Rio - O semblante dos integrantes da delegação do Flamengo retrata a frustração compartilhada por todos os rubro-negros com a eliminação na fase de grupos da Libertadores. De cabeça cheia e cara inchada, o elenco ainda foi hostilizado por um grupo de aproximadamente 20 torcedores, ao desembarcar, na manhã desta quinta-feira, no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Em meio ao silêncio de jogadores, comissão técnica e do diretor de futebol Rodrigo Caetano, o presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, deu garantia da continuidade do trabalho de Zé Ricardo. Resta saber qual é o prazo de validade.
"Avaliação é normal. Se alguém está esperando caça às bruxas, providências drásticas, pode esquecer. Isso certamente é um boato que estão plantando para nos desestabilizar", disse o dirigente, quando perguntado se procedia a informação de que poderia haver uma troca no comando técnico. "A gente sempre conversa com ele (Zé Ricardo), independentemente do resultado. Estão tentando imaginar alguma coisa de muito grave que possa estar acontecendo, mas não está acontecendo nada. Simplesmente foi uma derrota sofrida, estamos todos muito tristes e temos que entender por que isso aconteceu. Agora, é normal. Quando tem um resultado adverso, não necessariamente se precisa desconsiderar e destruir todo o trabalho que está sendo feito", completou.
Bandeira foi o único a falar com os jornalistas. Em tom de voz baixo, econômico nas palavras e com os olhos vermelhos, tentou tratar a derrota por 2 a 1 para o San Lorenzo, em Buenos Aires, de forma natural, mas sem esconder o sentimento de tristeza. Todos os jogadores se recusaram a dar entrevistas. O capitão Rever, com cara de poucos amigos, alegou ter se pronunciado na véspera. Guerrero ignorou a presença da imprensa.
Matheus Sávio, que falhou nos dois gols, desembarcou escoltado pela segurança do clube, que estava reforçada. Havia ainda policiais militares, guardas municipais e profissionais do aeroporto, a fim de se manter a ordem. Do lado de fora, os torcedores atacaram, verbalmente, cada um que subia no ônibus.
Zé Ricardo recebeu aplausos irônicos. "Parabéns, Zé, por botar o Matheus Sávio! Vai tomar no c...", gritou um dos torcedores. O treinador ainda ficou alguns minutos na parte da frente do ônibus, enquanto fingia que não havia qualquer protesto e apontava para um táxi. A segurança do clube, no entanto, não deixou que o técnico fizesse a troca de veículos.
Em meio ao tumulto, alguns torcedores passaram a gritar que era o momento dos jogadores ouvirem. O recado teria sido dado a Guerrero que, segundo um dos manifestantes, respondeu aos insultos.
Os jogadores que viajaram à Argentina se reapresentam nesta sexta-feira, no Ninho do Urubu. O Flamengo enfrenta, no sábado, o Atlético-GO, pelo Campeonato Brasileiro, no Serra Dourada, e repete o confronto, na quarta-feira, quando precisa vencer ou empatar com gols para avançar às quartas de final da Copa do Brasil.
Torcedor foi detido, pediu desculpas e acabou liberado?
Os primeiros torcedores chegaram ao Aeroporto do Galeão por volta das 5h. O grupo só cresceu minutos antes de o elenco desembarcar. Mesmo em pequeno número, eles deram trabalho. Luiz Fernando de Souza Dias, de 25 anos, aparentemente - ele estava sem documentação - foi detido, mas liberado em seguida.
Segundo o supervisor Bastos, do Grupamento Tático Móvel, o torcedor assediou uma funcionária da segurança do aeroporto. Além disso, o policial afirma que Luiz Fernando estava agitado e incitando os outros torcedores ao tumulto. Ele também teria desrespeitado um agente de trânsito.
Depois de adverti-lo, Bastos algemou o rapaz e o encaminhou à Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio (DAI-RJ). Lá, Luiz pediu desculpas e pôde voltar para casa.