Wanderson Oliveira Divulgação

Por Leonardo Rocha
É bom ficar de olho nele! Wanderson Oliveira nocauteou as dificuldades e está prestes a embarcar para as Olimpíadas de Tóquio, no Japão, carregando um sonho de menino na mala: a tão esperada medalha de ouro. Cria da Nova Holanda, comunidade do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, o pugilista, de 24 anos, descobriu o esporte por obra do acaso. E, com muita perseverança e o apoio incondicional da mãe, Dona Sandra Regina de Oliveira, ele integra, hoje, o dream team da Seleção Olímpica Brasileira de Boxe.
Representando a nação Verde e Amarela nos Jogos, o atleta virou motivo de orgulho para a galera da Nova Holanda. "O pessoal está vibrando demais, me mandando mensagens, dizendo que eu estou representando a galera. É uma responsabilidade (risos). Meus colegas estão organizando fechar a rua e colocar um telão para acompanhar minha luta. Está uma energia muito positiva. Fico feliz e orgulhoso de saber que tem gente se inspirando em mim e torcendo", comemora o rapaz.
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As expectativas paras o torneio, que terá início no dia 23 de julho, são as melhores. Afinal, o Brasil tem uma bela tradição no Boxe. Wanderson é sucessor de Robson Conceição, medalha de ouro, em 2016, nas Olimpíadas Rio 2016, na Seleção. "Estamos otimistas. Tivemos uma base de treinamento muito boa para trazermos um bom resultado", conta ele, feliz com o momento de glória. "É gratificante sair de onde eu saí e conquistar o que conquistei: um garoto da comunidade, que ninguém acreditava que iria sair par fora do país. Venci pelo esporte. Pude mostrar que todos da comunidade, se tiverem força de vontade, também vão conseguir", afirma. 
Entre as conquistas do rapaz, até aqui, estão o pentacampeonato brasileiro, e, recentemente, foi eleito o melhor pugilista do Torneio Internacional na Bulgária. Em pleno treinamento e sem definição das Olimpíadas devido a Covid-19, no ano passado, perdeu sua mãe. Uma grande incentivadora do seu talento. "Minha mãe e meu treinador, o Gibi, sempre me motivaram e me deram apoio", lembra. 
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Talento esse que foi lapidado através do projeto social Luta Pela Paz, da Nova Holanda. O boxeador entrou para o esporte sem pretensão de chegar onde chegou, mas o destino falou mais alto. Aos 12 anos, ele já era campeão do Galo de Ouro Infantil, no qual foi vencedor or três vezes. "Eu jogava bola e um dia entrei nesse projeto para beber água, devia ter uns 11 anos, vi um parceiro nosso lutando lá. Tudo começou como uma brincadeira, eu pedi para treinar. Logo meu treinador me ofereceu uma oportunidade de lutar em São Paulo e na África do Sul. Eu, que nunca tinha saído da comunidade, fiquei bem animado. Desenvolvi muito rápido". 
E se tem uma palavra que o atleta pode definir para o esporte é "gratidão": "O boxe representa muita coisa, se não fosse o esporte eu acredito que não teria saído da comunidade. Depois que comecei a treinar eu não parei nunca mais. O esporte é de grande importância para os meninos de comunidade e periferia, amplia a visão. Eu mesmo, quando comecei a viajar, fiquei mais maduro, tive mais esperança de que as coisas poderiam ser melhores", diz ele que está recebendo mensagem de gente de todo o país o parabenizando e dando força para sua estreia nas Olimpíadas. "Vou representando o Brasil e a comunidade como um todo. Viajar para a Olimpíada é pais inteiro te acompanhando. Tenho recebido menagem de muita gente. Já tem sido uma experiência maravilhosa", vibra.