerca de 350 convidados. Entre eles, amigos que Follmann fez no futebol. Como o lateral-esquerdo Alan Ruschel e o zagueiro Neto, ex-atletas da Chapecoense que também sobreviveram à tragédia. “Vamos selar a nossa união com os nossos amigos e familiares. Claro que todo o Brasil sofreu com o que aconteceu. Mas foram essas as pessoas que sofreram mais e que acompanharam a minha recuperação. A gente quer celebrar a nossa união, a vida e ter uma noite inesquecível”.
‘Me encantei’, relembra Follmann
Follmann era só um adolescente quando viu Andressa pela primeira vez. Ela visitava os avós em Santiago, no Rio Grande do Sul. Goleiro das categorias de base do Juventude, de Caxias do Sul, ele estava lá para disputar a Copa Santiago, tradicional torneio juvenil na cidade que dá nome à competição. Follmann curtia a tarde de folga com a delegação. Andressa tomava chimarrão com as amigas. “Me encantei. Comentei que tinha achado ela muito bonita”, relembra.
O preparador de goleiros foi até as meninas para pedir o telefone dela. À noite, Follmann ligou. Embora a conversa tenha durado longos minutos, eles acabaram perdendo o contato, só retomado em conversas pelo Orkut e MSN, redes sociais usadas na época.
Follmann e Andressa só voltaram a se encontrar quatro anos depois daquele primeiro contato. Em 2012, ele já atuava profissionalmente pelo Juventude, que iria enfrentar o São Luiz de Ijuí, cidade onde Andressa morava. “Pedi para que ela fosse ao jogo. Ela foi com uma amiga”, conta. Andressa, então, convidou Follmann para ir ao aniversário dela, que seria comemorado dias depois. Ele foi. E eles engataram um namoro à distância. Em 2015, Andressa se formou em Educação Física.
Foi quando Andressa e Follmann começaram a planejar o casamento. Mas eles só começaram a morar juntos em Chapecó depois do acidente aéreo na Colômbia.