Rio - Eliminado pela Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo de 2018, Tite se vê mais preparado para o Mundial do Catar. Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", o treinador da seleção brasileira destacou a importância de ter um ciclo completo e afirmou ter aprendido com os erros da última Copa.
"Ter um ciclo completo entre duas Copas do Mundo vai me ajudar. A forma como falo com o Neymar, por exemplo, é diferente da forma como falo com o Dani Alves e aprendi isso. Tem muita gente no Brasil que fala que não precisa estudar futebol, que é um jogo fácil e que se você, como técnico, só não criar problemas vai dar tudo certo. Acho que a experiência ajuda o treinador, mas a energia também e você tem que estar sempre disposto a aprender, ter vontade de buscar novos conhecimentos. Não tenho a mesma energia de alguns dos mais jovens, mas minha comissão técnica mistura experiência e energia e temos alguém que ganhou a Copa do Mundo (o coordenador da CBF, Juninho Paulista)", disse o técnico gaúcho.
"Ganhando ou não, quero ficar em paz. Em paz comigo mesmo. Esse é o meu grande desejo. Há coisas que não posso controlar. Quero fazer o meu melhor trabalho e ficar em paz. Tenho certeza de que posso fazer isso", completou.
Tite usou um momento no empate em 1 a 1 com a Suíça, na primeira fase da Copa da Rússia, para exemplificar sua mudança ao longo dos últimos anos. Na ocasião, o zagueiro Miranda sofreu falta antes do gol de empate dos suíços, mas o treinador orientou seus atletas a não reclamarem.
"Eu sei mais como focar minha atenção agora. Eu era ingênuo e inexperiente. Disse aos meus jogadores para não reclamarem da arbitragem por causa do VAR. Foi uma falta! No esporte, qualquer toque te desequilibra, perturba você, e Miranda disse isso para mim depois do jogo. Se e quando isso acontecer novamente, você precisa reclamar respeitosamente e falar com o árbitro. Fizemos isso contra o Equador. Nós aprendemos", recordou.
Durante a entrevista, Tite evitou falar sobre Felipão e as eleições presidenciais no Brasil. O treinador destacou a importância da experiência de Thiago Silva e Dani Alves para o grupo.
"Mesmo que o mundo estivesse desmoronando, os atletas estariam focados no jogo. E meu foco está no jogo, não nos torcedores ou qualquer outra coisa. É sobre concentração. Thiago e Dani são como animais. E seus instintos são fantásticos. Eles são grandes líderes e dão um grande exemplo ao se comportarem da maneira que agem", finalizou.
O Brasil estreia na Copa do Mundo na próxima quinta-feira, às 16h, contra a Sérvia, no Estádio Lusail. Suíça e Camarões completam o Grupo H.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.