Comentarista detona Fifa e diz que Guerrero está sendo 'tratado como marginal'
Punição da entidade máxima do futebol deixou o jornalista indignado
Por jessyca.damaso
Rio - Na última sexta-feira, o resultado do julgamento de Paolo Guerrero por doping saiu e a suspensão de um ano aplicada pela Fifa ao atacante do Flamengo e da seleção peruana deixou o comentarista Paulo César Vasconcellos indignado durante um debate sobre o assunto no programa 'Redação SporTV'.
"O que eu discuto, e me parece que é absolutamente equivocado, é uma legislação tão severa para uso de cocaína e maconha. Não são drogas que se utilizadas por algum atleta vão melhorar a performance desse atleta, muito pelo contrário. Essa questão é muito equivocadamente tratada pela Fifa", detonou.
"O que tem que fazer: você foi flagrado por ter usado cocaína ou maconha? Vem cá, você está disposto a receber ajuda? Tudo bem, você vai continuar exercendo a sua atividade, será submetido a exames periódicos ao mesmo tempo que será oferecida essa ajuda. Se depois de um tempo ficar comprovado que você não está conseguindo, aí, sim, vamos discutir a questão. Agora, partir do princípio que aquele atleta que consumiu cocaína ou maconha tem que ser severamente punido, como se isso fosse exemplar, você não está ajudando em nada o atleta. É tratado como se fosse um marginal, um ser de quinta categoria", desabafou o comentarista da emissora.
Sidney Garambone também deu sua opinião sobre o assunto. O comentarista disse acreditar que a entidade esteja preocupada com imagem do esporte e por isso forçou a barra da suspensão de Guerrero. "A Fifa está muito preocupada com essa questão social, ela usa a sua entidade para a questão da luta contra o racismo, o fair play e tal. Então acho que ela considera que os seus membros não podem ser esses vilões, entre aspas. Ela força a barra, não necessariamente só pela [substância que] ajuda no desempenho", argumentou. "Eu estou dizendo que é a lógica da Fifa", deixou claro.
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Mesmo com o argumento do colega, Vasconcellos voltou a criticar a postura adotada pela entidade máximo do futebol. "Eu entendo, só que alguém que faz, que prega campanhas contra o racismo, que estimula a prática do futebol feminino, que quer fazer uma política de inclusão, tem que mudar o seu olhar em relação a essa questão especificamente. Não estou dizendo que é o caso do Guerrero, não, estou dizendo só o que se alega aí. O consumidor de cocaína, o usuário de maconha não é uma pessoa para ser excluída, pelo contrário, tem que incluir mais em qualquer tipo de ação, assim como o alcoólatra, não tem que banir, dizer: ‘Você não serve para conviver com a gente’. Se pratico a política de inclusão, eu tenho que chamar esse dependente", disse.
SUSPENSÃO
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De acordo com a Fifa, o período de punição começa a valer a partir do dia 3 de novembro de 2017, data em que Guerrero foi suspenso provisoriamente. A suspensão inclui jogos nacionais e internacionais, por clubes e seleções.